#16 Urgências do Agora | É proibido entrar sem máscara
Arte – Rodrigo Sarmento
Por Everton Lampe
Artista LGBTI+, Educador, Doutorando e Mestre em Teatro (UDESC)
Nos últimos quatro anos[1], realizei mergulhos em um conjunto de práticas que me possibilitaram realizar uma atualização para noções de máscaras em contextos cênicos, que perpassam poéticas artísticas e movimentos sociais contemporâneos[2]. Nesta pesquisa, venho me atentando para materialidades como: camisetas, capuchas, pasamontañas, balaclavas, que, aproximadas ao corpo, criam máscaras pluriversas junto dos contextos em que acontecem, enquanto aparição. Especificamente sobre estas máscaras mapeadas, enfatizo a importância política enquanto máscaras de posição.
As máscaras acontecem no encontro entre o que, de antemão, elas representam ideologicamente no imaginário comum, junto de quem se relaciona com elas. O acontecimento não se trata nem da máscara em si ou da pessoa mascarada, mas das experiências e diretrizes ideológicas entre o sentido da máscara e as ações de quem a utiliza. Assim, é possível criar uma ética comum de “aparição” das máscaras de posição, no sentido de um fantasma, um sem rosto que ronda nosso imaginário social.
Com ênfase: insurgente, anti-hegemônica e de interesse coletivo, chego na noção de “incorporação” como sendo o processo do que acontece entre máscara e corpo, a partir do homônimo “incorporar a revolta” presente em um dos parangolés e provocação constante do artista brasileiro Hélio Oiticica, para a invenção de imagens e experiências estéticas políticas.
Ao analisar a posição de determinadas máscaras do nosso tempo, pude, então, afirmá-las como máscaras de posição a partir de elementos que constituem interesses comuns entre si, como também pelo que suas especificidades nos revelam. Pois as máscaras de posição aprendem enquanto ensinam, mantêm seu direcionamento ideológico a partir do contexto que atuam e se estruturam politicamente a partir da perspectiva da “digna raiva”, como diriam os povos originários rebeldes mascarados, os Zapatistas mexicanos. Nessa perspectiva, a dignidade da raiva se coloca contra regimes de repressão política e moral, através de práticas que incitem a justiça social, pelas escolhas das imagens políticas que publicamos no mundo.
As máscaras de posição acompanham pessoas historicamente racializadas pelo “Branco Colonizador”, sendo elas: pessoas pretas e indígenas, como também abre espaço para que pessoas brancas racializadas e em processo de revisão histórica dos privilégios da branquitude, se aliancem em pautas coletivas e tomada de posição política contínua, contando ainda com a intersecção entre mulheres, homens, trans, cis e pessoas não binárias, e ainda, LGBTTI+, anticapitalistas, ativistas gordes e pessoas empobrecidas. Não sendo aquelas máscaras apropriadas por sujeitos socialmente bem assimilados no capitalismo, para tratarem de temas ou fatos que não se engajem cotidianamente para combater.
Em um primeiro estudo sobre a posição das máscaras e, então máscaras de posição, me atento para as táticas Pink Bloc e Black Bloc, dos movimentos anticapitalistas. Trato de encenações como Mateluna e Escuela de Guillermo Calderón (Chile), Eles não usam tênis nike, da Cia Marginal – (RJ), Treta, da Original Bomber Crew (PI), máscaras em manifestações feministas pela descriminalização do aborto seguro e gratuito em toda América Latina, Este lado para cima, da Brava Companhia (SP), entre outras.
As máscaras de posição possuem perspectiva ideológica a fim de construir autonomia no campo da educação, trabalho e bem viver, antirracismo, feminismo, luta LGBTTI+, luta de classes, direito à cidade, ao campo. Na maioria das vezes, são incorporadas por sujeitos que sofrem tais violências, como ato de revolta; e são incorporadas também, em menor escala, por pessoas aliadas e de engajamento contínuo nas lutas correspondentes aos contextos que aparecem; e não mais que estas.
As máscaras junto dos corpos, enquanto incorporação, corporificam estados de revolta e criam imagens de resistência e tensão para a sociedade. De um modo geral, percebo em todas estas máscaras o trânsito, desde seu sentido socialmente insurgente até a produção de corpos rebeldes.
Está proibido entrar sem máscara!
Então, durante a construção de tal mapeamento e dos problemas sociais já existentes no contexto das máscaras analisadas, surge a pandemia mundial e com a COVID-19[3] a necessidade de tratar, ainda, de uma máscara que se espalha para além dos espaços sociais do teatro e dos movimentos sociais, ultrapassando o seu sentido tático e estratégico a nível das intersecções da cena contemporânea. Assim, elas tomam as ruas enquanto “máscaras contra o coronavírus”, uma questão de saúde pública, cuidado coletivo e, em alguns locais, sendo de uso obrigatório e se espalhando como a mais nova realidade estética.
