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Home›.Tudo›#16 Urgências do Agora | É proibido entrar sem máscara

#16 Urgências do Agora | É proibido entrar sem máscara

Por 4 Parede
28 de outubro de 2020
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Arte – Rodrigo Sarmento

Por Everton Lampe

Artista LGBTI+, Educador, Doutorando e Mestre em Teatro (UDESC)

Nos últimos quatro anos[1], realizei mergulhos em um conjunto de práticas que me possibilitaram realizar uma atualização para noções de máscaras em contextos cênicos, que perpassam poéticas artísticas e movimentos sociais contemporâneos[2]. Nesta pesquisa, venho me atentando para materialidades como: camisetas, capuchas, pasamontañas, balaclavas, que, aproximadas ao corpo, criam máscaras pluriversas junto dos contextos em que acontecem, enquanto aparição. Especificamente sobre estas máscaras mapeadas, enfatizo a importância política enquanto máscaras de posição.

As máscaras acontecem no encontro entre o que, de antemão, elas representam ideologicamente no imaginário comum, junto de quem se relaciona com elas. O acontecimento não se trata nem da máscara em si ou da pessoa mascarada, mas das experiências e diretrizes ideológicas entre o sentido da máscara e as ações de quem a utiliza. Assim, é possível criar uma ética comum de “aparição” das máscaras de posição, no sentido de um fantasma, um sem rosto que ronda nosso imaginário social.

Com ênfase: insurgente, anti-hegemônica e de interesse coletivo, chego na noção de “incorporação” como sendo o processo do que acontece entre máscara e corpo, a partir do homônimo “incorporar a revolta” presente em um dos parangolés e provocação constante do artista brasileiro Hélio Oiticica, para a invenção de imagens e experiências estéticas políticas.

Ao analisar a posição de determinadas máscaras do nosso tempo, pude, então, afirmá-las como máscaras de posição a partir de elementos que constituem interesses comuns entre si, como também pelo que suas especificidades nos revelam. Pois as máscaras de posição aprendem enquanto ensinam, mantêm seu direcionamento ideológico a partir do contexto que atuam e se estruturam politicamente a partir da perspectiva da “digna raiva”, como diriam os povos originários rebeldes mascarados, os Zapatistas mexicanos. Nessa perspectiva, a dignidade da raiva se coloca contra regimes de repressão política e moral, através de práticas que incitem  a justiça social, pelas escolhas das imagens políticas que publicamos no mundo.

As máscaras de posição acompanham pessoas historicamente racializadas pelo “Branco Colonizador”, sendo elas: pessoas pretas e indígenas, como também abre espaço para que pessoas brancas racializadas e em processo de revisão histórica dos privilégios da branquitude, se aliancem em pautas coletivas e tomada de posição política contínua, contando ainda com a intersecção entre mulheres, homens, trans, cis e pessoas não binárias, e ainda, LGBTTI+, anticapitalistas, ativistas gordes e pessoas empobrecidas. Não sendo aquelas máscaras apropriadas por sujeitos socialmente bem assimilados no capitalismo, para tratarem de temas ou fatos que não se engajem cotidianamente para combater.

Em um primeiro estudo sobre a posição das máscaras e, então máscaras de posição, me atento para as táticas Pink Bloc e Black Bloc, dos movimentos anticapitalistas. Trato de encenações como Mateluna e Escuela de Guillermo Calderón (Chile), Eles não usam tênis nike, da Cia Marginal – (RJ), Treta, da Original Bomber Crew (PI), máscaras em manifestações feministas pela descriminalização do aborto seguro e gratuito em toda América Latina, Este lado para cima, da Brava Companhia (SP), entre outras.

