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Crítica – Das Dores | Entre Sapatos e Cicatrizes

Por 4 Parede
12 de novembro de 2025
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Imagem – Divulgação

Por Aline Maria Barros Carneiro e Talita Paloma de Lima Sacramento

O projeto Entre Brinquedos e Sapatos deu origem à performance-instalação Das Dores, criação da Compassos Cia. de Dança, companhia fundada em 1990 pelo bailarino e ator Raimundo Branco. A apresentação aconteceu em 16 de outubro de 2025, às 19h, na Sala de Dança Ana Regina, no Centro de Artes e Comunicação (CAC/UFPE), com incentivo da LPG-PE/2023 e apoio cultural da Universidade Federal de Pernambuco. Na ocasião, a performance foi interpretada por Sandra Rino, embora também seja performada, em outras ocasiões, por Patrícia Costa.

Inspirada na personagem Dorotéia, de Nelson Rodrigues — mulher atravessada pela dor, pelo silêncio e pela tentativa de libertação —, Das Dores transforma o espaço em território de memória e denúncia. Em cena, mais de uma centena de pares de sapatos e sandálias espalham-se pelo chão, convertendo-se em símbolos de poder, dominação, consumo e lembrança. A partir desses objetos, a performance convoca uma reflexão urgente sobre a violência contra a mulher e o feminicídio.

Essa urgência é reforçada pelos números: em 2024, o canal Ligue 180 registrou 31.030 atendimentos em Pernambuco, um aumento de 40,6% em relação a 2023 e 4.609 denúncias, crescimento de 16,3%. Entre janeiro e maio de 2024, foram 22.649 ocorrências de violência doméstica, o que representa uma mulher vítima a cada dez minutos no estado. Nesse contexto, os sapatos em cena deixam de ser meros objetos cênicos e tornam-se vestígios dos passos interrompidos de tantas mulheres.

A narrativa de Das Dores se constrói a partir da entrada da intérprete Sandra Rino, que surge em cena com uma bolsa de feira com rodinhas. Ela despeja no chão os sapatos contidos na bolsa e escolhe um sapato infantil, tratando-o como um bebê de colo, gesto que se desdobra em uma dança breve, íntima, de cuidado e perda. Em seguida, escolhe outro sapato, agora de adulto, e sai caminhando, como quem atravessa uma nova fase da vida. Ao longo da performance, vai escolhendo novos pares, e com cada um estabelece uma relação cênica diferente. O gesto da escolha, que se repete e se transforma, sugere um ciclo contínuo de experiências e dores que se refazem.

O momento mais impactante da cena acontece quando a intérprete começa a parear os sapatos, organizando-os como quem constrói um memorial silencioso. A cada par, ela pronuncia nomes femininos, incluindo o seu próprio, evocando vítimas de violência. Enquanto isso, o intérprete de Libras, que também integra a performance, traça linhas vermelhas de batom sobre o corpo, nos braços, abdômen e pescoço e, em seguida, as oculta. Suas mãos, agora tingidas de vermelho, são recolhidas aos bolsos, num gesto que sugere o agressor que fere, apaga os rastros e silencia as provas.

Das Dores insere-se, assim, num contexto pernambucano ainda atravessado pela desigualdade e pela violência de gênero, transformando o corpo da intérprete em território de resistência. Os sapatos infantis, esportivos, masculinos e femininos expandem o sentido da cena, transcendendo o feminino individual e evocando uma dor coletiva, universal.

A Compassos Cia. de Dança possui uma trajetória sólida na cena recifense, marcada pelo diálogo entre a dança contemporânea, o teatro e a cultura popular, desde seus primeiros trabalhos, como Ilustração e Luzeiro (1990), Portas (1994), Pássaros (1997), Nó’s e Três Aberturas Iluminadas (1997), Oratorium (1999) premiado pela Apacepe e reconhecido pela crítica, como um divisor de águas na trajetória da Compassos por aprofundar o diálogo entre dança e teatro.

Durante os anos 2000, a companhia ampliou suas investigações poéticas e sociais, com os trabalhos Em Anexo (2005), Eu Sinto a Terra Mover-se… (2006), Des-encaminhado e Sobre um Paroquiano (2007), inspirada no texto Um Paroquiano Inevitável de Hermilo Borba Filho, que circulou por várias cidades do interior de Pernambuco, Igual sem Igual (2008), Três Mulheres e um Bordado de Sol (2014), um espetáculo que entrelaça as trajetórias e as sensibilidades de Clarice Lispector, Edith Piaf e Frida Kahlo, O Tempo Passa e O que Cabe em Mim (2017), Um Pano que Limpa o Tempo (2023) e, agora, Das Dores (2025).

Em Das Dores, essa tradição de criar a partir das urgências do real se renova. Em conversa com Sandra Rino, intérprete-criadora da performance, compreende-se que o processo emergiu de experiências pessoais e de relatos de mulheres que viveram relacionamentos abusivos. A artista descreve a obra como um organismo vivo: a cada apresentação, os sapatos mudam de lugar, os gestos se reconfiguram e os sentidos se reinventam. Essa impermanência espelha a própria condição da dor e da resistência feminina — sempre em movimento, sempre por refazer.

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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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