O uso de máscaras durante a pandemia reflete imediatamente posição e condição política dos cidadãos, tanto daquelas pessoas que se atentam para a responsabilidade e cuidado coletivo, através de novos acordos, modos de circulação e interação social, quanto de negação da realidade pandêmica, através de corpos intencionalmente não mascarados. Ao negarem o uso da máscara, esses corpos buscam se afastar da responsabilidade de reinvenção dos modos de convívio em sociedade, uma vez que, sem as medidas de segurança, nos tornamos mais vulneráveis a contaminação e transmissão do vírus.
É fato que diversos trabalhadores nunca puderam ter a chance de parar de trabalhar e deixar de se expor a riscos durante este período, enquanto outras pessoas tendo maiores condições de reduzir a circulação, ou mesmo realizar uma quarentena, se mantiveram em espaços de consumo, lazer, sem negociar os privilégios individuais com as necessidade da vida coletiva. Já que as máscaras e o conjunto de responsabilidades coletivas para o período supostamente anulam as expressões e desejos individuais e caminham rumo a alguma, ainda que frágil, noção de igualdade ou de condição de similaridade. Negar a máscara é negar também a responsabilidade da vida comum.
Por outro lado, a negação política de qualquer senso de coletividade, pelo ato de não usar máscara, vai abrindo espaço paralelamente para algumas medidas de segurança apenas quando os índices de morte aumentam e são amplamente divulgados ou quando pessoas próximas passam pela experiência de contágio, criando uma via de mão dupla entre o usar, o não usar e ainda o se cansar de usar a máscara. Como se cansa do cabelo, roupa, cor das unhas, barba etc.
A condição geral a que estamos fadados de que o vírus permanece circulando e que precisamos criar estratégias de proteção coletiva diante deste contexto, só está se mostrando possível através de redes de apoios e cuidados múltiplos, já que não vem do governo federal medidas de segurança e bem estar social.
Ao mesmo tempo, a aceitação do uso da máscara em um contexto de pressão estética, capitalismo e consumo, nasce para muitos sujeitos, com a condição de que mesmo de máscara a individualidade seja reiterada. Então, esta necessidade agenciada à necessidade de ver e ser visto, cria imediatamente um eixo de mercado para a comercialização de diversos modelos, cores e estéticas que realcem os gostos e estilos dos sujeitos mascarados no capitalismo.
A máscara, como o mais novo bem privado, ainda reitera a desigualdade social entre quem possui e quem não possui máscaras, já que em toda Abya Yala[4] colonizada e em outros territórios, mesmo que a máscara seja de uso obrigatório, ela não chega para todos os sujeitos. Pessoas precarizadas pelo Estado capitalista, são privadas das máscaras e muitas vezes não vão circular por espaços como hospitais, supermercados e shoppings centers; tampouco serão vistos, lembrados. Ou, então, serão mais facilmente ignorados.
Povos originários, pretos, quilombolas, povos tradicionais, em situação de rua e periféricos, são alvos certeiros do Estado e do coronavírus, uma vez que o contágio acontece pelo modo com que são estruturalmente desassistidos e sofrem violências nas instituições de saúde e acompanhamento social, quando chegam a acessar algum serviço.
Falo da falta de acolhimento social, de políticas públicas de proteção, de testes de COVID-19 que não chegam nas comunidades, de acompanhamento médico e de segurança por parte do poder público. Já que, com ou sem máscaras, esses sujeitos e seus territórios são perseguidos pelos interesses empresariais e aparelhos do Estado, através da polícia e de ações nebulosas da justiça.
Onde é inadmissível que a polícia siga invadindo de modo truculento comunidades, ainda mais em meio a pandemia, resultando em altos índices de morte por assassinato, pois antes, durante e depois do coronavírus, esses corpos que vivem nas periferias, lidam com a violência estrutural do Estado de modo mais intensificado. Onde também a polícia se torna tão ou mais perigosa que COVID-19. Então, para quem o ato de se mascarar representa ou pode ser em si, sinônimo de proteção, segurança e tomada de posição?
As máscaras são tensionadas nas artes e na sociedade a depender das convenções que provoquem ou que busquem desestabilizar ao revelarem insatisfação de um estado atual de como nos vemos, somos vistos e produzimos as realidades que queremos; ou sendo a corporificação do desejo de transformação da realidade que não desejamos mais ser, através de experiências de incorporação da máscara.
No Brasil, o cotidiano mascarado – que antes era lido em vias gerais como parte de um imaginário da vida no oriente, de burcas à poluição de grandes cidades – passa a ser também a condição de circulação para aqueles que transitam por espaços públicos e coletivos do lado de cá, em razão de um vírus que reposicionou os limites e problemas das fronteiras mundiais.