As máscaras de posição possuem perspectiva ideológica a fim de construir autonomia no campo da educação, trabalho e bem viver, antirracismo, feminismo, luta LGBTTI+, luta de classes, direito à cidade, ao campo. Na maioria das vezes, são incorporadas por sujeitos que sofrem tais violências, como ato de revolta; e são incorporadas também, em menor escala, por pessoas aliadas e de engajamento contínuo nas lutas correspondentes aos contextos que aparecem; e não mais que estas.

As máscaras junto dos corpos, enquanto incorporação, corporificam estados de revolta e criam imagens de resistência e tensão para a sociedade. De um modo geral, percebo em todas estas máscaras o trânsito, desde seu sentido socialmente insurgente até a produção de corpos rebeldes.

 

Está proibido entrar sem máscara!

Então, durante a construção de tal mapeamento e dos problemas sociais já existentes no contexto das máscaras analisadas, surge a pandemia mundial e com a COVID-19[3] a necessidade de tratar, ainda, de uma máscara que se espalha para além dos espaços sociais do teatro e dos movimentos sociais, ultrapassando o seu sentido tático e estratégico a nível das intersecções da cena contemporânea. Assim, elas tomam as ruas enquanto “máscaras contra o coronavírus”, uma questão de saúde pública, cuidado coletivo e, em alguns locais, sendo de  uso obrigatório e se espalhando como a mais nova realidade estética.

O uso de máscaras durante a pandemia  reflete imediatamente posição e condição política dos cidadãos, tanto daquelas pessoas que se atentam para a responsabilidade e  cuidado coletivo, através de novos acordos, modos de circulação e interação social, quanto de negação da realidade pandêmica, através de corpos intencionalmente não mascarados. Ao negarem o uso da máscara, esses corpos buscam se afastar da responsabilidade de reinvenção dos modos de convívio em sociedade, uma vez que, sem as medidas de segurança, nos tornamos mais vulneráveis a contaminação e transmissão do vírus.

É fato que diversos trabalhadores nunca puderam ter a chance de parar de trabalhar e deixar de se expor a riscos durante este período, enquanto outras pessoas tendo maiores condições de reduzir a circulação, ou mesmo realizar uma quarentena, se mantiveram em espaços de consumo, lazer, sem negociar os privilégios individuais com as necessidade da vida coletiva.  Já que as máscaras e o conjunto de responsabilidades coletivas para o período supostamente anulam as expressões e desejos individuais e caminham rumo a alguma, ainda que frágil, noção de igualdade ou de condição de similaridade. Negar a máscara é negar também a responsabilidade da vida comum.

Por outro lado, a negação política de qualquer senso de coletividade, pelo ato de não usar máscara, vai abrindo espaço paralelamente para algumas medidas de segurança apenas quando os índices de morte aumentam e são amplamente divulgados ou quando pessoas próximas passam pela experiência de contágio, criando uma via de mão dupla entre o usar, o não usar e ainda o se cansar de usar a máscara. Como se cansa do cabelo, roupa, cor das unhas, barba etc.

A condição geral a que estamos fadados de que o vírus permanece circulando e que precisamos criar estratégias de proteção coletiva diante deste contexto, só está se mostrando possível através de redes de apoios e cuidados múltiplos, já que não vem do governo federal medidas de segurança e bem estar social.

Ao mesmo tempo, a aceitação do uso da máscara em um contexto de pressão estética, capitalismo e consumo, nasce para muitos sujeitos, com a condição de que mesmo de máscara a individualidade seja reiterada. Então, esta necessidade agenciada à necessidade de ver e ser visto, cria imediatamente um eixo de mercado para a comercialização de diversos modelos, cores e estéticas que realcem os gostos e estilos dos sujeitos mascarados no capitalismo.

A máscara, como o mais novo bem privado, ainda reitera a desigualdade social entre quem possui e quem não possui máscaras, já que em toda Abya Yala[4] colonizada e em outros territórios, mesmo que a máscara seja de uso obrigatório, ela não chega para todos os sujeitos. Pessoas precarizadas pelo Estado capitalista, são privadas das máscaras e muitas vezes não vão circular por espaços como hospitais, supermercados e shoppings centers; tampouco serão vistos, lembrados. Ou, então, serão mais facilmente ignorados.

