Crítica – FETEAG e Luz Negra | Africanidades em nosso horizonte estético e cultural
Imagem – Janosch Abel/Divulgação
Por Bruno Siqueira
Doutor em Letras (UFPE) e Professor da Licenciatura em Teatro (UFPE)
Nunca em Recife houve tanta produção nas artes cênicas, como neste último ano, voltadas para um debate sobre a presença e participação do negro na cena contemporânea. Neste momento, estão ocorrendo, simultaneamente, dois significativos eventos: o FETEAG 2017, capitaneado por Fábio Pascoal e Marianne Consentino, cujo tema é Africanidade; e Luz Negra – O Negro em Estado de Representação, organizado pelo grupo O Poste Soluções Luminosas, que foi contemplado pelo 4o Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras.
As expressões da cultura negra estão saindo das periferias e ganhando espaço no centro da cidade e no centro das atrações culturais urbanas. A cultura branca e europeia, hegemônica, está, pouco a pouco, dividindo espaço com as culturas periféricas. Axé!
Na UFPE, por exemplo, onde o currículo dos cursos de Teatro e de Dança, respectivamente, é eurocentrado, cumprindo bem a condição colonialista das nossas universidades, o cenário já começa a sofrer algumas pequenas e sutis mudanças. Pessoas como Marcílio Moraes e Maria Bianca, ex-alunos do curso de Teatro, um preto e uma preta, meus orientandxs, me estimularam a abrir uma linha de pesquisa sobre teatro e relações étnico-raciais, a fim de dar espaço a alunos e alunas afrodescendentes para pesquisarem temas com os quais tivessem uma identificação pelo viés da negritude. Com esse grupo de pesquisa, me associei ao IEAF/UFPE, Instituto de Estudos da África da UFPE, o qual realizou, neste segundo semestre, o I Encontro de Pesquisadores e Pesquisadoras do IEAF, evento em que apresentei resultados de minha pesquisa ainda embrionária.
Em outubro do ano passado, o professor Rodrigo Dourado, do curso de Teatro, estreou seu espetáculo Luzir é negro! (leia as críticas AQUI e AQUI), dirigindo o ator negro Marconi Bispo. A professora Gabriela Santana, do curso de Dança, vem há alguns anos realizando uma pesquisa sobre capoeira e trazendo para dentro da universidade mestres e mestras de capoeira, pretos e pretas. A professora Francini Barros, do curso de Dança, no segundo semestre do ano passado, realizou um projeto de extensão que intitulou de Diáspora Africana na Dança, com a presença da comunidade Daruê Malungo, de pretos e pretas. A professora Renata Wilner, das Artes Visuais, organizou um grupo de estudo chamado “Descolonização do Olhar”, do qual faço parte junto com a professora Gabriela Santana e estudantes de Artes Visuais, Teatro e Dança. A professora Marianne Consentino, de Teatro, registrou como extensão universitária o evento FETEAG 2017, cujo tema foi Africanidade. Como se vê, as pretas e os pretos estão chegando e fazendo diferença nos nossos cursos de artes cênicas – Dança e Teatro – e de artes visuais. O que é preciso, agora, é convencer nosso quadro docente (que não é unânime quanto ao tema) a realizar uma reforma curricular que descentralize os saberes da Europa e contemple outros saberes que constituem as epistemologias do sul e descolonialistas.
FETEAG 2017
Não posso fazer um balanço completo do Festival de Teatro do Agreste deste ano porque só pude usufruir parte das atrações que foram oferecidas em Recife. Meu ritmo de trabalho na universidade não me permitiu me deslocar a Caruaru para vivenciar todo o festival. Mas vale registrar o que vi, que foi de extrema riqueza cultural, artística e epistemológica. A isso devo meus parabéns a Fabio Pascoal e a Marianne Consentino, não somente pela escolha do tema, mas também pela curadoria e pela organização do evento.
No dia 17.10, o FETEAG levou à UFPE, pelo nosso departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística, dois artistas africanos, o bailarino Faustin Linyekula, da República Democrática do Congo, e o griot François Moïse Bamba, de Burkina Fasso, para palestrarem sobre seus processos criativos. Poucas pessoas em nosso meio conheciam a função de um griot, que, no continente africano, assume o papel de guardião da tradição oral, das lendas e dos mitos africanos. No debate, ao final, surgiram perguntas referentes ao impacto da colonização nos respectivos países e na arte de cada um dos artistas que ali se encontravam presentes. Ambos reconheceram que a colonização foi um fato violento e sangrento, mas que eles próprios preferiam não reproduzir um discurso de ressentimento, estando abertos às contribuições que a Europa proporcionou e continua proporcionando. Percebi no discurso de Faustin um olhar mais crítico com relação ao passado colonial, quando afirmou que, em sua dança, buscava referências que ajudassem a compreender sua própria identidade congolesa inserida no mundo global. No discurso de François, flagrei fortes traços de um povo colonizado. Primeiramente, a compreensão equivocada de que no Brasil há uma democracia racial; em segundo lugar, quando reconheceu que o francês, instituído como idioma oficial pelo colonizador belga, ajudou a reunir as diversas línguas faladas por diversas etnias que pertencem ao país. Inegavelmente, conhecê-los foi muito gratificante.
