“Soledad” completa um ano com apresentação no Teatro Hermilo

Imagens – Divulgação
Fruto da compreensão do papel da arte como instrumento de resistência e reinvenção humana, mas também diante da atual e conturbada conjuntura política do país, o Grupo Cria do Palco, responsável pela montagem do espetáculo Soledad – a terra é fogo sob nosso pés, decidiu comemorar o primeiro aniversário da obra no palco. E não será em qualquer um, mais uma vez o Teatro Hermilo Borba Filho abre suas portas para apresentações da peça, onde estreou e fez sua primeira temporada. Como parte da festividade, serão realizadas duas únicas apresentações, sempre às 20h, nos dias 01 e 02/09. Na ocasião, também serão comemorados os 37 anos da anistia brasileira. No primeiro dia, após a encenação, serão homenageados: ex-prisioneiros políticos, militantes da época em gratidão a entrega de suas vidas na luta pela democracia e pessoas que contribuíram com o processo de montagem do solo.
O enredo da peça aborda a história da militante paraguaia Soledad Barrett Viedma, que nasceu em 1945. Seus pais e irmãos mais velhos já eram militantes e dedicavam quase que integralmente suas vidas à luta. Sua história é desenhada em meio aos embates sócio/políticos de sua família. Os exílios políticos faziam parte da sua vida desde muito nova. Antes dos 12 anos foi do Paraguai à Argentina. Em seguida voltou ao Paraguai e ainda criança começou a levar recados de sua mãe aos dirigentes comunistas. Posteriormente foi mais uma vez foi exilada, dessa vez para o Uruguai.
Aos 17 anos, com toda a família finalmente reunida é sequestrada por um grupo de neonazistas, que gravam a suástica em suas pernas. Logo depois do episódio, segue para a Rússia, onde estudou teorias comunistas, e em 1967 vai para Cuba, treinar para a luta armada. É quando se casa com o ex-marinheiro brasileiro, José Maria Ferreira de Araújo, com quem teve uma filha, Nasaindy Barrett de Araújo. Em meados de 1970, José Maria retorna ao Brasil e no mesmo ano é entregue, preso e torturado até a morte. Cerca de 2 (dois) anos depois, em meio a uma missão no Brasil, Soledad também foi entregue, junto a outros cinco militantes, pelo seu então “companheiro”, o infiltrado da Polícia, Cabo Anselmo. Ela estava grávida dele.