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#21 Ruínas ou Reinvenção? | Caixa Preta – Caixa Aberta: Notas sobre reabertura e gestão do espaço cultural

Por 4 Parede
1 de dezembro de 2025
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Arte – Rodrigo Sarmento

Por Renata Corrêa
Atriz, performer, artista circense. Mestranda em Artes da Cena (PPGAC/UFSM)
 
Por Raquel Guerra
Professora Adjunta (UFSM/RS). Doutora e Mestre em Teatro (PPGT/UDESC). Diretora do Teatro Caixa Preta – Espaço Rozane Cardoso

1 – PRESERVAÇÃO DE ESPAÇO CULTURAL PÚBLICO

Neste artigo, gostaríamos de pensar e apresentar o Teatro Caixa Preta como um espaço que pode ser pensado e reconhecido por seu valor como patrimônio cultural. No momento atual, o Teatro Caixa Preta não está enquadrado como uma arquitetura tombada, nem está incluído neste tipo de processo de patrimonialização, ainda que seja um bem público da Universidade Federal de Santa Maria.

No Brasil, questões sobre o Patrimônio Cultural têm sido discutidas e institucionalizadas desde a Constituição de 1937, período também que Mário de Andrade, Sílvio Romero e outros intelectuais discutiam questões relativas ao patrimônio imaterial, ainda que na época não fossem assim nomeados. Posteriormente, a Constituição de 1988, passa a nomear o Patrimônio cultural em suas formas materiais e imateriais.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (Constituição Federal de 1988, in: IPHAN, 2006, p. 20)

Muitas dessas classificações atribuídas a um patrimônio cultural podem ser associadas ao Teatro e, por razão, acreditamos que em um momento futuro, o espaço Rozane Cardoso possa ser incorporado como um bem patrimonial, ainda que não tenhamos, neste texto, a pretensão de mover um processo de tombamento do Teatro. Nossa intenção é apresentar o espaço e identificar nele características culturais que comprovam sua relevância na história do Teatro de Santa Maria – RS e, portanto, queremos indicar e valorizar este espaço como patrimônio artístico, um lugar de memória coletiva, um equipamento cultural responsável pela profissionalização e formação de diversos artistas de Santa Maria e do Rio Grande do Sul. Por esta razão, o estudo e revisão de conceitos associados à noção de patrimônio artístico são aqui expostos, pois eles contribuem para identificar uma parcela do valor cultural do Teatro Caixa Preta, tanto pelos aspectos culturais materiais quanto imateriais.

Com base nas considerações do patrimônio cultural indicadas pelo próprio Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, segundo Dicionário do IPHAN, podemos compreender o patrimônio da seguinte maneira:

O conceito de patrimônio, na cultura ocidental moderna, de modo geral, se refere a uma gama de coisas, bens de grande valor para pessoas, comunidades ou nações ou para todo o conjunto da humanidade. Patrimônio cultural remete à riqueza simbólica, cosmológica e tecnológica desenvolvida pelas sociedades, e que é transmitida como herança ou legado. Diz respeito aos conjuntos de conhecimentos e realizações de uma sociedade ou comunidade que são acumulados ao longo de sua história e lhe conferem os traços de sua identidade em relação às outras sociedades ou comunidades. A proteção deste patrimônio comum à toda a humanidade – a diversidade cultural – é desenvolvida por políticas públicas e instituições específicas em cada Estado-Nação, e por meio de organismos internacionais que promovem convenções, acordos e programas de cooperação internacional para este fim. (VIANNA in DICIONÁRIO DO PATRIMÔNIO CULTURAL).

Teixeira Coelho (1997) traz alguns paralelos entre esta definição de Patrimônio Cultural no Brasil, à qual se refere ao período do Estado Novo, no qual o patrimônio cultural foi definido como conjunto de bens móveis e imóveis “cuja conservação seja de interesse público quer por sua vinculação a fatos memoráveis quer pelo seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.” (Coelho, 1997, p.285). Com base nesse conceito inicial, poderíamos inferir que o Teatro Caixa Preta possui valor artístico, por suas características arquitetônicas e por sua história. O autor também indica algumas definições apresentadas pela Carta do México, para refletir sobre o termo patrimônio cultural, sendo este  “o conjunto dos produtos artísticos, artesanais e técnicos, das expressões literárias, linguísticas e musicais, dos usos e costumes de todos os povos e grupos étnicos, do passado e do presente”. (Coelho, 1997, p. 286).

