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Home›.Tudo›Palavra, gesto e voz | Crítica – Vaga Carne

Palavra, gesto e voz | Crítica – Vaga Carne

Por 4 Parede
10 de julho de 2023
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Imagem – Divulgação

Por Rita Luna

A sala do teatro está completamente escura.

Uma voz ecoa no espaço e discorre sobre suas experiências em adentrar matérias: estalactites, cães, patos e cremes. Imperativa, ela segue assim do começo ao fim de Vaga Carne, monólogo de Grace Passô.

 Vozes existem e elas são vorazes.

Em Memórias da Plantação, Grada Kilomba (2008) nos diz que o ato de falar e ouvir estão correlacionados: “Aquelas/es que não são ouvidas/dos se tornam aquelas/es que “não pertencem”. No livro, a intelectual faz uma analogia entre a máscara de flandres – objeto de ferro que atava as bocas de pessoas negras impedindo que elas falassem ou comessem – e o sistema racista vigente, esse enquanto um atualizador de silenciamento de pessoas negras e suas experiências.

 “Ei, mulher, você quer falar alguma coisa? Fala! Você quer fazer um discurso? Faça! Quer que eu fale por você? Eu falo”, diz a Voz.

A Voz de Vaga Carne invade o corpo de uma mulher negra. Há um momento na peça em que a Voz convida a plateia a também invadir o corpo dessa mulher com palavras, com o intuito de fazer a Carne dizer. Ao receber as palavras, a voz as devolve com gestos e entonação, expandindo, invertendo ou combinando os sentidos entre elas. Duas palavras dadas pelo público foram democracia e homem. Escrevo esse texto no final do ano de 2022, após ter assistido a uma filmagem do espetáculo realizada em 2018. Acredito ser importante indicar a passagem do tempo desde a estreia até chegar a mim. Dois processos eleitorais extremamente importantes atravessaram essa escrita e, ao assistir o espetáculo, essas duas palavras e os movimentos realizados por Passô me parecem representativas para aquele período,  ecoando até nos dias de hoje.

democracia – homem

 No ano de 2018, esse substantivo feminino, democracia, passou por um dos seus piores momentos na história do Brasil. Neste ano foi eleito um homem abertamente antidemocrático. Ao repetir democracia e homem no palco, fazendo uma combinação de gestos e seus significados conjuntos, o corpo da atriz entra em colapso, projetando gestos boçais e rudes, como se estivesse mimetizando aquele período específico. Assim, a palavra aparece como um dispositivo e o momento histórico como significador. Democracia e homem: estado democrático e a noção de masculinidade que parece inerente às duas palavras geram uma espécie de curto-circuito quando combinadas em performance.

“A cocaína, o crack e o café devem ficar loucos aqui assim como eu.”

Dentro do corpo da mulher, a Voz descobre que tudo está sempre se movimentando. O corpo é como uma máquina que nunca para, tudo corre, bate, pulsa, contrai, morre e renasce ao mesmo tempo. Qualquer parada no corpo é um risco, um fim que pode ser imediato ou não, mas com certeza é um fim. A voz passa a atribuir ao corpo caráter determinante. As coisas reagem ao corpo tanto como o corpo as coisas. A carne daquela mulher não é lugar de indiferença. Até quando não se usa palavras, ela comunica. O corpo que antes era um objeto a ser dominado e preenchido, passa a ser um lugar de aprendizado para a Voz. Confiando na sabedoria dos gestos e citando Leda Maria Martins (2009): “Como sopro, hálito, dicção e acontecimento, a palavra proferida grafa-se na performance do corpo, lugar de sabedoria”.

A palavra é importante, entretanto, sozinha ela não teria a potência necessária. São fundamentais, corpo e performance, para aguçar os sentidos que podem caber nelas. A entonação aplicada e os gestos realizados ampliam os sentidos das palavras. A voz é um caminho, uma ideia, uma intenção diante de algo. Da mesma forma que a Voz não cabe na carne, o significado não cabe na palavra. É preciso muito mais. Retomando Kilomba (2008), “o ato de falar é como uma negociação entre quem fala e quem escuta”.

Para que uma voz seja verdadeiramente escutada é fundamental existir um ouvinte. As vozes que falam sobre experiências negras muitas vezes são ignoradas ao se expressarem por meio das palavras. Entretanto, a voz aliada ao gesto pode assim raquear mais um sentido de atenção. O gesto tem a capacidade de sobrepor o que é dito com a boca ao expressá-lo com o corpo. Quando o espetáculo está próximo ao fim, a Voz escapa do corpo dessa mulher sem conseguir defini-la, conceituar a carne é exaustivo.

Este texto resulta da Oficina de Crítica Teatral: Outros olhares, outras escritas, ministrada por Rodrigo Dourado, Lorenna Rocha e Bruno Siqueira.

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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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