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Home›.Tudo›A Receita de um grupo e de uma atriz

A Receita de um grupo e de uma atriz

By 4 Parede
12 de abril de 2015
1730
2
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Por Bruno Siqueira

A 3ª edição do TREMA! trouxe em sua programação o espetáculo A Receita (confira o teaser AQUI), apresentado nesta sexta-feira (10) no Espaço O Poste para uma plateia numerosa – mais de 100 espectadores para o pequeno e aconchegante espaço do grupo O Poste: Soluçōes Luminosas. Neste trabalho, já apresentado no ano de 2014, Samuel Santos assina a direção, a dramaturgia, a encenação e o figurino. Naná Sodré é a atriz que realiza o solo. É sobre esse recorte que gostaria de tecer algumas breves considerações.

Segundo relato do próprio grupo, A Receita teve como embrião uma cena de 5 minutos, resultado do trabalho que Naná Sodré construiu junto a Eugenio Barba e Julia Varley, no VI Masters-in-Residence, ocorrido em Brasília no ano de 2013. A partir dessa experiência, Samuel Santos e Naná deram continuidade à pesquisa do ator, em Recife, com o apoio do edital de ocupação do Teatro Joaquim Cardozo/UFPE, no período de maio a julho de 2014.

Dialogando com Michael Chekhov, Vsevolod Meyerhold e Eugenio Barba, com foco no teatro físico, Samuel Santos propõe uma encenação minimalista. No espaço cênico, a atriz Naná Sodré, valendo-se de poucos elementos, constrói sua dramaturgia atorial, para mostrar sua persona: uma mulher, casada e mãe, que passa a maior parte de seu tempo na cozinha, sublimando, com a arte culinária, sua condição de mulher oprimida. A persona que a atriz mostra não é só uma. Reflete a vida das várias mulheres que ainda vivem sob o jugo do esposo, homem, macho, cabendo a elas fazerem o que a cultura falocêntrica lhes permite fazer: cuidar do lar, dos filhos, e cozinhar para a família, engolindo não os produtos de sua arte (culinária), mas todas as humilhações que o poder masculino lhes impõe.

Também se trata de uma mulher negra. A encenação dá continuidade às pesquisas que O Poste vem realizando sobre as raízes africanas pertencentes aos nossos processos culturais. Cantos e orações de raízes africanas se misturam, num sincretismo particular, às orações advindas da cultura cristã. O resultado é uma partitura sonora impactante.

Mas essa partitura sonora se perderia na cena se não houvesse uma atriz com o vigor de Naná Sodré. Depois de Cordel do Amor sem Fim e de Ombela, Naná prova, em A receita, que está no auge de sua carreira como atriz. Uma atriz madura, consciente de seus recursos psicofísicos, que constrói uma dramaturgia expressiva com seu próprio corpo. A atriz trabalha sua bios cena, desconstruindo suas técnicas cotidianas e contrapondo a elas as técnicas extracotidianas, na contramão dos condicionamentos habituais do uso do corpo. De acordo com Eugenio Barba, “as técnicas cotidianas do corpo tendem à comunicação; as do virtuosismo a provocar assombro. As técnicas extracotidianas tendem à informação: literalmente põem-em-forma o corpo, tornando-o artístico, artificial, porém crível”.

E o melhor de tudo: a técnica não se sobrepõe à magia da cena. Pelo contrário, faz valer sua própria condição: modo exato de perfazer uma tarefa. Ao final do espetáculo, não ficamos com a sensação de que se trata de um mero exercício para demonstrar uma técnica, como alguns espetáculos daqui de Recife (e de outros horizontes) nos fazem ver. Assistimos, n’ A Receita, a uma arte como produção, como trabalho. Nas palavras de Bosi, um “movimento que arranca o ser do não ser, a forma do amorfo, o ato da potência, o cosmos do caos”. Dos ensinamentos de Barba, de Chekhov e de Meyerhold, a atriz e seu encenador/diretor trans-formam a matéria oferecida pela cultura e recriam uma dramaturgia muito particular, que nos faz viver e sentir não só uma gratificante experiência estética, como também nos permite refletir mais ainda sobre a condição da mulher em nossa sociedade. Da mulher e, em particular, da mulher negra. Bons ventos ao trabalho d’ O Poste: Soluções Luminosas. Bons ventos a Naná Sodré. Que mais composições dessa qualidade nos sejam oferecidas ao deleite e ao encantamento.

REFERÊNCIAS

BARBA, Eugenio. A canoa de papel – tratado de antropologia teatral. 2a. ed. Trad. Patrícia Alves. Brasília: Teatro Caleidoscópico, 2009.

BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. 2a. ed. São Paulo: Ática, 1986.

Saiba mais sobre Samuel Santos e O Poste na entrevista realizada pelo 4a Parede AQUI.

TagsBruno SiqueCríticaEspaço O PosteNaná SodréSamuel Santos
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