Espetáculo carioca “Carmen, de Cervantes” chega ao Sesc Casa Amarela
Imagens – Débora Setenta
O que aconteceria se o famoso escritor espanhol Miguel de Cervantes encontrasse a personagem Carmen, a mítica cigana fatal apresentada na novela escrita em 1845 pelo francês Prosper Mèrimée? É a partir dessa premissa que se desenvolve a trama de Carmen, de Cervantes, espetáculo da Companhia Meimundo Inventações Compartilhadas, que inicia a turnê pelo Nordeste no palco do Teatro Capiba, no Sesc Casa Amarela, nos dias 29 e 30 de abril, às 20h.
Com direção do premiado dramaturgo, roteirista e iluminador cênico Fábio Espírito Santo, a montagem busca reafirmar o diálogo entre o Teatro e a Literatura em dramaturgia inédita, adaptada do conto homônimo do brasileiro Marcos Arzua. A trama une dois ícones da literatura mundial, a vibrante e envolvente cigana andaluza, interpretada pela atriz, bailarina e coreógrafa Ana Paula Bouzas, e o consagrado escritor, que ganha forma na atuação do autor e professor de teatro Samir Murad. O elenco conta ainda com Ciro Sales, nos papeis de José e do Cobrador, e Maria Adélia, como Rival e Catalina.
Abordando temáticas como identidade, propriedade, preconceito e reinvenção, o espetáculo “Carmen, de Cervantes” oferece ao público um argumento narrativo original que mescla as trajetórias de duas personalidades clássicas – uma fictícia e outra real – para expressar em linguagem contemporânea a busca diária do ser humano pela reinvenção, pela reconstrução de sua história frente às descobertas de novos caminhos. Numa tentativa de driblar a “submissão” em que sempre esteve inserida, Carmen, apresentada como hábil criminosa inconsequente, quase prisioneira de sua própria sensualidade, quer agora um novo destino. E, para isso, invoca o grande autor castelhano que irá recriá-la, ressignificá-la num contexto bem mais complexo e libertador. Livres no tempo e no espaço, as histórias de ambos se cruzam, modificando trajetórias e recriando desejos.
No espetáculo, com 70 minutos de duração, a cigana Carmen honra a sua origem e renega todos os estereótipos que lhe são atribuídos, uma personagem que representa grupos que a sociedade exclui com seus preconceitos milenares. Já o escritor Miguel de Cervantes representa o artista que luta diariamente para desenvolver sua arte em meio a tantas obrigações e percalços da vida cotidiana.