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Home›.Tudo›Crítica – Canção das Filhas das Águas | Sobre buracos negros ou A instabilidade é componente elementar

Crítica – Canção das Filhas das Águas | Sobre buracos negros ou A instabilidade é componente elementar

Por 4 Parede
17 de novembro de 2020
1913
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Por Lorenna Rocha
Licencianda em História (UFPE), pesquisadora e crítica cultural

Caos. Um rosto parcialmente revelado se destaca em meio a um fundo preto. Sem corpo, o mergulho na escuridão cria a sensação de vazio, que se acentua no discurso proferido acerca das formas iniciais de vida no Universo, por meio dessa existência não-identificada. Na tela, a centralidade do órgão mais importante – a boca – materializa o desenho de um buraco negro. A gestualidade de sua fala ganha intensidade através de frases que são articuladas com tom professoral. Desdenhando das formas de vida, sobretudo as lidas como humanas, o rosto se duplica na mesma pretura: um processo de mitose das células; um jogo de atrito entre as imagens que performam diferentes estados de presença. Em Canção das Filhas das Águas (2020), moléculas tornam-se criaturas de contornos ameaçadores.

O agrupamento das águas com os sedimentos mais simples da explosão cósmica possibilitou a materialização da vida humana. Laís Machado entra em cena, na tela. Se, antes, suas aparições fragmentadas davam vigor às partículas elementares, assumir sua forma humana elabora na imagem seu processo de autodecomposição, que recusa qualquer formato pacífico e contemplativo para que ele aconteça. Como lançar-se nos componentes que são constituintes de nossa própria carne? E, por que retornar a eles? O buraco negro, esse campo de força, é desenhado em seu próprio corpo. Nesse corpo-carne-matéria, instabilidade é componente elementar.

A câmera em close acompanha a performer no seu processo de ingestão de um pó marrom, por intermédio de um garfo prata. No sutil contraste de cores, uma massa cósmica, de água e terra, forma-se na boca da performer. Ganhando outros contornos, o buraco negro consubstancia-se na tela, agora sobre um fundo branco. A explosão e o caos ocorrem dentro de Laís. Ao exibir seus dentes, língua e terra, o gesto de reintegração à matéria se cria a partir da conexão com elementos que são mais-que-humanos. Da terra, vibra o som de um coração pulsando lentamente. Do corpo, cria-se (ou reencena-se?) o colapso. O que nós sabemos sobre buracos negros?

Cascavilhar a própria carne, a própria casa, se dá na recusa. Aliás, é movimento intragável. Da terra que alimenta e também produz a fome, porque também é componente de sua própria matéria, digeri-la, comê-la, é tudo, menos fácil. Reconhecer os ingredientes de si mesma traça a rota para as somas de explosão. De um corpo onde nada escapa, o buraco negro se materializa em combustão terrosa, onde a instabilidade é massa produzida pela compressão dos corpos, efeito criado pela Maquinaria, que é a arquitetura jurídico-econômica colonial e nacional do mundo como conhecemos. Nesse caos, é possível conceber criaturas de contornos ameaçadores. 

Da rigidez e do gosto sólido da Maquinaria, o amálgama do caos e da instabilidade possibilita a transfiguração. A figura do buraco negro se modifica novamente sobre a tela. A boca torna-se vagina. A câmera em close no órgão genital dá início ao nascimento de outra criatura. A nascença é intercalada por imagens de ombros, costas e pescoço de um corpo meio pássaro, meio ser não-identificado, que se destaca em contraste com a pretura do quadro, remontando a sensação de vazio. A performance se adensa com batidas que se alternam e são rasgadas pelo canto de aves.

Da explosão é possível criar um novo começo? Um parto inicia-se. Ao retroceder a filmagem da concepção por alguns segundos, a imagem marca a violência do próprio ato, enquanto retorna a criatura para dentro do corpo que a expele e lhe possibilita vida. A Maquinaria cria aves rasgadeiras, de ações mais-que-humanas, que conhecem o caos, que são frutos da violência, da exposição: são criaturas instáveis, portanto ameaçadoras.

Em meio às ruínas, é possível ver a criatura entonando seu voo, junto ao instrumento percussivo que ganha substância na banda sonora da vídeo-performance. Vemos o corpo de Laís fora do registro de ações da corporeidade humana. Desnuda e coberta por tons avermelhados, a criatura tenta se ‘desfincar’ do solo, da terra. Mais um gesto de recusa. A câmera de movimentos instáveis se aproxima e acompanha os trejeitos descompassados de um corpo que possui olhos-faróis que parecem penetrar o horizonte como tentativa de alcançar seu objetivo. Na impossibilidade, o grito é elemento para manifestar aquilo que a carne-matéria não dá conta. Os grunhidos se fundem ao som dos pássaros. Na contradição entre aquilo que fere e liberta, o fracasso também é elemento composicional?

Após o parto, o corpo de Laís encontra-se com a espacialidade de uma casa. Água no solo, água sobre sua cabeça, água num vaso de terra. Ela se banha junto a um som do piano que, em composição com a luz que atravessa a janela de sua habitação, o vazio se reconfigura e alguma sensação de calmaria ganha espaço naquele ambiente. Contemplação ou inabilidade? Para onde foram aqueles campos gravitacionais intensos? I know a lot about black holes. And you don’t know anything about me, ela disse.

Em Canção das Filhas das Águas, a deformidade, o excesso e a convulsão criam campos de força que expõem as fraturas da rigidez de um sistema que foi feito para gerar caos e que orquestra a violência. Mas a Maquinaria produz suas próprias criaturas e elas estão dispostas a redistribuí-la. Em buracos negros, nenhuma matéria escapa, nem eles mesmos. Poderia, então, haver alguma similaridade entre eles e corpos negros? Dos detritos e da liquidez da água, espera-se o caos.

Imaginem a continuidade da explosão?

TagsAfro-diaspóricoCanção das Filhas das ÁguasLaís MachadoLorenna RochaNegritudesPandemiaPlataforma ÀràkàVídeo-performance
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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

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Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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