Fiandeiros inicia temporada de “Vento forte para água e sabão” no Teatro Hermilo
Imagens – Rogério Alves
A Companhia de Teatro Fiandeiros estreia dia 30 de abril, no Teatro Hermilo Borba Filho, Vento forte para água e sabão, oitavo espetáculo do grupo e o segundo voltado ao público da infância e juventude. Com direção de André Filho, o musical tem texto assinado por Giordano Castro e Amanda Torres e será pela primeira vez levado aos palcos. A peça ficará em cartaz todos os sábados e domingos de maio – nos dois primeiros fins de semana, será oferecida meia-entrada a todos: R$ 5. O incentivo é do Funcultura.
O roteiro narra a história de amizade entre uma bolha de sabão chamada Bolonhesa e Arlindo, uma rajada de vento. Sabendo dos riscos que corre por ser uma bolha, Bolonhesa já havia decidido ficar parada no seu cantinho, com medo de se arriscar a conhecer o mundo. Até se encontrar com Arlindo que, com muita diversão e cumplicidade, ajuda a bolhinha a viver uma divertida aventura, descobrindo as coisas lindas espalhadas pelo mundo e dando sentido a sua essência. Questões como vida e morte são abordadas através da metáfora da bolha de sabão, cuja própria existência é extremamente rápida e passageira. No elenco, Tiago Gondim, Daniela Travassos, Geysa Barlavento, Kéllia Phayza, Victor Chitunda e Ricardo Angeiras.
Após Outra vez, era uma vez (2008), primeiro espetáculo infantil da Fiandeiros e reconhecido com nove prêmios no Janeiro de Grandes Espetáculos 2009, Vento forte para água e sabão retoma o diálogo da companhia com o lúdico. O diretor André Filho optou por uma abordagem que traça um paralelo com o universo do micro/macrocosmo, utilizando-se de planetas, astros, estrelas, galáxias e a bolha de sabão. A trilha sonora também relativiza a temática do sopro da vida, da relação com elementos da natureza. “Sabemos que o assunto vida x morte é difícil de se falar com as crianças. Mas partimos do princípio que podemos abordar qualquer tema com elas. O que importa não é a temática, mas a forma de falar. Usamos metáforas, simbolismos para que o assunto seja absorvido pelos pequenos.”
Para André, o compromisso da Fiandeiros (companhia que fundou, há 13 anos, ao lado de Daniela Travassos e Manuel Carlos) em trabalhar o teatro para a infância não o limita a construir uma montagem exclusivamente para este público. “O conceito de teatro é teatro. Achar que teatro para infância tem que ser bobo, que basta se preocupar com forma, cor ou em rimar ‘sabonete com papelete’, esse conceito não condiz com nosso fazer teatral.”
Com direção musical de Samuel Lira e trilha sonora composta por André Filho, o espetáculo apresenta seis canções executadas ao vivo pelo elenco. Todo trabalho vocal de harmonia e arranjo será feito em cena, acompanhado apenas de um violão. “Fizemos esta escolha para conversar com o ‘faz de conta’ das crianças. Elas têm a capacidade de transformar um pedaço de pau em guitarra, a bacia em uma bateria… brincamos então com o imaginário delas. Em uma das canções, um jazz, os atores ‘tocam’ saxofone, bateria, baixo, mas não há instrumentos, tudo está no corpo e voz”, contextualiza André, que tem formação em Artes Cênicas, Música e Matemática. Ele trabalha com teatro desde 1989 e traz no currículo cerca de 20 produções como diretor e 20 como ator, arranjador e diretor musical, muitas das quais premiadas no Recife e pelo País.
João Denys, que assina a direção de arte do espetáculo ao lado de Manuel Carlos, usou a fantasia como diretriz. “Enxergamos uma relação entre a essência do teatro, que é puramente fugaz e frágil, com a da bolha de sabão. Os cenários e figurinos, portanto, abordam a passagem que é a vida, mas sob a linguagem da metáfora”, descreve Denys, assinalando que a diversidade de matrizes estéticas se é percebida, por exemplo, ao mesclar características da cultura oriental com nossos folguedos populares, numa grande homenagem às artes. “A bolha usa um tutu romântico, típico do Ocidente, e na cabeça um adereço que remete à Ópera de Pequim. O vento, que por sua própria natureza é invisível e rápido, faz menção ao caboclo de lança. Trabalhamos com a diversidade e a mistura de mundos opostos – ou que dizem que são opostos, mas que se complementam.”
A Fiandeiros conheceu “Vento forte para água e sabão” em 2011, quando foi convidada a fazer uma leitura dramática do texto no Sesc Santo Amaro. Apaixonados pela obra, os diretores da companhia tentaram por três anos aprovar no Funcultura o projeto de levá-lo ao teatro – feito que conseguiu em 2014. Em seus 13 anos de fundação, a Companhia Fiandeiros de Teatro, uma das mais atuantes do Estado, elabora seu repertório de espetáculos com base na dramaturgia pernambucana e no desenvolvimento de novos processos dramatúrgicos, com textos originais criados a partir de pesquisas realizadas pelo grupo. Oito montagens fazem parte do repertório da Fiandeiros: “Vozes do Recife – um concerto poético” (2004), “O capataz de Salema” (2005), “Outra vez, era uma vez….” (2008), “Noturnos” (2011), “Uma Antígona para Lúcia”, “Caliban – Um olhar sobre A Tempestade” e “O canto do cisne”, esses três de 2015, e agora “Vento forte para água e sabão”. O Espaço Fiandeiros, que sedia a companhia, abriga seus diversos projetos e pesquisas, entre eles a Escola de Teatro Fiandeiros, referência no ensino do teatro para crianças e adultos em Pernambuco.
O Quê? Vento Forte para Água e Sabão
Quando? 30.04 a 29.05 (Sábados e Domingos | 16h)
Onde? Teatro Hermilo Borba Filho (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife)
Quanto? R$10,00 (Inteira) | R$5,00 (Meia)
(Obs.: Nos dois primeiros finais de semana (30.04 e 01, 07 e 08.05, os ingressão serão meia-entrada para todos)
Ficha Técnica
Texto: Giordano Castro e Amanda Torres
Direção geral: André Filho
Elenco: Tiago Gondim, Daniela Travassos, Geysa Barlavento, Kéllia Phayza, Victor Chitunda e Ricardo Angeiras
Direção musical e arranjos vocais: Samuel Lira
Direção de arte: João Denys e Manuel Carlos
Direção de produção: Daniela Travassos
Iluminação: João Guilherme de Paula
Operação de luz: João Victor e João Guilherme de Paula
Preparação corporal: Jefferson Figueirêdo
Produção executiva: Renata Teles
Apoio: Charly Jadson e Jefferson Figueiredo
Aderecistas: João Denys e Manuel Carlos
Equipe de apoio confecção de adereços: Maria José Araújo, Marco Antônio, Emerson Soares e Jerônimo Barbosa
Costureira: Ira Galdino e Georgete Bezerra
Cenotécnico: Israel Marinho
Fotografias: Rogério Alves
Design gráfico: Hana Luzia
Assessoria de Imprensa: Míddia Assessoria
Realização: Companhia Fiandeiros de Teatro
Incentivo: Funcultura