#17 Corpas Possíveis, Corpos Sensíveis | Quem cabe no seu todo?
Ouça essa notícia
|
Por Amanda Pegado
Graduada em Letras (UFPE) e Atriz (Teatro Miçanga)
Eu lembro da história por trás da escolha do meu nome. Entre as três opções que agradavam aos meus pais, “Amanda” era aquela que meu irmão conseguia pronunciar. Meu irmão é uma pessoa surda que foi oralizada e não se comunica por Libras, algo que hoje percebo se erguer como uma muralha entre a relação dele com o mundo. Quando comecei a fazer teatro em 2010, entreguei o texto Os Sacos Vermelhos, de Luiz Felipe Botelho, para ele poder acompanhar a encenação do meu primeiro trabalho de conclusão no curso de iniciação ao teatro. 11 anos se passaram desde então. Em janeiro de 2021, nós, o Teatro Miçanga (composto por mim, André Alencar, Fernando Rybka e Geraldo Monteiro), estreamos virtualmente Tão de Perto e lá estava eu, novamente, entregando o roteiro para o meu irmão.
Eu nunca tinha tido a oportunidade de me debruçar verdadeiramente sobre outras opções de fruição que ele poderia ter até 2019, ano em que o Teatro Miçanga realizou, com apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), a pesquisa O espaço do espectador: pensando uma dramaturgia do espectador através de cartografias espaciais. Nosso objetivo era investigar o que nomeamos de dramaturgia do espectador, pensando o espectador como o centro da ação, inserindo-o na obra – não como condutor da mesma, mas numa experiência de imersão poética. Para tanto, procuramos nos afastar do palco cênico, utilizando-nos do espaço público, da rua, como local onde a ação cênica se desenrola.
Não tínhamos experiência com atuação na rua, mas desde Deslenhar (nosso espetáculo de estreia) sentíamos necessidade de explorar espaços de maneira menos óbvia, logo a escolha da rua foi um caminho natural. Diante dessa nova perspectiva, surgiu também a inquietação em entender de que forma, diante da riqueza de acontecimentos que a própria rua contém, poderíamos fazer um espetáculo acessível sem que existisse na cena uma divisão entre obra e recursos de acessibilidade. Nós queríamos potencializar a experiência de estar imerso na obra para todos da plateia.
Embora seja inegável que a condição de pessoas com deficiência na sociedade tenha melhorado, é também evidente o quanto ainda deixamos a desejar no que concerne às práticas para inclusão de todas e todos de forma integral em qualquer atividade social. Me formei atriz e professora e posso contar nos dedos das mãos os momentos em que as instituições pelas quais passei se dedicaram a criar espaços de reflexão sobre acessibilidade.
Aqui, em Pernambuco, o primeiro espetáculo de teatro audiodescrito foi O menino que contava estrelas, com direção de Isabel Concessa e texto de Eron Villar, em 2008. Em 2010, através do Festival Palco Giratório (SESC Pernambuco), o estado tornou-se expoente ao oferecer o primeiro festival de abrangência nacional com audiodescrição. No ano seguinte, este mesmo festival também contou com algumas apresentações traduzidas em Libras (NÓBREGA, 2016, p.94). Recursos como audiodescrição, tradução em libras e legendagem são consideravelmente recentes, sobretudo quando temos em vista os séculos em que pessoas com deficiência foram banidas da convivência em sociedade, invisibilizadas.
Aliás, “foram”? As pessoas surdas conseguem hoje ir ao médico e serem atendidas em Libras? As pessoas cegas podem ir a uma biblioteca e fruir os livros na estante? As pessoas com dificuldade de locomoção se sentem seguras andando nas calçadas? Será que a deficiência está mesmo no outro? Nesse percurso de tentar lidar com as questões que atravessavam essa nova pesquisa, recebemos um presente-provocação de Andreza Nóbrega, durante uma vivência conduzida por ela através da VouSer Acessibilidade, que nos fez pensar sobre as nossas deficiências enquanto coletivo. Voltando para as anotações que fizemos naquele momento, encontrei nos cadernos de nós três (no meu, no de André e de Fernando) a frase A sociedade é deficiente. Junto com essa percepção, Andreza suscitou perguntas inquietantes: para quem você faz arte? quem cabe no seu todo? Convido você a parar a leitura por um momento e responder isso honestamente.