Povos originários, pretos, quilombolas, povos tradicionais, em situação de rua e periféricos, são alvos certeiros do Estado e do coronavírus, uma vez que o contágio acontece pelo modo com que são estruturalmente desassistidos e sofrem violências nas instituições de saúde e acompanhamento social, quando chegam a acessar algum serviço.

Falo da falta de acolhimento social, de políticas públicas de proteção, de testes de COVID-19 que não chegam nas comunidades, de acompanhamento médico e de segurança por parte do poder público. Já que, com ou sem máscaras, esses sujeitos e seus territórios são perseguidos pelos interesses empresariais e aparelhos do Estado, através da polícia e de ações nebulosas da justiça.

Onde é inadmissível que a polícia siga invadindo de modo truculento comunidades, ainda mais em meio a pandemia, resultando em altos índices de morte por assassinato, pois antes, durante e depois do coronavírus, esses corpos que vivem nas periferias, lidam com a violência estrutural do Estado de modo mais intensificado. Onde também a polícia se torna tão ou mais perigosa que COVID-19. Então, para quem o ato de se mascarar representa ou pode ser em si, sinônimo de proteção, segurança e tomada de posição?

As máscaras são tensionadas nas artes e na sociedade a depender das convenções que provoquem ou que busquem desestabilizar ao revelarem insatisfação de um estado atual de como nos vemos, somos vistos e produzimos as realidades que queremos; ou sendo a corporificação do desejo de transformação da realidade que não desejamos mais ser, através de experiências de incorporação da máscara.

No Brasil, o cotidiano mascarado – que antes era lido em vias gerais como parte de um imaginário da vida no oriente, de burcas à poluição de grandes cidades – passa a ser também a condição de circulação para aqueles que transitam por espaços públicos e coletivos do lado de cá, em razão de um vírus que reposicionou os limites e problemas das fronteiras mundiais.

Por aqui, o poder público negligencia constantemente cuidados, modos de controle e caminhos de acolhimento das pessoas infectadas pelo coronavírus. A pandemia se tornou um grande pacto de silenciamento genocida com mais de 100 mil mortes notificadas até o mês de agosto de 2020.

O uso de máscaras e novos comportamentos coletivos, como o distanciamento social, tornam este momento histórico também altamente estético. O poder simbólico das máscaras e dinâmicas em transportes públicos, estabelecimentos comerciais e espaços coletivos, são disputados através de autocuidado e cuidados coletivos, com aqueles que se recusam a repensar as dinâmicas de circulação nas cidades a partir da nova realidade pandêmica.

Fica evidente o poder das mídias sociais para ampla informação sobre o período de pandemia, assim como os problemas advindos, por exemplo, do incentivo a remédios sem prescrição médica confiável e omissão de dados por parte do governo, junto da falta de investimento do poder público em medidas de proteção da população ou ainda das notícias falsas que se espalham com força desde as últimas eleições presidenciais até o presente momento. Através, por exemplo, de lives de figuras públicas[5], sejam elas jogadores de futebol, empresários, artistas, políticos, líderes religiosos, entre outros.

Isto porque, em um país extremamente desigual como o nosso, acesso a materiais de proteção, higiene, produtos industrializados de limpeza, serviços médicos, além do acesso à educação crítica que possibilite percepções mais conscientes do problema em questão, são substituídos pelo distanciamento das pessoas das decisões e do poder de transformação da realidade coletiva.

Em Santa Catarina, cidade que habito, foi possível ver em poucas semanas a reverberação do afrouxamento contra as medidas sugeridas pela Organização Mundial de Saúde OMS, resultando no aumento de contágio em todo o território do Estado. Isso porque,  mesmo a máscara sendo uma medida de segurança, isoladamente, ela não consegue criar uma proteção integral para trabalhadores que são submetidos às longas jornadas de trabalho presenciais, ou qualquer pessoa que não execute hábitos regulares de cuidados com alimentos, roupas e outros pertences com contato externo, pelos diferentes motivos que fazem com que tal prática não aconteça.