Por estas definições, no intuito de afirmar o caráter de patrimônio artístico do Teatro Caixa Preta, podemos associar a sua relevância na formação dos artistas de Santa Maria, de diversos segmentos, mas principalmente teatro e música, que criam e desenvolvem produtos artísticos no local, bem como vivenciam o sentido de comunidade ou grupo artístico ao conviver no espaço e ter por ele um sentido de pertencimento. Aqui, os relatos orais de estudantes, professores e mesmo do público que frequentou o local, contribuem para afirmar seu caráter de patrimônio, na medida que sua produção artística imaterial sobrevive na memória coletiva e impacta na formação cultural local.

 

2 –  RUÍNAS E REABERTURA DO TEATRO CAIXA PRETA

O Teatro Caixa Preta – Espaço Rozane Cardoso está situado na Universidade Federal de Santa Maria, no Centro de Artes e Letras – Prédio 40. Fundado oficialmente em 5 de abril de 1988, destaca-se como um teatro multiuso, único na região, por não ter uma estrutura fixa de palco e plateia. Com isso, permite múltiplas configurações cênicas, como arena, semi-arena, frontal, bifrontal e corredor. Apesar de essa data constar nos documentos como marco inaugural, os relatos orais revelam que o uso do espaço começou antes disso.

Figura 1- Início das Obras em 1984 | Fonte: Arquivo Fotográfico UFSM- Departamento de Arquivo Geral

Durante o período de construção, com o teatro ainda inacabado, estudantes e professores já realizavam ensaios, criações e apresentações. A história oficial marca datas e eventos, contudo, são as experiências vividas, os ensaios improvisados, os encontros, a urgência de criar, que contribuem para a identidade dos espaços culturais. No contexto do Teatro Caixa Preta, a memória coletiva se constrói pela convivência, pelas práticas cênicas e pedagógicas, pelas histórias orais que atravessam gerações de estudantes, professores e artistas. Esses saberes, muitas vezes ausentes dos registros formais, permanecem vivos nas experiências compartilhadas nos bastidores, camarins e coxias, espaços fundamentais de produção e transmissão de conhecimento.

Nesse sentido, a autora Tânia Brandão se apresenta como uma referência para ampliar as possibilidades de compreensão da cena teatral, valorizando as vozes que compõem o cotidiano artístico e a memória coletiva do Espaço. Em seu artigo Falas de camarim: História Oral e História do Teatro (2017), Brandão destaca o valor da oralidade como potência para articular práticas pedagógicas e artísticas. A partir desse entendimento, as narrativas dos sujeitos que contam a história do Caixa tornam-se centrais na construção de uma memória coletiva do Teatro. Mais do que relatos, essas falas carregam modos de saber, formas de vivência e experiências que contribuem para uma história construída a partir da escuta e da partilha.

Na parte externa do Teatro Caixa Preta, há um elemento importante da sua memória: o mural Os 500 anos da Invasão da América, assinado pelo artista plástico peruano Juan Amoretti. Embora a obra traga a data de 1992, segundo relato oral do próprio artista, a pintura surgiu após pelo menos um episódio de pichação na parede, que até então era branca. Esse fato teria motivado o convite para que Amoretti realizasse a intervenção artística. Mais de trinta anos depois, em 2025, o mural foi revitalizado, reafirmando a importância de preservar os registros visuais que contam a história do espaço.

Figura 2: Inauguração do Mural de Juan Amoretti, ano 1992 | Fonte: Departamento de Arquivo Geral – DAG UFSM.

Figura 3: Mural Revitalizado, ano 2025 | Foto: Altamir Moreira, professor, pintor e desenhista.

Inicialmente chamado de Anfiteatro do CAL, o local sempre foi compreendido pela comunidade acadêmica como um verdadeiro teatro. Em 1993, uma campanha de renomeação, com participação da comunidade, oficializou-o como Teatro Caixa Preta, reforçando sua identidade como espaço de criação, pesquisa e fruição artística. Ao longo de sua trajetória, o Caixa foi marcado pela pluralidade de sua programação cultural. Espetáculos teatrais e de dança, recitais, exposições, mostras de processos, jam sessions e debates acontecem com entrada gratuita, democratizando o acesso à arte tanto para a comunidade acadêmica quanto para o público geral de Santa Maria.

