“Beijo no Asfalto” retoma temporada no Teatro Apolo
Imagens – Américo Nunes
No corre-corre de um grande centro urbano, as pessoas parecem não notar umas às outras, mas um acidente no trânsito pode fazê-las interligadas por um breve momento. É o que acontece quando um anônimo atropelado ganha a atenção de inúmeros passantes. Não especificamente pela possibilidade da sua morte, que fatalmente acontece, mas pelo pedido inesperado que ele faz a um jovem que corre em seu socorro: um beijo na boca, desejo prontamente atendido. A inusitada cena dos dois homens se beijando em meio ao caos da cidade grande é flagrada por dezenas de pessoas munidas de aparelhos celulares e o caso ganha repercussão imediata nas redes sociais.
Esta parcela de modernidade, com imagens compartilhadas em tempo quase real na Internet, não estava presente na obra original de Nelson Rodrigues, a peça O Beijo no Asfalto, escrita em 1961, mas faz parte da encenação pernambucana assinada pelo diretor Claudio Lira, que, estreada em 2012 e desde 2013 não mais apresentada, volta a ser encenada no Recife em nova temporada a partir deste final de semana, às sextas e sábados, 20h, e domingos, 19h, no Teatro Apolo, até o dia 5 de junho de 2016, com ingressos a R$ 30 e R$ 15 integrando o projeto “Nelson Rodrigues e o Óbvio Ululante (Temporada Jornalística de O Beijo no Asfalto)”, incentivado pelo Funcultura.
A trama mostra a reviravolta que acontece na vida do jovem Arandir, que socorre um desconhecido atropelado e, atendendo a um pedido deste à beira da morte, lhe dá um beijo na boca. Por ser casado, o caso ganha espaço na imprensa, sendo explorado com extrema crueldade tanto por jornalistas quanto por policiais sem ética e que não temem invadir a privacidade familiar.