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Crítica – Meia Noite | Gingar com a luz da escuridão

Por 4 Parede
19 de março de 2021
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Imagem – Fernando Figueirôa

Por Lorenna Rocha
Licencianda em História (UFPE), pesquisadora e crítica cultural

É Meia Noite. No arquivo audiovisual, apresentado na quarta edição do Festival Luz Negra, o círculo luminoso, que faz um desenho âmbar em meio a escuridão azulada do espaço teatral, nos convida a olhar para Orun Santana. Agachado, o performer começa a lançar no espaço um pó branco secretamente guardado em uma cabaça. Ele desenha as curvas de uma espiral. Os grãos de areia caem lentamente de dentro do recipiente, criando uma plasticidade cênica que não se limita a demarcar a espacialidade da ação performática. De contornos circulares, ela é a imagem da poética fragmentada onde se cabe o tempo, memórias e caminhos a serem gestados.

Meia noite é uma das expressões que podemos usar para marcar a temporalidade. É hora de abertura e proteção. É negrura. É ancestral. É Mestre Meia Noite, pai de Orun. De dentro da espiral, o performer reencontra sua figura paterna e as energias masculinas que o constituem. Construído a partir de um solo de capoeira performado pelo Mestre Meia Noite, no espetáculo Nordeste, do Balé Popular do Recife, Orun ativa a memória corporal de seu pai na própria pele. Ele é energia que mobiliza uma jornada interna, mas que não se limita às vivências particulares que permeiam a relação entre pai e filho. A memória gestual, sonora e convivial entre eles dão espaço para um mergulho na negrura e nas coletividades pretas.

Tudo é preto. O âmbar, o vermelho e o azul se alternam em Meia Noite. As mudanças das cores e suas frequências orquestram, junto ao som do berimbau, os estados de presença de Orun. Quando o círculo inicial perde amplitude, o raio de luz atravessa o corpo do bailarino, que dança, esquiva-se e penetra-se no foco luminoso. A negrura de sua pele reluz. Escuridão torna-se zona de busca. Nessa ginga com a iluminação, o performer passa a se reconectar com seu próprio corpo. E com as histórias implicadas a essa pretura. 

A capoeira é energia cinética que faz com que tudo aconteça. À medida que os tons quentes da luz vão ganhando extensão novamente no palco, o corpo de Orun também cresce. Seus rodopios se tornam prolongados, firmes e ele não para de brincar com os ritmos. Jogo para dentro, jogo para fora. Um movimento de capoeira se transforma em passo de maracatu, frevo, samba ou passinho. Tudo ao mesmo tempo. Os ritmos e gêneros musicais formam uma encruzilhada cultural e temporal. O fervor da dança de Orun nos conduz para milhares de corpos pretos em sua infinitude de ser e existir enquanto negrura. 

Evocando as cosmologias africanas, elementos da natureza e orixás são reverenciados na jornada de Orun. O vermelho é símbolo do fogo no palco. Energias de vida e de morte circulam no mesmo lugar. Na encruzilhada, o corpo de Orun se torna cada vez mais desobediente e brincante. Se, num outro momento, fora interrompido em sua dança pelo som da sirene e de balas que derrubaram seu corpo em cena, é nesse entre-lugar que o performer insiste em se manter de pé, com sua energia humana transmutada para uma forma animalesca, demarcada no corpo em ebulição e através do crânio bovino usado como objeto cênico, rearticulando mais uma vez as gestualidades múltiplas e infinitas das culturas afro-diaspóricas.

O azul que compõe a negrura do espetáculo o direciona a um encontro com as águas. O corpo do bailarino se movimenta de maneira mais fluída, sem passos tão rígidos e firmes, conectado às energias femininas, às yabás, às mulheres que permeiam sua história. Na integração entre água e fogo, está Orun. A espiral dramatúrgica performada por ele se encerra retornando ao lugar de onde ele partiu: uma música do Daruê Malungo é cantada por Orun, que culmina sua jornada se voltando para o movimento político-cultural construído pelo seus pais, o qual marca significativamente sua trajetória pessoal e artística. Seu retorno ancestral provoca deslocamentos profundos, sem pretensão de revelar os segredos envolvidos em sua caminhada e dança. Ir ao passado, em Meia Noite, não se inscreve na vontade do encontro com origens essencializadas ou estáticas, mas como possibilidade de celebrar e fabular existências, vidas e futuros.

Esse texto foi produzido durante a cobertura crítica do Festival Luz Negra – 4ª edição (Grupo O Poste), realizado na modalidade on-line com incentivo da Lei Aldir Blanc – Pernambuco.

TagsCapoeiraDançaFestival Luz NegraLorenna RochaOrun SantanaRecife
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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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