Segundo Lima e Silva (2008, p. 4), pessoas com deficiência “enfrentam impedimentos muito mais difíceis de lidar do que a própria deficiência sensorial, física ou intelectual”, por exemplo, a dificuldade em obter informações e de transitar pelo espaço público. Os autores também apontam que todos nós carregamos barreiras atitudinais direcionadas a essa parcela da população e muitas vezes sequer temos consciência disso. Estas barreiras não se manifestam apenas por meio de rejeição, mas como medo de fazer algo errado em relação à pessoa com deficiência, ou não acreditar que ela é capaz de acompanhar o que está sendo feito ou mesmo tomá-la como um símbolo de coragem que deve ser enaltecido, usada como inspiration porn, como diz a ativista dos direitos de pessoas com deficiência Stella Young na sua indispensável e bem-humorada palestra chamada Eu não sou sua inspiração, muito obrigada (2014). Penso que voltar o olhar para a nossa própria [não] relação com pessoas com algum tipo de deficiência é basilar para que passemos a investir no nosso labor como artistas de maneira inclusiva.
Barreiras atitudinais nos impedem de perceber corpos de pessoas com deficiência como corpos sensíveis, corpos com potencial artístico e que podem estar em qualquer lugar, inclusive na cena.
Na vivência, Andreza cutucou nossa sensibilidade. Através de alguns exercícios que visavam ampliar nossa percepção, não para que nós nos sentíssemos como pessoas com deficiências, mas para que pudéssemos reconhecer o leque de possibilidades que existe para fazermos do nosso teatro uma arte que abranja cada vez mais pessoas. Um exemplo disso foi a investigação que fizemos na Avenida Conde da Boa Vista de olhos vendados. Tentamos nos locomover, através de pisos táteis, paredes, sons. Andreza relatou depois que muitos transeuntes paravam para observar e/ou oferecer ajuda. Já para nós foi rico perceber como ser colocado numa experiência extra-cotidiana com a rua nos levou a percepções psicofísicas férteis para criação corporal e dramatúrgica. O exercício revelou outra faceta da poeticidade da rua que ainda não tínhamos alcançado, o que estava à nossa volta transformou-se em outras vibrações e possibilidades.
Outro momento transformador, em particular, foi quando Andreza nos forneceu fita crepe e barbante para criarmos um piso tátil improvisado na sala de ensaio. Tínhamos que analisar cada lugar do cômodo e, através do chão, comunicar as possibilidades de locomoção que aquele espaço físico possuía, criando um ambiente que promove a independência de mais e mais pessoas. Lembro que demoramos além do tempo que Andreza havia previsto, pois nunca tendo parado para perceber como um local que nos permitia tanta liberdade podia ser excludente, nos deparamos com muitos empecilhos. Este exercício me deu noção da complexidade de fatores que estão imbricados em tornar algo acessível, mas também como gente disposta pode reverter isso. Por mais complicado que fazer essas mudanças pareça ser, é absurdo que pessoas com deficiência não contem com recursos básicos para serem mais independentes, inclusive no teatro. Como tornar isso possível? Como criar um espetáculo que seja um desenho universal?
O conceito de desenho universal, que é oriundo da arquitetura, remete aos produtos e ambientes que possam ser usufruídos por todas as pessoas independentemente de qualquer característica pessoal, idade, ou habilidades (CARLETTO & CAMBIAGHI, 2007, p.10). O decreto nº 5.296 diz que “a concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos devem atender aos princípios do desenho universal” (BRASIL, 2004). Voltando especificamente ao teatro, perguntamo-nos como seria um espetáculo visando materializar esse conceito. Como inserir, por exemplo, o intérprete de Libras dentro da cena ao invés de posicioná-lo no canto do palco? Seria possível uma audiodescrição colocada na própria dramaturgia e verbalizada pelas atrizes e atores? Tem experiências que dizem que sim.