Mascaradas desde março de 2020, as pessoas geraram estranhamento e foram lidas como ameaças por aqueles que circulavam sem máscaras nos espaços coletivos. Essas novas figuras “anônimas” mascaradas que começaram a surgir pelas ruas e estabelecimentos, dentre outras coisas, arruinavam a ideia de normalidade, de que dali para frente as coisas se manteriam como estavam. Rapidamente começaram os olhares e murmúrios sobre o porquê de os sujeitos estarem mascarades, uma vez que oficialmente o governo não advertiu positivamente e sobre o uso de máscaras.

Passamos coletivamente pelo processo de aceitação, desconfiança, medo e de uma nova realidade, vinda em muitos espaços pela obrigatoriedade do uso de máscaras. Através de uma educação mútua das ruas num país tão desigual em que nem todo mundo sabia, sabe e saberá o que de fato está acontecendo, restou a comunicação informal e a influência da internet, para que em poucos dias a máscara passasse a ser, para muitos brasileiros, sinônimo de proteção e para tantos outros, sinônimo de abandono.

A posição do governo federal contraria as  medidas de proteção coletiva,  deram força para que um grupo de pessoas interessadas prioritariamente na reabertura de suas empresas, seguissem frequentando espaços de consumo e se colocassem também contrárias ao uso de máscaras, resultando em manifestações pedindo a volta dos serviços e aberturas dos comércios em meio à pandemia.

Em meio a estas contradições entre o uso e não uso das máscaras e de outras medidas de proteção, o mascaramento se torna um símbolo de aliança coletiva frágil, pois aponta imediatamente para um retorno da “normalidade” por parte de quem se mantém contrário ao seu uso, logo, com a falta de comprometimento e responsabilidade com a vida coletiva.

Se considero atualmente o uso das máscaras no contexto de “coronavírus” como máscara de posição, talvez seja aquela que está no corpo de trabalhadores, em diversas partes do mundo, não pelo trabalho que realizam em plena pandemia, mas pelo que suas presenças expostas ao vírus revelam enquanto falta de escolha sobre poderem estar em casa ou terem que assumir, em meio ao caos, seus postos e locais de trabalho. Assim, são corpos mascarados que denunciam a desigualdade das condições de emprego e de cuidado, pois possuem vínculos frágeis de serviços remunerados e muitas vezes são responsáveis pela manutenção econômica de pessoas para além de si.

Busco salientar que o uso de máscara não faz com que automaticamente quem a incorpore assuma a tomada de posição insurgente ou revolucionária sobre algum processo ou tema coletivo.  O que é possível afirmar é que ela faz com que muitas pessoas passem a olhar para si também como responsáveis sobre como sucederá o processo de sociabilidade daqui para a frente, nas decisões e modos com que organizam suas ações no mundo e em que medida o desconforto do uso da máscara traz consigo um conjunto muito maior de questões implicadas nesta condição atual.

 

Proibido entrar sem máscara, por favor não insista!

A hashtag #fiqueemcasa vai sendo aos poucos substituída por saudades do mar, de familiares, amigos, dos espaços de diversão e convívio. Com isso, níveis de exaustão e privilégio autorizam e reforçam o retorno para as atividades de sociabilização de modo indiscriminado.

Além do fato já citado de diversos cidadãos não terem acesso à quarentena, e tampouco poderem escolher sobre ter que se expor aos ambientes de trabalho, o que resultou em muitos, no desejo e senso de justiça que os autorizam a se colocarem também nos espaços de diversão como contraponto à realidade de exploração. A desigualdade social ultrapassa a máscara e se mostra como condição inegociável.