Entretanto, como muitos espaços culturais públicos, o Caixa também enfrenta desafios. Em 2019 ocorreu o fechamento do Teatro, devido a um acidente de montagem e às condições precárias de administração do espaço. A precariedade e abandono foram ampliadas durante o período de Pandemia da covid-19 (2020 e 2021), quando o Teatro permaneceu fechado. Após mais de três anos fechado, uma mobilização protagonizada por estudantes e professores do curso de Teatro criou a campanha “Caixa Preta – Caixa Aberta”, que buscou reabrir o espaço e arrecadar recursos para sua manutenção. A campanha surgiu no contexto da disciplina de Legislação e Produção dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Teatro e, em 2023, foi transformada em projeto de extensão. Desde então, a campanha movimenta eventos culturais com o intuito de manter o Caixa vivo e acessível.

Sendo assim, foi somente ao final de 2022, que a gestão do Centro de Artes e Letras apoiou a iniciativa da Campanha Caixa Preta – Caixa Aberta (que atualmente funciona como um projeto permanente) pela reabertura do Teatro. Esse movimento permaneceu ativo até hoje, em 2025, e possibilitou a reabertura do agendamento do espaço, as montagens de luz e o retorno da equipe de bolsistas e da gestão do espaço. A reabertura foi um movimento cultural muito importante, realizado por estudantes e professores do Teatro da UFSM, e teve apoio da comunidade local. Na época, o ocorrido foi registrado pelo jornal Diário de Santa Maria.

No segundo semestre de 2022, com o retorno dos estudantes ao campus da UFSM, práticas pedagógicas voltaram a ser realizadas no Caixa Preta e, em novembro, com o evento Novas Tríades – Semana da Música Contemporânea no RS, o público já pôde ocupar o teatro. Ao ser questionado sobre a decisão pela reabertura parcial, mesmo com a necessidade de algumas melhorias, o diretor do CAL, Gil Negreiros, aponta que, se fechado, o Caixa Preta continuaria se deteriorando: – Senti que precisávamos abrir e colocá-lo em funcionamento, para que os problemas sejam resolvidos de acordo com o andamento dos trabalhos. Se deixarmos ele fechado, não só deixamos de oferecer arte e cultura para a comunidade, ele continua estragando. É como uma casa abandonada, que acaba por si só. Agora o espaço está voltando a ter vida, está alegre. Nós não iremos desistir do nosso sonho de ter um teatro bonito e agradável para toda a comunidade – finaliza o diretor. (DIÁRIO DE SANTA MARIA, 03/02/2022).

As palavras do diretor da época, Gil Negreiros, reforçam o sentimento de pertencimento coletivo dos usuários (professores e estudantes) com o Teatro: A metáfora do Teatro como a nossa casa aparece em depoimentos orais de diferentes épocas, comprovando que o local permanece na memória da comunidade de artistas cênicos de Santa Maria de diferentes gerações. Essa sensação de pertencimento, de memória e vínculo com o espaço também apontam para o caráter de patrimônio cultural do Teatro Caixa Preta. O fechamento do Teatro representou uma marca profunda e sentimento de tristeza de muitos artistas e estudantes, conforme diferentes depoimentos que foram registrados e divulgados na época em jornal.

Esse processo de reabertura necessitou tanto de manutenções físicas, como de reestruturação da gestão, desde formas de agendamento, distribuição de ingressos prévios via sympla, atualização de normas e regras de funcionamento, padronização dos horários de montagens, ampliação de equipe, cursos de formação e o desenvolvimento de um projeto de reforma, cuja primeira fase teve início com a revitalização externa do Mural. (ver figura 2).

Toda esta mobilização foi possível pelo empenho de estudantes, professores e pela  troca de gestão do Centro de Artes e Letras. O Teatro reabriu suas portas, oficialmente com equipamentos de luz, em dezembro de 2022. Hoje, segue sendo dirigido por uma comissão de professores e equipe de bolsistas que organiza a programação e o cuidado com a estrutura do espaço, incluindo sua iluminação cênica.