O espetáculo É Proibido Miar, realizado pela M.A.cia, dirigido por Denis Gosch, é um exemplo de como a acessibilidade pode ser inserida não apenas como recurso, mas como experiência estética. Em cena, as atrizes e ator do espetáculo falam Libras e Português. Cenário, figurino e as diversas dinâmicas da cena são descritas no palco, de uma maneira a ativar estratégias comunicacionais para todos os públicos. Este é um modelo de construção ao qual não estamos habituados, mas que poderia ser mais comum. Sabemos, no entanto, que para um espetáculo acontecer dessa maneira é exigida uma formação que não nos foi dada ao longo da vida.
Incorporar acessibilidade em nosso processo formativo precisa se tornar cada vez mais comum. Acredito que a instrumentalização dos artistas nessa área deveria ser incentivada pelos próprios órgãos de políticas culturais, visto que é dever do Estado (Lei nº 13.146) assegurar e promover o direito das pessoas com deficiência. Isso não nos exime, porém, de andar na contramão de um equivocado senso de normalidade, visibilizando corpos de pessoas com deficiência e entendendo-os como parte do nosso “todo”. Alguns pontos precisam ser destacados no que concerne acessibilidade ao teatro: temos que reconhecer que, com a falta de incentivo financeiro, são poucos os artistas que conseguem viabilizar recursos que tornem suas obras mais acessíveis.
Quando entramos no quesito acessibilidade num edital como o Funcultura, por exemplo, é obrigatório que a proponente apresente um plano de acessibilidade, além disso o projeto soma mais pontos quando recursos de acessibilidade estão atrelados, o que é um avanço. Porém, é sempre árduo encaixar tudo o que uma obra de arte envolve e acessibilidade dentro do mesmo orçamento. Também evidencia-se a separação entre essas duas instâncias, como se não fosse problemático um espetáculo ser exibido sem recursos comunicacionais para todos. Não é dever do Estado custear isso? Existe a necessidade de que a máquina pública atue efetivamente na execução da lei, mas também é imprescindível que artistas equilibrem esse fato se comprometendo com a inclusão de todos e passem a ver acessibilidade como mais uma possibilidade de experiência estética que podemos explorar, usar e reinventar.
As pessoas que vivem na pele determinadas situações é que devem ser as protagonistas em suas lutas, então para nós do Miçanga não fazia sentido investigar maneiras de colocar acessibilidade num espetáculo de rua sem trocar com um artista com deficiência. Em novembro de 2019, subimos o Morro da Conceição para nos encontrarmos com John Lopes em sua casa e ir para nosso primeiro dia de vivência com ele dentro da pesquisa. John é graduando em Dança pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ele tem um significativo comprometimento na motricidade da fala, tornando difícil a compreensão de sua vocalidade, e também em sua locomoção.
Naquele dia, ele precisou de uma carona porque sua cadeira de rodas motorizada estava quebrada e era necessário que alguém conduzisse a manual. Fomos ao Centro de Capoeira São Salomão, no bairro da Várzea, e lembro que passamos um bom tempo conversando. John contou um pouco sobre sua infância, sua entrada no mundo da dança e sua bonita relação com a mãe. Nessa conversa, parece ter ficado evidente que seus maiores impedimentos realmente não advêm de suas deficiências. De início, ele fez questão de avisar que poderíamos perguntá-lo o que havia falado, caso não entendêssemos algo. A disposição de John conosco e a nossa com ele fez com que chegássemos numa dinâmica de diálogo. Quando não entendíamos algo, John repetia. Quando um de nós três compreendia o que ele queria dizer, caso todos não entendessem, a pessoa repassava para os outros presentes e assim prosseguíamos a conversa.
Combinamos com ele de mostrar parte das experimentações que estávamos desenvolvendo nos arredores da Matriz Imperial da Várzea. Camila Mendes, nossa produtora, nos acompanhou nesse momento. Ela foi plateia com John, enquanto conduzia a cadeira dele. As cenas transcorriam em espaços diferentes da rua e a plateia caminhava junto conosco. Existiam momentos de pausa, mas no geral era uma construção muito dinâmica e movimentada que ocorria num período curto de tempo (entre 10 a 15 minutos).
