Espetáculos pernambucanos conquistam cena teatral de Curitiba no Fringe
Imagens – Divulgação
Por Vinícius Vieira
Ator, Educador e Jornalista
O premiado espetáculo O Açougueiro, protagonizado pelo ator Alexandre Guimarães, as três encenações do grupo Máquina dos Sonhos: The Célio Cruz Show, Sonhos Paralelos e Febre que me Segue, todos com a assinatura do encenador Wellington Jr., além dos espetáculos A Dama da Noite e Frei Molambo, do ator Marcelo Francisco, invadem a cena curitibana durante o Fringe. A mostra alternativa integra o 25° Festival de Teatro de Curitiba, que acontece de 23 de março a 3 de abril.
Entre os dias 23 e 26 deste mês, O Açougueiro cumpriu curta temporada no Teatro Mini Guaíra. A encenação acumula dois prêmios de melhor ator e cinco indicações em festivais pernambucanos. Embora a projeção positiva do trabalho desde a sua estreia no Recife, em agosto de 2015, a produção independente arcou com todas as despesas sem o apoio e patrocínio de ordem pública ou privada. Para o ator e produtor cultural Alexandre Guimarães, o diálogo com grupos de outras regiões e a vitrine proporcionada pelo festival foi o que motivou o investimento na viagem. “A maior importância é a troca que existe fora do palco. As vivências dos artistas independentes são muito parecidas. Dialogando, a gente consegue aprender mais para poder lidar com o cotidiano da profissão na nossa cidade”, explica o artista.
Enquanto a equipe de Alexandre é mais compacta, contando apenas com o iluminador Dom Dom Almeida e o maquiador Vinícius Vieira, o grupo cênico Máquina dos Sonhos aportou em Curitiba com o total de 14 artistas. A vontade de participar de um dos maiores festivais de teatro da América Latina surgiu há dois anos e tem como objetivo realizar um intercâmbio entre os artistas da cena. Segundo o diretor do Máquina Wellington Jr. participar do Fringe é um ato de guerrilha cultural. “Enquanto os governos eliminam as políticas culturais, a gente, em ato de resistência, continua indo atrás dos sonhos, das utopias, para que possamos ocupar o não lugar. Para nós, estar no Fringe é um ato político”, celebra o encenador. Na quinta-feira (24), o Máquina dos Sonhos apresentou o The Célio Cruz Show no Teatro Universitário de Curitiba (TUC). A peça será reencenada na quarta-feira (30) no mesmo local. Na sexta (25), foi a vez do público conhecer a nova montagem da companhia, Sonhos Paralelos, também encenado no TUC. Dia 2 e 3 de abril, respectivamente, Febre que me segue encerra a maratona cênica proposta pelo jovem grupo pernambucano no Solar do Barão.
O ator Marcelino Francisco é outro profissional da cena que apostou no Fringe. De 23 a 26, o intérprete encenou o drama A Dama da Noite também no Solar do Barão. E entre os dias 27 e 30, o ator ganhará as ruas e apresentará a comédia Frei Molambo em diversos locais públicos de Curitiba. Diferente dos demais artistas, Marcelino contou com o apoio da Prefeitura de Garanhuns, cidade onde reside. Ele já comemora o investimento que fez para integrar a programação do festival. “Logo no primeiro dia de apresentação, o SESC Jacarezinho nos convidou para participar de um evento em agosto”, relata. Na edição deste ano, o Fringe reúne 312 espetáculos, dentre os quais 85 são gratuitos. Pela primeira vez, o festival realiza uma mostra internacional intitulada O Novo Teatro Português, sob a curadoria de Hugo Cruz. Além disso, Pernambuco também é destaque com a Mostra Pernambucana de Teatro para Infância e Juventude, que traz, pelo segundo ano consecutivo, espetáculos, palestras e rodas de conversas sobre as produções cênicas destinadas ao público infantojuvenil.