 

3- FORMAÇÃO ARTÍSTICA

O Teatro Caixa Preta – Espaço Rozane Cardoso, por sua arquitetura no estilo black box e por seu vínculo com os cursos de Artes Cênicas e Teatro da UFSM, destaca-se como um espaço de formação artística. Com estrutura flexível e plateia móvel, o Caixa possibilita configurações variadas de cena, esse caráter experimental e multiuso faz do teatro um verdadeiro laboratório, onde estudantes e pesquisadores podem testar, errar, recriar e expandir o olhar sobre o fazer teatral.

A própria arquitetura do espaço já traz uma proposição pedagógica, com seu modelo black box, arquitetura teatral que se popularizou nas décadas de 1980,  com o surgimento de novas propostas artísticas que buscavam uma relação mais imersiva e direta entre espectadores e a cena. Com isso, surgiram os teatros de uso múltiplo, internacionalmente conhecidos como black-box (caixa preta). Conhecidos pela flexibilidade e pelo potencial de transformação, esses espaços permitem diferentes formas de interação, ampliando a experiência de quem cria e também de quem assiste. Segundo o arquiteto e cenógrafo João Mendes Ribeiro:

Os teatros de uso múltiplo constituem espaços alternativos, experimentais, que tomam a sala como o território da ação, por inteiro, utilizando-a das mais variadas formas. Um pavimento e um tecto técnico total (urdimento e teia) proporcionam a mutabilidade do espaço, alterando integralmente a relação do espectador com a cena. (MENDES RIBEIRO, 2008, p. 63).

Como aponta Ribeiro (2008), a característica experimental do espaço propõe uma reinvenção da experiência teatral, permitindo aos criadores explorar novas configurações espaciais e dinâmicas de encenação, e aos espectadores a inserção em um ambiente onde os limites entre palco e plateia são repensados, ampliando as possibilidades de interação e visualização. No espetáculo “A História da Tigresa” (2018), de Renata Corrêa, a experimentação teatral surge na escolha de uma configuração cênica alternativa, que rompe com a estrutura tradicional de palco italiano e aproxima o público da cena.

Figura 4:  Estreia do espetáculo “A História da Tigresa” (18/11/2018) | Fotógrafo: Dartanhan Baldez Figueiredo.

Nesse contexto, ter um espaço como o Caixa durante a graduação em um curso de artes cênicas faz toda a diferença para a formação. O acesso cotidiano a um teatro laboratorial contribui diretamente para o desenvolvimento artístico e técnico dos estudantes. Durante o período em que o espaço esteve fechado, as experimentações e compartilhamentos aconteceram em locais improvisados: estacionamentos, halls, salas comuns e jardins.

Apesar de esses momentos também comporem a formação, há uma lacuna evidente para os estudantes que não puderam experimentar diretamente aspectos como a iluminação, os elementos de cena, a montagem técnica ou mesmo o tradicional palco italiano. A iluminadora Luiza de Rossi, que atua em espetáculos de teatro, música, dança e artes visuais, destaca a importância da vivência prática oferecida pelo Teatro Caixa Preta na formação dos estudantes:

Ter contato com esse espaço, onde você pendura os cenários, se maquia no camarim, apresenta para o público, é uma experiência que não tem preço. Uma coisa é ler e outra é botar a mão na massa, subir no andaime e escolher o refletor, direcionando e aprendendo ao fazer. Não tem como imaginar uma formação completa sem essa vivência. (ROSSI, 2023, n.p.)

Afirmou a iluminadora em entrevista ao Jornal Diário de Santa Maria. Seu relato reforça a ideia de que o contato com a prática técnica e artística em um espaço como o Caixa Preta é insubstituível na formação de estudantes de Artes Cênicas, que aprendem justamente fazendo, seja afinando refletores, criando atmosferas visuais ou montando um espetáculo do início ao fim.

A atuação como bolsista no Teatro envolve uma série de atividades fundamentais para a formação dos estudantes. Entre elas, destacam-se a manutenção do espaço, montagem e desmontagem de luz e som, organização de coxias e cortinas, produção de eventos – desde o contato com os grupos até o levantamento de necessidades técnicas –, além da divulgação em redes sociais e recepção do público. Essas práticas possibilitam uma vivência que percorre todas as etapas da produção, da pré-produção à execução e pós-produção, promovendo uma formação que articula dimensões artísticas e técnicas de maneira integrada.