Quando não é hora de missa, os arredores da Matriz são calmos e com pouco movimento. Para dar uma ideia melhor do percurso, no primeiro momento, Fernando os recebia na esquina entre a Rua Azeredo Coutinho com a Francisco Lacerda, nas costas de um mercadinho de bairro. Dali, todos desciam em direção à Matriz, pelo meio da rua mesmo. Depois, André chegava e conduzia a plateia para frente dos portões fechados da igreja e encenava uma parte do texto. Quando encerrava, André convidava os espectadores até a esquina da rua onde finalizávamos com uma cena minha. Em nenhum momento passou pela minha cabeça que “paralelepípedo” fosse se tornar uma das palavras que fazem parte da minha memória daquele dia. As ruas em que havíamos criado as cenas eram todas feitas com eles. Isso rendeu relatos de desconforto tanto da parte de John, como de Camila. Ambos sentiram dificuldade de se locomover: ele afirmou ter sido doloroso estar na cadeira de rodas durante o percurso; ela nos compartilhou sua dificuldade em conduzi-lo na experiência. John também nos disse ter sido difícil de compreender aquilo que estava sendo dito por nós, uma vez que falávamos e nos deslocávamos ao mesmo tempo.
Em outro dia, fomos com John até o bairro da Boa Vista, onde também estávamos experimentando cenas. A Boa Vista vai na contramão da Várzea – com seus muitos carros, muita gente, muitos sons, muito tudo -, e com ajuda de John encontramos outros problemas nos percursos que fizemos: carros estacionando na frente de rampas de acesso, mesas de bar ocupando espaço de passagem, lixo jogado na calçada. Somado a tudo isso, os olhares e comentários de transeuntes desconectados do fato de que a rua pertence a todos, surpresos que uma pessoa com deficiência estivesse ali. Nada estava sendo feito para chamar atenção. Nós estávamos apenas vendo com John o que naquelas ruas poderia comprometer a fruição do espetáculo para uma pessoa com deficiência motora.
Voltando brevemente a um dos exercícios propostos por Andreza, nós andamos pelo bairro e mapeamos a acessibilidade em trechos da Boa Vista de maneira objetiva (o que poderia ser um impedimento? quais recursos tornavam a rua um pouco mais acessível?), então não foi inesperado encontrar tantos obstáculos no passeio com John. No entanto, foi muito mais angustiante estar diante daqueles empecilhos e ver como eles realmente impactam a vida de uma pessoa com deficiência. Do ponto de vista do que já havia sido construído cenicamente, levamos um balde de água fria: foi uma sensação muito ruim perceber que o espaço que escolhemos para investigar – a rua -, supostamente democrática, se mostrava hostil ao ponto de comprometer a locomoção da nossa plateia junto conosco, praticamente inviabilizando os trajetos que tínhamos pensado.
Problemas à parte, em todo o tempo com John, nós quatro fomos artistas em processo de investigação. Em um encontro, eu conduzi uma experiência em que ele, André e Fernando precisavam explorar, de olhos fechados, alguns objetos dispostos na sala de ensaio e depois relacionar os objetos com o corpo do outro. A última etapa da atividade era que eles deixassem os corpos se relacionarem pele-à-pele, em uma dinâmica improvisada com música. Após o exercício, Fernando e André relataram como as coisas fluíram. Eles mencionaram que naquele momento acabaram estabelecendo naturalmente uma experimentação mais voltada para o plano baixo e médio (fora da cadeira, John anda ajoelhado), de como se sentiram entregues na dança. Perceberam como os corpos, sendo sempre diferentes uns dos outros, aprenderam naquela dinâmica a se relacionar e compor imagens juntos.
Em outro dia, John conduziu o encontro. No exercício, ele nos estimulava a mover nosso corpo evocando animais, provocando através de instruções nossa maneira de mover. Essa dinâmica se mostrou um pouco complicada, pois precisávamos às vezes pausar o exercício e pedir para ele repetir. No entanto, no processo tudo foi ganhando fluidez e alcançamos estados corporais interessantes. John relatou que sentiu medo porque foi a primeira vez que ele conduzia um exercício daquela maneira; sua prática era mais levada para uma dança que ele descreveu como “mais dançada”. Lembro como esse momento gerou frutos meses depois quando John conduziu uma parte da oficina que oferecemos como resultado da nossa pesquisa.