Na quarta-feira (18.10), houve a abertura oficial do festival, no Teatro Hermilo Borba Filho, com o impactante Black Off, da Companhia Manaka Empowerment Productions, fundada em 2014 pela atriz e criadora Ntando Cele (África do Sul), pelo compositor e músico Simon Ho e pelo escritor, músico e consultor de dramaturgia Raphael Urweider. A peça faz uma ironia ácida e corrosiva ao racismo e às representações que o Ocidente faz dos negros africanos. O espetáculo é dividido em dois atos, com intervalo do 20 min entre um e outro, e três núcleos temáticos. No primeiro, Ntando Cele faz a personagem Bianca White, espécie de apresentadora de programa de auditório. Toda pintada de branco (um blackface às avessas), vestindo um quimono branco e uma peruca loiríssima até a cintura, a personagem desfia um rosário de clichês racistas, fetichizando a cor branca e, numa brandura exagerada, reduzindo o negro ao incivilizado, instintivo e desprovido de senso intelectual e estético. Toda a cena de Bianca White é indigesta, porque nós, da plateia, majoritariamente branca, não comungávamos com aquele discurso. O racismo era tão agressivo, ainda que camuflado pela brandura da voz de Bianca White, que não sabíamos se ríamos dos absurdos falados ou se nos calávamos ante a violência. De qualquer forma, como a ironia era evidente, muitos de nós que ríamos nos apegávamos, inconscientemente, a isso: rir do absurdo, com o que não nos identificávamos. O riso foi permitido pela ironia, que fazia nos distanciarmos do discurso racista.
No segundo núcleo temático, Ntando Cele, após cena com Bianca White, senta-se diante de um espelho e começa a tirar a maquiagem; a cor branca vai se esmaecendo e cedendo lugar à pele negra da atriz. Com uma câmera, ela percorre todo seu rosto, em close-up, passando pelas maçãs do rosto, pelos olhos, pela testa, pelos cabelos, pela boca fechada, pelo interior da boca – seus dentes, línguas. Tudo isso foi projetado num telão. Completamente in natura, negra, a atriz se levanta, veste uma indumentária tribal, constrói uma partitura corporal, via caricatura, que nos remete às representações que temos da população das tribos africanas; ao fundo, são projetadas no telão imagens de savanas africanas, com vários animais equatoriais, no estilo National Geographic. Feita a partitura corporal, a atriz para, olha as imagens no telão, em seguida olha para o público e balança a cabeça negativamente, no nosso famoso “só que não!”. A África não se resume à natureza, tribos e miséria. Recebemos uma “bofetada”: ainda desconhecemos completamente o continente africano. No terceiro e último núcleo, Ntando Cele solta seus cabelos entrançados, já está vestida num estilo urbano e roqueiro, e informa à plateia que as letras das músicas que irá cantar foram todas inspiradas pelos escritos de Frantz Fanon (1925-1961). Para quem ainda não conhece, Fanon foi psiquiatra, filósofo e ensaísta marxista e anticolonialista francês da Martinica, de ascendência francesa e africana, morto prematuramente aos 36 anos de idade. Lutou pela independência da Argélia e nos legou uma obra significativa sobre a descolonização e sobre a psicopatologia da colonização, da qual se destacam os livros “Pele Negra, Máscaras Brancas” e “Os Condenados da Terra”. Duas leituras fundamentais para compreendermos o racismo e seus efeitos. Em síntese: performance contundente, portadora de um discurso antirracista, anticolonial. Impossível não sair do teatro sem ser afetado. Seja qual for a natureza dos afetos.
Infelizmente, não pude conferir na quinta-feira (19.10) o trabalho de Faustin Linyekula, Le Cargo, pois fui prestigiar O Poste Soluções Luminosas na abertura da Mostra Luz Negra, da qual tratarei noutra sessão. Da mesma forma, perdi a apresentação da angolana Heloísa Jorge, lamentavelmente. Posso falar das duas atrações do sábado (21.10): Contes et legendes du Burkina Faso, por François Moïse Bamba; e BRANCO: o cheiro do lírio e do formol, de Alexandre Dal Farra e Janaína Leite.