Mas para além da técnica, há um tipo de formação estética e sensível que só se adquire no contato diário com um espaço como o Caixa Preta. Estar nesse espaço criativo é também aprender com múltiplas experiências cênicas, desde ensaios até montagens e apresentações. Essa convivência cotidiana permite não só a apropriação da técnica, mas amplia o olhar para a arte, a luz, o tempo e o espaço. É compartilhar processos, acompanhar criações, receber artistas e aprender com o outro.

Foi nesse laboratório de experimentações que muitos bolsistas deram os primeiros passos como profissionais da técnica. A oportunidade de experimentar, errar, ajustar e criar em um espaço aberto à pesquisa e à invenção é fundamental para a formação profissional e impulsionou diversas trajetórias. Muitos ex-bolsistas seguem atuando como iluminadores, técnicos de palco, operadores de som ou produtores culturais, levando consigo os primeiros aprendizados cultivados no Teatro Caixa Preta.

Esse aprendizado acontece em diferentes camadas, por meio da oralidade, da escuta, da observação atenta e da prática compartilhada, articulando os saberes da prática cotidiana com os conhecimentos das disciplinas dos cursos de Artes Cênicas bacharelado e Teatro Licenciatura. A entrada de um novo bolsista acontece, em geral, pela convivência com os mais experientes. É nesse fazer junto, na escuta, na observação de montagens que se aprende. Esse processo, transmitido principalmente pela oralidade, valoriza um saber que passa de pessoa para pessoa, não está nos manuais, mas é essencial para a formação e profissionalização dos estudantes que atuam ali.

Ter um teatro assim dentro de uma universidade pública é um privilégio e também uma responsabilidade. O Caixa Preta é, antes de tudo, um espaço de formação, de experimentação e de invenção, onde se aprende criando, errando, refazendo e compartilhando.

 

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS: O TEATRO CAIXA PRETA NOS DIAS DE HOJE 

Em um recorte do período atual, pode-se informar que o Teatro Caixa Preta atende diferentes tipos de público, de acordo com a sua finalidade. De forma geral, existe o público usuário, ou seja, artistas e produtores atendidos pelo espaço. E existe o público em si, que é a audiência, ou seja, as pessoas que vão ao Teatro para acompanhar a programação cultural.

O primeiro público-alvo refere-se ao próprio objetivo pedagógico do espaço, que é o usuário vinculado ao Centro de Artes e Letras, ou seja, estudantes, professores, pesquisadores e técnicos administrativos. Esta é a finalidade do Teatro Caixa Preta como um espaço que, desde sua fundação, foi pensado como um teatro-escola, um teatro laboratório, um teatro experimental.

Por isso também que estudantes e professores são os principais responsáveis pelo preenchimento da agenda e grade de programação artística, pois são os usuários que realizam as apresentações de teatro, dança, música e exposições. Desde 2022, este público é definido no sistema de gestão do Teatro como o público usuário, ou seja, quem agenda e promove o evento na grade de programação cultural do espaço.

Em relação ao público-alvo, isso varia de acordo com o tipo de programação cultural que está disponível na nossa agenda cultural. Por exemplo, um espetáculo infantil terá como prioridade o público-alvo das escolas ou o público das famílias que frequentam o campus no domingo, por exemplo. Mas se na programação tem uma oficina mais técnica, masterclass de contrabaixo, o público-alvo são alunos do curso de música. Então o público que o Teatro recebe varia muito, pois depende da programação cultural. Mas, de modo geral, para fins de identificadores de gestão cultural, observa-se que o perfil de público que frequenta o espaço é o público jovem, principalmente universitários, com idade entre 17 e 28 anos.