Naquele dia, ele procurou falar mais com o resto do corpo do que com a voz e o resultado foi maravilhoso. Ele também nos disse que poder contar conosco como intérpretes quando alguém não entendia algo o deixou mais confortável, o que me faz pensar no papel de pessoas que não têm deficiência nisso tudo. Na graduação em Dança, John me contou que ele era auxiliado por um bolsista dentro da universidade. Uma iniciativa como esta certamente tornou as vias de acesso de John mais equiparadas em relação ao restante dos seus colegas de classe. Quantos dançarinos e dançarinas incríveis não deixaram de se formar porque instituições não estavam prontas para recebê-los? Ter conhecido e trocado com John nos fez compreender que as possibilidades não cessam quando nos relacionamos com o corpo dele, elas só se adaptam. As dinâmicas de funcionamento se estabelecem com a convivência, como sempre é. A sensibilidade e a disponibilidade para fazer acontecer permite que enxerguemos além dos muros que nos cercam.
Ao longo da pesquisa foi ficando mais claro para nós que muita gente está de fora do nosso “todo” e que incorporar acessibilidade no nosso fazer artístico é algo que precisamos naturalizar. Eu consigo perceber como isso tem afetado o grupo (por exemplo, no ato de nos policiarmos para usarmos a #pracegover nos posts do Instagram ou na condução de exercícios onde unimos fazer e descrever), mas existe ainda um longo caminho pela frente. A pandemia do Covid-19 infelizmente freou nossa investigação no espaço público, por consequência também a possibilidade de investigar com o corpo a acessibilidade na rua. No entanto, um novo cenário de teatro também se desenhou no meio deste turbilhão. Conseguimos fazer uma sessão na temporada de Tão de Perto com audiodescrição. O alcance foi baixíssimo, o que também revela nossa dificuldade em chegar nesse público. Tínhamos duas pessoas utilizando o recurso. Uma delas não conseguiu ficar até o final por questões que concernem os dispositivos utilizados, mas a outra acompanhou o espetáculo do começo ao fim e nos deu um retorno emocionado que nos deixou muito felizes e renovou a certeza de que ninguém deveria estar fora do todo. Precisamos trabalhar para isso.
Particularmente, todas essas vivências e reflexões vêm brotando dentro de mim árvores cujas formas ainda são um mistério. As folhas dessas plantas são as que tornaram perguntar “Como essa obra poderia ser mais acessível?” algo comum na minha fruição de arte. Já as flores lutam para nascer dentro da minha ignorância, das minhas barreiras; e eu acredito que só vão conseguir deixar de ser botões se eu persistir em encontrar caminhos para acessibilizar cada vez mais o meu fazer artístico. Finalizo este texto com a mesma intenção de quando entrego roteiros de peça para o meu irmão: desejando que ele seja semente de árvores majestosas cujas raízes sejam fortes a ponto de derrubar toda e qualquer muralha que nos impede de nos relacionarmos com o outro. Que frutos podem surgir daí?
Referências
NÓBREGA, Andreza. Caminhos para inclusão: uma reflexão sobre áudio-descrição no teatro infanto-juvenil. Jaboatão dos Guararapes, PE: SESC, 2016.
LIMA, Francisco José de ; SILVA, Fabiana Tavares dos Santos. Barreiras atitudinais: obstáculos à pessoa com deficiência na escola. Itinerários da inclusão escolar: múltiplos olhares, saberes e práticas, p. 23-31, 2008. Disponível AQUI. Acesso em: 16 de fevereiro de 2021.
YOUNG, Stella. I’m not your inspiration, thank you very much. Palestra proferida no TED Taks, Sidney (Australia), abril, 2014. Disponível AQUI. Acesso em: 25 fevereiro. 2020.
BRASIL, 2004. Decreto n. 5.296, de 2 de dez. de 2004. Disponível AQUI. Acesso em: 24 Abril 2017.
______. 2015. Lei n. 13.146, de 6 de jul. de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível AQUI. Acesso em: 20 fev. 2021.
CARLETTO, A. C.; CAMBIAGHI, S. Desenho Universal: um conceito para todos. Instituto Mara Gabrilli. São Paulo, 2007.