François Moïse Bamba, um griot, nos presenteou com um espetáculo delicado e muito bem cuidado. Ao contrário do grafocentrismo, que marca as epistemologias do Norte (Europa e América do Norte), a cultura africana de grupos étnicos mais tradicionais tende a se constituir mediante práticas orais, que constroem, endossam e perpetuam saberes – as oraturas: histórias que costumam aparecer entre adivinhas, ditos, passadas, provérbios e cantigas. Nessa oratura, os grupos encontram um prazer lúdico, a comunicação didática e o gosto de viver. Como griot, François escolheu dois contos de sua nação e, com a ajuda de uma intérprete, compartilhou de sua cultura com a plateia cheia do Teatro Hermilo Borba Filho. Na cena, um tapete colorido, cheio de flores; duas cadeiras e uma luz branca: elementos suficientes para uma contação de história. O artista tem um carisma extraordinário e promoveu o que tanto nos compraz no teatro: o encontro, a troca de afetos, de experiências. Saímos do espetáculo encantados com o universo cultural burquinense e com o griot que, gentilmente, foi o anunciador desse universo.
Em seguida, após a belíssima, divertida e emocionante apresentação do Boi Marinho, peça de um folguedo, liderada pelo brincante, músico e ator Helder Vasconcelos, partindo do foyer do THBF e terminando no meio da Rua do Apolo, entramos no Teatro Apolo para assistir a Branco: o cheiro de lírio e de formol. Por ser um espetáculo brasileiro já noticiado, envolvido em várias polêmicas, o trabalho criou no público bastante expectativa. A meu ver, de todos os espetáculos do FETEAG 2017 a que assisti, esse foi o mais europeizado. Isso não vem a ser, necessariamente, um ponto negativo. No mínimo, correspondeu a um contraponto com as culturas e as epistemologias do sul, africanas, que viemos assistindo e apreendendo no festival. Branco apresenta uma estética muito próxima às características do teatro pós-moderno europeu ou do que Hans-Thies Lehmann define como teatro pós-dramático. Ou seja, um teatro pós-representacional, com uma dramaturgia fragmentada, exploração qualitativa das tecnologias da cena, que é atravessada por imagens, vídeos, projeções cinematográficas. Essa forma teatral procura suscitar não a adesão do espectador pela via da representação de um universo fechado, anteriormente conhecido, mas as suas sensações e seu envolvimento sensório.
De fato, o espetáculo de Alexandre Dal Farra e de Janaína Leite explora os recursos tecnológicos e promove no espectador um impacto sensorial. Não podemos dizer que saímos do teatro ilesos. Porém, ainda sou adepto da ideia de que o teatro proporciona uma comunicação estética (que é também e, sobretudo, sensorial, sem sombra de dúvida). Essa comunicação não foi estabelecida entre palco e boa parte da plateia com a apresentação de Branco: o cheiro de lírio e de formol. São atores brancos, representando uma família de classe média branca, que se desconstrói enquanto reprodutora do racismo naturalizado e estrutural. Não consegui estabelecer as conexões entre o que vi da cena e essa sinopse dramatúrgica, de forma que se estabeleceu, para mim, um ruído na comunicação estética. Meu corpo, enquanto complexo de sentidos e sensações, não se encaminhou para lugar algum: nem para a angústia, nem para o horror, nem para a satisfação, nem para a insatisfação. A única fala que me veio ao final do espetáculo foi um “ok”. Enquanto contraponto aos demais espetáculos, compreendo as razões da curadoria do FETEAG 2017 ao colocar na programação de um festival que tem por título Africanidade o Branco: o cheiro de lírio e de formol. No mais, louvo a entrega total dos atores àquela experiência.
Luz Negra – O Negro em Estado de Representação
Fui assistir à abertura do Luz Negra, no Teatro de Santa Isabel, no dia 19/10. Foi muito significativo que O Poste Soluções Luminosas tenha escolhido esse teatro para abrir o evento. A partir da oposição binária que Gilberto Freyre faz entre casa grande e senzala, vemos que, na história do Teatro de Santa Isabel, o local esteve aberto muito mais para a casa grande do que para a senzala, para me valer, obviamente, de uma metáfora (ou não). Haverão de me contrariar, mas o Santa Isabel foi palco também para os abolicionistas. Ora, para quem conhece um pouco da nossa história, nossos abolicionistas eram, sobremaneira, sujeitos brancos privilegiados, o que não nos permite colocá-los como representantes da senzala, ainda que tenham sentido empatia com a causa abolicionista. Era muito mais plausível que os brancos de classe média subissem ao palco desse tradicional teatro para falar do fim da escravidão do que os negros escravizados ou quilombolas.
