Magiluth estreia “O ano em que sonhamos perigosamente” no Teatro Apolo
Imagens – Renata Pires | Cartaz – Thiago Liberdade
O ano em que sonhamos perigosamente é o oitavo trabalho do grupo Magiluth. Uma soma dos onze anos de trajetória do grupo com o momento atual em que vivemos (política, movimentos, ocupações e a natureza das coisas). O trabalho teve como disparadores iniciais, a obra cinematográfica do grego Yorgos Lanthimos e os pensamentos de Slavoj Zizek e Gilles Deleuze.
É uma obra aberta a múltiplas interpretações, um ensaio de resistência ético-estético-político, são linhas, não formas pré-estabelecidas. Pode-se fugir, esconder, confundir, sabotar, cortar caminho. Não que existam caminhos certos. Existem caminhos certos? Não sabemos. Há, porém, a subjetividade e todas as suas nervuras e ramificações. Não há um modelo fechado. Não há ligação definitiva. São linhas de intensidade, apenas linhas de intensidade.
Os movimentos emancipatórios que desabrocharam mundialmente, a exemplo do Occupy Wall Street, a Primavera Árabe e da Revolução Laranja na Ucránia, ainda que distintos em suas expressões e questionamentos, de alguma maneira reverberaram no Brasil em Junho de 2013. Outro rizoma desses “sonhos emancipatórios” é o Movimento Ocupe Estelita que se torna latente e pulsante nos nossos corpos e discurso. Uma percepção racional do mundo? Um zeitgeist talvez. Colocaram uma lupa na crise do capitalismo e por consequência, na crise dos modelos de poder dos estados. Assim como Lanthimos enfoca conflitos familiares para falar sobre o colapso nacional grego, O ano em que sonhamos perigosamente utiliza o próprio “fazer teatral” para questionar o momento político atual.
Cinco homens treinam. Buscam novas formas e composições de/para construir algo belo, algo que ainda não se sabe o nome. A ação, por si mesma e em si mesma, não muda. As pessoas, sim. As pessoas dançam. O ano em que sonhamos perigosamente foi contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2014 de montagem. A dramaturgia é fruto do projeto Jogo Magiluth: Manuntenção de Pesquisa, pelo Funcultura 2013/2014, e recebe apoio do Centro de Formação e Pesquisa Apolo-Hermilo pelo edital de pesquisa 2015.1.