De fato, refletir sobre determinados aspectos de mudança nas relações, de modo individual e coletivo é em diferentes movimentos sociais, um dos principais modos de levantar acordos para o convívio além do que está estabelecido nos regimes de Estado, onde a colaboração e a autonomia avançam para outras sociabilidades possíveis.

Agir durante este período de pandemia, vem sendo a condição de diferentes movimentos sociais que não conseguiram parar suas atividades, muito pelas incertezas sobre o futuro, ainda mais diante do descaso do Estado. As lutas sociais se mantêm em meio ao coronavírus, pela sobrevivência, seja ela relativa à fome, saúde mental, sustento, luta por território, contra a violência policial entre outras.

Realizar atos públicos com segurança, também está sendo um desafio para mascarades. Nesse sentido, para quem não vai às ruas, é importante considerar que ações individuais, ainda que sejam insuficientes neste período de isolamento, não se tornam menos fundamentais do que as responsabilidades e ações coletivas.

As máscaras de posição, do coronavírus e de legitima defesa, possuem marcadores raciais, de classe, gênero e sexualidade e além de outros interesses específicos, produzem identidades, ao mesmo tempo que servem para afirmar a individualidade. São ainda criminalizadas e autorizadas pelo Estado, a depender de quem realiza as ações.


Notas de Rodapé

[1] Tempo em que venho trabalhando sobre a pesquisa de doutorado intitulada “Outra máscara é possível” no PPGT – UDESC, sob orientação da Draº Fátima Costa de Lima.

[2]  Dentre as iniciativas estudadas na perspectiva das máscaras de posição, estão as táticas Pink Bloc e Black Bloc enquanto realidade estética. Busquei através de um artigo junto da pesquisadora Fátima Costa de Lima na Revista Urdimento de estudos teatrais, enfatizar o caráter de posição de tais máscaras no contexto de atos estéticos.  Disponível AQUI

[3] Sobre  covid-19: “O vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) havia provocado um surto na Ásia entre 2002 e 2003, infectando 8 mil pessoas e matando quase 800. Os coronavírus são uma família grande de vírus. Centenas deles circulam entre animais como veados, camelos, morcegos e gatos.O Sars-CoV-2, que provoca a covid-19, é apenas o sétimo coronavírus que – cientistas acreditam – passou de um animal para os humanos. (PRESS, C; JUNG, B., 2020, s/p) “. Disponível AQUI

[4] Geograficamente o território de Abya Yala vem sendo a tomada de posição epistemológica e territorial de reagrupamento após fragmentação colonial dos povos originários diante das destruições globais ocasionadas pelo desenvolvimento capitalista em todo o mundo. E tratando mais especificamente neste continente: “ABYA YALA, na língua do povo Kuna, significa Terra madura, Terra Viva ou Terra em florescimento e é sinônimo de América. (…) Abya Yala configura-se, portanto, como parte de um processo de construção político-identitário relevante de descolonização do pensamento e que tem caracterizado o novo ciclo do movimento dos povos originários. A compreensão da riqueza dos povos que aqui vivem há milhares de anos e do papel que tiveram e têm na constituição do sistema-mundo tem alimentado a construção desse processo político-identitário. (…) A escolha do nome Abya Yala, dos kuna, recupera a luta por afirmação dos seus territórios de que os Kuna foram pioneiros com sua revolução de 1925, consagrada em 1930 no direito de autonomia da Comarca de Kuna Yala com seus 320 mil e 600 hectares de terras mais as águas vizinhas do arquipélago de San Blas. (PORTO-GONÇALVES, 2009, s/p). Disponível AQUI

[5] Sobre este aspecto, as máscaras já apareciam em minhas pesquisas em 2017 no experimento “Brasil em Jogo” que realizei junto de companheiras do Coletivo Mapas e hipertextos. Onde realizamos experiências entre: vida política, máscaras e futebol. Disponível AQUI

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A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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