Corpo de Dança do Amazonas faz curta temporada na Caixa Cultural Recife
Imagens – Ruth Jucá, Wellington Dantas e Marcelo Rebouças
O Corpo de Dança do Amazonas (CDA) foi criado em 1998 pelo Governo do Estado do Amazonas, através da Secretaria de Cultura, para compor os corpos artísticos do Teatro Amazonas. A enorme equipe mantém uma programação artística com repertório que apresenta a diversidade cultural local por meio da pluralidade da dança contemporânea. Para isso, tem realizado criações com a colaboração de artistas convidados do Brasil e do exterior. Através do projeto “Um Norte Que Dança”, o elenco aporta na capital pernambucana a partir desta quinta-feira para cumprir temporada com três diferentes espetáculos na Caixa Cultural Recife (Av. Alfredo Lisboa, 505, Praça do Marco Zero, Bairro do Recife. Tel: 3425 1906), Cabanagem (por duas quintas-feiras), A Sagração da Primavera (por duas sextas-feiras) e Milongas (por dois sábados), todos com ingressos populares a R$ 10 e R$ 5.
O espetáculo de estreia, Cabanagem, com 45 minutos de duração, apropria-se da essência da revolta popular homônima onde negros, índios e mestiços insurgiram contra a elite política na região Norte do Brasil, no período regencial, e utiliza a linguagem do coreógrafo Mário Nascimento para traduzir o espírito de resistência, luta, revolta e preservação das culturas de determinado local. Diversas batalhas fizeram com que o movimento ficasse marcado pela violência. “Busquei a essência da Cabanagem em muitas andanças pela cidade de Manaus, em contato com as pessoas da rua, com a arquitetura. Além da literatura sobre aquele momento, isso serviu de fonte de pesquisa e desenvolvimento da obra”, afirma Mário Nascimento, cuiabense radicado em Minas Gerais. A pesquisa para o espetáculo partiu também da literatura dos escritores amazonenses Márcio Souza e Marilene Corrêa. “Cabanagem” já foi visto no Teatro Luiz Mendonça, em 2011, dentro da programação do Festival palco Giratório do SESC.
Já A Sagração da Primavera, com 36 minutos de duração, é uma obra que retrata a visão fugaz de um ritual pagão eslavo no qual uma jovem dança até a morte, como oferta ao Deus da Primavera. Com música magistral de Igor Stravinsky, a encenação foi concebida originalmente por Vaslav Nijinsky para a companhia Ballets Russes, do empresário Sergei Diaghilev e, tanto música como coreografia, revolucionaram a arte desde então. Os coreógrafos amazonenses Adriana Góes e André Duarte retiram a obra do seu contexto inicial e fazem uma releitura imersa na cultura indígena: a sagração se passa no Ritual da Moça Nova, cultura característica da tribo Tikuna, a fim de simbolizar a morte do corpo infantil e nascimento do corpo adulto para uma mulher. Bastante aplaudida, “A Sagração da Primavera” foi apresentada no ano passado, no Teatro de Santa Isabel, na programação da 12ª Mostra Brasileira de Dança.
Por fim, Milongas, com 45 minutos de duração e direção artística de Monique Andrade e Getúlio Lima, é um trabalho de dança contemporânea que funde as técnicas de balé clássico e de tango. Apresentado pela primeira vez em 2010, mas ainda inédito em Pernambuco, o espetáculo foi remontado com novo formato e vem ressaltar a contemporaneidade dos estilos, unindo o tango tradicional com o eletrônico, e a dança de salão com a dança contemporânea, sem perder a essência das milongas, que surgiu como estilo musical e como dança em Andaluzia (Espanha), no fim do século XIX, tornando-se popular no subúrbio de Montevidéu e Buenos Aires. Mais tarde, a milonga foi absorvida pelo tango. Cada trabalho conta com 16 ou 17 bailarinos em cena. Ou seja, com este repertório formado por três diferentes obras, o Corpo de Dança do Amazonas pretender mostrar ao Recife a diversidade do dançar em terra amazônica. A produção executiva é do produtor João Fernandes e a direção artística é de Getúlio Lima.