Por aqui, o poder público negligencia constantemente cuidados, modos de controle e caminhos de acolhimento das pessoas infectadas pelo coronavírus. A pandemia se tornou um grande pacto de silenciamento genocida com mais de 100 mil mortes notificadas até o mês de agosto de 2020.
O uso de máscaras e novos comportamentos coletivos, como o distanciamento social, tornam este momento histórico também altamente estético. O poder simbólico das máscaras e dinâmicas em transportes públicos, estabelecimentos comerciais e espaços coletivos, são disputados através de autocuidado e cuidados coletivos, com aqueles que se recusam a repensar as dinâmicas de circulação nas cidades a partir da nova realidade pandêmica.
Fica evidente o poder das mídias sociais para ampla informação sobre o período de pandemia, assim como os problemas advindos, por exemplo, do incentivo a remédios sem prescrição médica confiável e omissão de dados por parte do governo, junto da falta de investimento do poder público em medidas de proteção da população ou ainda das notícias falsas que se espalham com força desde as últimas eleições presidenciais até o presente momento. Através, por exemplo, de lives de figuras públicas[5], sejam elas jogadores de futebol, empresários, artistas, políticos, líderes religiosos, entre outros.
Isto porque, em um país extremamente desigual como o nosso, acesso a materiais de proteção, higiene, produtos industrializados de limpeza, serviços médicos, além do acesso à educação crítica que possibilite percepções mais conscientes do problema em questão, são substituídos pelo distanciamento das pessoas das decisões e do poder de transformação da realidade coletiva.
Em Santa Catarina, cidade que habito, foi possível ver em poucas semanas a reverberação do afrouxamento contra as medidas sugeridas pela Organização Mundial de Saúde OMS, resultando no aumento de contágio em todo o território do Estado. Isso porque, mesmo a máscara sendo uma medida de segurança, isoladamente, ela não consegue criar uma proteção integral para trabalhadores que são submetidos às longas jornadas de trabalho presenciais, ou qualquer pessoa que não execute hábitos regulares de cuidados com alimentos, roupas e outros pertences com contato externo, pelos diferentes motivos que fazem com que tal prática não aconteça.
Mascaradas desde março de 2020, as pessoas geraram estranhamento e foram lidas como ameaças por aqueles que circulavam sem máscaras nos espaços coletivos. Essas novas figuras “anônimas” mascaradas que começaram a surgir pelas ruas e estabelecimentos, dentre outras coisas, arruinavam a ideia de normalidade, de que dali para frente as coisas se manteriam como estavam. Rapidamente começaram os olhares e murmúrios sobre o porquê de os sujeitos estarem mascarades, uma vez que oficialmente o governo não advertiu positivamente e sobre o uso de máscaras.
Passamos coletivamente pelo processo de aceitação, desconfiança, medo e de uma nova realidade, vinda em muitos espaços pela obrigatoriedade do uso de máscaras. Através de uma educação mútua das ruas num país tão desigual em que nem todo mundo sabia, sabe e saberá o que de fato está acontecendo, restou a comunicação informal e a influência da internet, para que em poucos dias a máscara passasse a ser, para muitos brasileiros, sinônimo de proteção e para tantos outros, sinônimo de abandono.
A posição do governo federal contraria as medidas de proteção coletiva, deram força para que um grupo de pessoas interessadas prioritariamente na reabertura de suas empresas, seguissem frequentando espaços de consumo e se colocassem também contrárias ao uso de máscaras, resultando em manifestações pedindo a volta dos serviços e aberturas dos comércios em meio à pandemia.
Em meio a estas contradições entre o uso e não uso das máscaras e de outras medidas de proteção, o mascaramento se torna um símbolo de aliança coletiva frágil, pois aponta imediatamente para um retorno da “normalidade” por parte de quem se mantém contrário ao seu uso, logo, com a falta de comprometimento e responsabilidade com a vida coletiva.
Se considero atualmente o uso das máscaras no contexto de “coronavírus” como máscara de posição, talvez seja aquela que está no corpo de trabalhadores, em diversas partes do mundo, não pelo trabalho que realizam em plena pandemia, mas pelo que suas presenças expostas ao vírus revelam enquanto falta de escolha sobre poderem estar em casa ou terem que assumir, em meio ao caos, seus postos e locais de trabalho. Assim, são corpos mascarados que denunciam a desigualdade das condições de emprego e de cuidado, pois possuem vínculos frágeis de serviços remunerados e muitas vezes são responsáveis pela manutenção econômica de pessoas para além de si.
Busco salientar que o uso de máscara não faz com que automaticamente quem a incorpore assuma a tomada de posição insurgente ou revolucionária sobre algum processo ou tema coletivo. O que é possível afirmar é que ela faz com que muitas pessoas passem a olhar para si também como responsáveis sobre como sucederá o processo de sociabilidade daqui para a frente, nas decisões e modos com que organizam suas ações no mundo e em que medida o desconforto do uso da máscara traz consigo um conjunto muito maior de questões implicadas nesta condição atual.