Até porque esse teatro foi concebido para ser “um local específico, reservado, onde se educassem os costumes, refinassem os gostos e exercitassem comportamentos apropriados”; e, para entrar nele à época, era preciso usar terno e gravata. A diferença de classe já determinava quem entrava e quem não entrava no teatro. Essa elitização do Santa Isabel conseguiu ainda se manter em nossos dias. Para se ter uma ideia, segundo seu regulamento, “não é permitida no teatro a entrada de pessoas trajando bermuda, short, camisa sem manga e chinelo, bem como portando alimentos e bebidas”. Além disso, o nome do teatro foi uma homenagem à Princesa Isabel e, convenhamos, do lugar da casa grande, a tal princesa decretou o fim da escravidão e a abolição dos escravos negros não por convicção social, mas por pressão do mercado internacional, na era do capital. Como se vê, o Teatro de Santa Isabel sempre foi lugar de entretenimento da casa grande.
Assim sendo, quando adentrei o recinto, encheu meus olhos o que vi: a plateia foi tomada por uma “negrada”, muita dela de terreiros, ávida por ver no palco não a cultura e a arte do branco da casa grande, mas a cultura e a arte negras, vivas, pulsantes. Me emocionou ver aquele acontecimento, que teve um valor simbólico inalienável: a casa grande foi “invadida” pela senzala. Negros e negras no palco e na plateia, aquilombados. Posso estar equivocado, mas esse acontecimento foi único e constituirá mais um marco na história do Teatro de Santa Isabel. Oxalá!
Para quem é de Recife, sabe que os artistas Naná Sodré, Agrinez Melo e Samuel Santos são os integrantes d’O Poste Soluções Luminosas. O grupo atua desde 2004, primeiramente com trabalhos de iluminação cênica, mas também ministrando cursos e assessorando tecnicamente diversas companhias e grupos da cidade do Recife. Só em 2008, amplia seu perfil e passa a montar seus próprios espetáculos, todos eles com uma investigação antropológica da africanidade brasileira. Neste ano de 2017, como já referi, o grupo foi contemplado pelo 4o Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, cujo financiamento propiciou a realização do evento Luz Negra – O Negro em Estado de Representação.
Após as homenagens a personalidades da nossa história e cultura negras, como Mãe Amara Mendes, Mestre Meia-Noite, Inaldete Pinheiro e Petrúcio Nazareno, a abertura do evento contou com a apresentação dos seguintes artistas: Surama Ramos, solista de ópera; Manuel Castomo, solista africano de dança contemporânea; Neguinho do Frevo, solista de frevo; Luzii Santos, solista de balé clássico; Helayne Sampaio, solista de dança dos orixás; Orun Santana, solista de dança/capoeira; e Gina Purpurina, performer drag queen. Esse dia foi de festa, de alegria e de muitas emoções.
No entanto, em rede social, nesta semana, a atriz Naná Sodré se queixou publicamente da falta de público. Algumas das atrações que fizeram parte do evento contaram com pouquíssimos espectadores, chegando a ter seis pessoas numa das apresentações. O evento foi pensado, sobretudo, para um público de pretas e pretos, porém o trabalho de conquista e de sedução dessa população periférica, em sua maioria, para o consumo e a produção das artes cênicas urbanas será lento. Creio eu que a natureza dos trabalhos que compuseram a programação certamente está muito distante das práticas sociais, culturais e artísticas de muitos pretos e pretas das nossas periferias. Se, nesse caso, a falta de público frustra produtores e artistas, são compreensíveis as razões históricas da formação de plateia desse público em particular. Muito trabalho ainda há de ser feito para esse propósito. E eu confio no engajamento e na garra dessas três figuras admiráveis que são Naná Sodré, Agrinez Melo e Samuel Santos. Muito axé para todxs!
O vento corre
Acabou de começar também, aqui em Recife e Olinda, o Festival Cena Cumplicidades, que vai de 26 de outubro a 5 de novembro, cuja programação abriu espaço para participação de artistas de Angola e de Moçambique, ao lado dos brasileiros, dos europeus e de alguns da América Latina.
Fora dos festivais, a Cia. de Dança Daruê Malungo apresentará, nos meses de outubro e novembro, seu mais novo espetáculo Ona Omi – caminho das águas, prometendo uma nova perspectiva da dança afro, a partir do movimento diaspórico.
Como se vê, nosso horizonte estético e cultural está enegrecendo. Pretas e pretos da periferia social, artística e epistemológica estão nos fazendo abrir para uma ecologia dos saberes, categoria tão bem proposta por Boaventura de Sousa Santos. Apesar do momento político temeroso em que estamos vivendo, uma coisa me parece certa: não há mais como retroceder no movimento de empoderamento dos nossos pretos e pretas. Elxs se capilarizaram e agora têm voz! Voz, corpo e competência para argumentar pelos seus direitos civis, com o apoio de parte da sociedade civil que, paulatinamente, está começando a se conscientizar e apoiar a luta. Que nos juntemos todxs para firmar nossos espaços e enfrentar as ideologias e o modus vivendum opressivo da casa grande!