Desde 2022, a gestão do Teatro passou a manter novos processos de registro institucional, contagem de público e conservação de arquivos. Em janeiro de 2023, iniciou-se oficialmente a nova gestão do espaço, portanto, os dados e registros aqui mencionados são fornecidos a partir desse período. Em média foram realizados 120 eventos por ano. Cada evento tem uma média de 80 a 100 pessoas. Estes dados são fornecidos a partir de registros como ingressos Sympla, sistema de agendamento e grade de programação divulgada. Os períodos de maior visitação e presença de público externo são os períodos de funcionamento da programação artística do espaço são os finais de semestre letivo da universidade, geralmente, meses de maio, junho e meados de julho, e também, outubro, novembro e dezembro, são os períodos mais procurados para agendamento de eventos e consequentemente, de público. Geralmente nos períodos de recessos das atividades letivas da UFSM, o Teatro permanece com atividades internas de revisão patrimonial e manutenção no espaço.

Como espaço universitário, o Teatro Caixa Preta configura-se como ambiente formativo que recebe atividades de ensino, pesquisa e extensão. Por exemplo, os estudantes das artes cênicas desenvolvem montagem e estreias no Teatro e essas atividades fazem parte de suas experiências artísticas e formativas, vinculadas a disciplinas e projetos. Outro exemplo de formação e profissionalização pode ser identificado no dia-a-dia da equipe de bolsistas, que aprendem na prática a organizar eventos, fazer montagens de luz, palco e cenografia. O aspecto da extensão cultural universitária pode servir de exemplo formativo, pois o Teatro se configura como um local de formação do público, sobretudo do público jovem. Desde 2019, o Teatro Caixa Preta – Espaço Rozane Cardoso passou a integrar a Política de Extensão da UFSM, sendo considerada uma unidade de extensão no campus, que recebe a comunidade externa à universidade. A quarta diretriz da extensão universitária da UFSM fala sobre o “Impacto na formação do estudante, caracterizado pela contribuição à formação cultural, artística, tecnocientífica, pessoal, social e política do estudante”. O Teatro Caixa Preta atende a essa diretriz de diversas formas, através das apresentações artísticas.

O Teatro mantém atualmente o Projeto Caixa Preta – Caixa Aberta, como uma ação de extensão que visa trazer novos públicos, promovendo atividades com escolas e comunidade externa, como meio de promover e estimular a formação de público. Esta ação também desenvolve a catalogação de um anuário da programação, onde consta o nome do evento, a sinopse, os créditos dos realizadores e outras informações sobre os eventos culturais realizados como uma ação de conservação e memória do Teatro Caixa Preta, tendo em vista que, durante o período que ficou fechado e abandonado, muitos arquivos e fontes históricas se perderam. Além dos processos de documentação, atualmente, também existe um sistema periódico de divulgação da programação através do Instagram do Teatro Caixa Preta e site da UFSM.

O Caixa Preta é mais do que um teatro: é um espaço de resistência, de ensino, de fruição estética, de formação e profissionalização artística. A comunidade que o acessa é ampla: estudantes, docentes, técnicos, artistas da cidade e pessoas das mais variadas idades e trajetórias. Sua história segue sendo construída por encontros que ali acontecem, nas vozes que ecoam em suas paredes e nas pessoas que fazem parte da sua memória viva.

 

Referências Bibliográficas

BRANDÃO, Tânia. Falas de camarim: história oral e história do teatro. Sala Preta, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 72–83, 2017. DOI: 10.11606/issn.2238-3867.v17i2p72-83. Disponível AQUI. Acesso em: 21 jul. 2025.

BRASIL. Ministério da Cultura. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Coletânea de leis sobre preservação do patrimônio. Rio de Janeiro: IPHAN, 2006. Disponível AQUI. Acesso em: 23 jul. 2025.

CORRÊA, Renata. Mulheres do Teatro Caixa Preta. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Teatro Licenciatura) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2023. Disponível AQUI. Acesso em: 21 jul. 2025.

MENDES RIBEIRO, João Lima. Arquitectura e espaço cénico: um percurso biográfico. 2008. Tese (Doutorado em Arquitetura) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra, Coimbra, 2008. Disponível AQUI. Acesso em: 19 jul. 2025.

DIÁRIO DE SANTA MARIA, Teatro Caixa Preta: palco e sala de aula que luta para se manter aberto. Bernardo Abbad. 03/02/2023. Disponivel AQUI

UFSM. Resolução 006/2019. Política de Extensão da Universidade Federal de Santa Maria.  Disponível AQUI

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Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

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A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

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Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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