“Os Superficiais” volta ao palco do Teatro Arraial
Imagens – Divulgação
Depois de ter circulado por vários espaços da Região Metropolitana do Recife em 2015, o espetáculo Os Superficiais está de volta ao Teatro Arraial Ariano Suassuna, para cumprir uma temporada que começa nesta sexta-feira (21) e segue até o próximo dia 5 de novembro. Fruto de uma investigação dos tipos de relações estabelecidas no mundo pós-moderno, fortemente marcado pela velocidade e superficialidade nas interações sociais, a montagem de dança, que marca os 15 anos da Cia. Etc., retoma as memórias pessoais de seus bailarinos para propor uma obra, um jogo ou uma brincadeira que aposta na tão recorrente exposição pessoal, na cópia compartilhada como original, na velocidade e volume da informação, na superficialidade do conteúdo, na interrupção das ação e na dificuldade de manter um só foco de atenção.
Com direção de Marcelo Sena, o espetáculo inspira-se nas redes sociais virtuais – nossas mais atuais e já imanentes formas de comunicação e relações humanas, e mostra a lógica de um tempo linear que tem encontrado cada vez menos espaço nas experiências pessoais, influenciando, inclusive, na nossa maneira de construir e salvaguardar nossa memória. “Os Superficiais toma isso como mote para misturar, interromper, passar por cima, catar vestígios das memórias, juntar destroços e espalhar confetes em cima disso tudo que compõe nossas vidas, com ou sem smartphones, televisão, internet, produtos, artes e pessoas”, conta Sena.
A montagem contou com a colaboração dos artistas Elis Costa, José W Júnior, Marcelo Sena e Renata Vieira, que travaram longos e diversos laboratórios de dança, realizaram leituras relacionadas às novas teorias da neurociência sobre a memória e sobre o uso da consciência, além de compartilharem suas experiências corporais como profissionais da dança e também as mais pessoais, que passeiam nesse campo frágil que é a memória, tecendo uma rede de experiências em comum e outras tantas divergentes presentes na dramaturgia corporal da montagem.
A trilha sonora de Marcelo Sena partiu de referências musicais e elementos sonoros que servem como mais um estímulo à ativação das memórias físicas e afetivas. A cenografia, cujos elementos visuais foram pensados e construídos pela companhia, explicita a proposta do jogo, demarca território, ocupa o espaço (público ou não), embala de ludicidade os olhos e as lembranças, doces ou amargas, que sobre ele se desenham. Marcondes Lima entra de cabeça no risco de criar um figurino que possa dialogar com tudo isso, mas que também possa ser contraditório e até mesmo sem sentido em meio a tantas informações sobrepostas e conflitantes, criando outras peles a serem vestidas e despidas com a velocidade com que fazemos ou desfazemos amigos em nossas redes sociais. O espetáculo será encenado às sextas-feiras e aos sábados, às 20h.