Proibido entrar sem máscara, por favor não insista!
A hashtag #fiqueemcasa vai sendo aos poucos substituída por saudades do mar, de familiares, amigos, dos espaços de diversão e convívio. Com isso, níveis de exaustão e privilégio autorizam e reforçam o retorno para as atividades de sociabilização de modo indiscriminado.
Além do fato já citado de diversos cidadãos não terem acesso à quarentena, e tampouco poderem escolher sobre ter que se expor aos ambientes de trabalho, o que resultou em muitos, no desejo e senso de justiça que os autorizam a se colocarem também nos espaços de diversão como contraponto à realidade de exploração. A desigualdade social ultrapassa a máscara e se mostra como condição inegociável.
De fato, refletir sobre determinados aspectos de mudança nas relações, de modo individual e coletivo é em diferentes movimentos sociais, um dos principais modos de levantar acordos para o convívio além do que está estabelecido nos regimes de Estado, onde a colaboração e a autonomia avançam para outras sociabilidades possíveis.
Agir durante este período de pandemia, vem sendo a condição de diferentes movimentos sociais que não conseguiram parar suas atividades, muito pelas incertezas sobre o futuro, ainda mais diante do descaso do Estado. As lutas sociais se mantêm em meio ao coronavírus, pela sobrevivência, seja ela relativa à fome, saúde mental, sustento, luta por território, contra a violência policial entre outras.
Realizar atos públicos com segurança, também está sendo um desafio para mascarades. Nesse sentido, para quem não vai às ruas, é importante considerar que ações individuais, ainda que sejam insuficientes neste período de isolamento, não se tornam menos fundamentais do que as responsabilidades e ações coletivas.
As máscaras de posição, do coronavírus e de legitima defesa, possuem marcadores raciais, de classe, gênero e sexualidade e além de outros interesses específicos, produzem identidades, ao mesmo tempo que servem para afirmar a individualidade. São ainda criminalizadas e autorizadas pelo Estado, a depender de quem realiza as ações.
Notas de Rodapé
[1] Tempo em que venho trabalhando sobre a pesquisa de doutorado intitulada “Outra máscara é possível” no PPGT – UDESC, sob orientação da Draº Fátima Costa de Lima.
[2] Dentre as iniciativas estudadas na perspectiva das máscaras de posição, estão as táticas Pink Bloc e Black Bloc enquanto realidade estética. Busquei através de um artigo junto da pesquisadora Fátima Costa de Lima na Revista Urdimento de estudos teatrais, enfatizar o caráter de posição de tais máscaras no contexto de atos estéticos. Disponível AQUI
[3] Sobre covid-19: “O vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) havia provocado um surto na Ásia entre 2002 e 2003, infectando 8 mil pessoas e matando quase 800. Os coronavírus são uma família grande de vírus. Centenas deles circulam entre animais como veados, camelos, morcegos e gatos.O Sars-CoV-2, que provoca a covid-19, é apenas o sétimo coronavírus que – cientistas acreditam – passou de um animal para os humanos. (PRESS, C; JUNG, B., 2020, s/p) “. Disponível AQUI
[4] Geograficamente o território de Abya Yala vem sendo a tomada de posição epistemológica e territorial de reagrupamento após fragmentação colonial dos povos originários diante das destruições globais ocasionadas pelo desenvolvimento capitalista em todo o mundo. E tratando mais especificamente neste continente: “ABYA YALA, na língua do povo Kuna, significa Terra madura, Terra Viva ou Terra em florescimento e é sinônimo de América. (…) Abya Yala configura-se, portanto, como parte de um processo de construção político-identitário relevante de descolonização do pensamento e que tem caracterizado o novo ciclo do movimento dos povos originários. A compreensão da riqueza dos povos que aqui vivem há milhares de anos e do papel que tiveram e têm na constituição do sistema-mundo tem alimentado a construção desse processo político-identitário. (…) A escolha do nome Abya Yala, dos kuna, recupera a luta por afirmação dos seus territórios de que os Kuna foram pioneiros com sua revolução de 1925, consagrada em 1930 no direito de autonomia da Comarca de Kuna Yala com seus 320 mil e 600 hectares de terras mais as águas vizinhas do arquipélago de San Blas. (PORTO-GONÇALVES, 2009, s/p). Disponível AQUI
[5] Sobre este aspecto, as máscaras já apareciam em minhas pesquisas em 2017 no experimento “Brasil em Jogo” que realizei junto de companheiras do Coletivo Mapas e hipertextos. Onde realizamos experiências entre: vida política, máscaras e futebol. Disponível AQUI