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Home›.Tudo›Crítica – Orunmilá | Travessia ancestral em expansão

Crítica – Orunmilá | Travessia ancestral em expansão

Por 4 Parede
12 de novembro de 2025
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Imagem – João Borges

Por Íris Cláudia e Lorena Carvalho Furtado

Ọ̀rúnmìlà transita entre os planos espiritual e físico, o Ọ̀run e o Àiyé, divindade a quem é atribuída a sabedoria e a divinação, oraculista que conecta mundos. O intérprete-criador, Orunmillá (Orun Santana) tece histórias com este testemunho dos destinos e suas simbologias, movimenta e articula evocações e dissoluções das existências através das filosofias Yorùbá e Bantu-Kongo, em busca de uma dança de/para um corpo oracular.

(Orun Santana).

Apresentado no Teatro Hermilo Borba Filho, no dia 24 de Outubro de 2025, como parte da programação do 28º Festival de Dança do Recife, Orunmillá — dança oracular é o segundo espetáculo solo de Orun Santana e se inscreve como continuidade de uma pesquisa que articula corpo, espiritualidade e memória ancestral. A obra leva o nome do próprio artista e do Orixá da sabedoria e da divinação, convocando desde o título uma caminhada entre ancestralidade, filosofia, identidade e corpo-memória.

Artista, bailarino, capoeirista, professor e pesquisador em dança e cultura afro, Orun cresceu e se formou no Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, fundado por seus pais, Mestre Meia-Noite (Gilson Santana) e Vilma Carijós, em 05 de outubro de 1988 e registrado em 1990, passando a funcionar desde então em Chão de Estrelas, Recife. Ali, a dança, a capoeira, a música e a coletividade atravessam cotidiano e ensino, constituindo o corpo como arquivo e como projeto comunitário. A ele se soma sua formação acadêmica em Licenciatura em Dança pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), resultando em uma corporeidade situada entre pedagogias ancestrais e experimentações contemporâneas.

Seu primeiro espetáculo solo é Meia-Noite, em homenagem ao pai, Mestre Meia-Noite, mestre de capoeira, bailarino e educador popular do Recife, e lhe rendeu o prêmio de Melhor Bailarino na 24ª edição do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, em 2018. O espetáculo circulou por palcos e festivais relevantes em Pernambuco, no Brasil e no exterior, incluindo o Itaú Cultural (SP), o Palco Giratório do Sesc e o Festival Lusofonia em Macau (China).

A criação de Orunmillá não nasce só. O processo conta com a colaboração de Marconi Bispo, performer e dramaturgo formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em Artes Cênicas, cuja participação contribuiu para a composição dramatúrgica e a estruturação sensível da obra. Essa parceria reforça a dimensão processual e compartilhada do trabalho, em que escuta, pesquisa e troca constroem o percurso cênico.

A ambientação cênica, composta por baixa luminosidade, elementos brancos, tecidos leves e uma cenografia reduzida, cria um espaço liminar, íntimo e sensorial, sugerindo rito, passagem e nascimento. Um saco de pó branco cai antes mesmo de o artista tocar o chão; ao descer pendurado no teto, Orun pisa, desliza e manipula o pó, marcando o corpo e o espaço como se consagrasse o território. A trilha começa com sons espaciais, instaurando uma atmosfera de suspensão: entre útero e cosmos, entre chão e órbita. Há leveza, vôo e flutuação, uma dança que respira gravidade e escuta o ar.

O figurino todo branco se transforma ao longo da obra: balaclava que se retira, calça que se abre e escoa, cinto que vira colar. Cada desamarração opera como gesto simbólico: revelar, nascer, atravessar. A gravação da mãe do artista narrando a escolha do seu nome comparece como ativação de linhagem; a incorporação do jogo de búzios costura destino, consulta e escuta. A ancestralidade não aparece como referência ilustrativa, mas como fundamento ontológico.

O vocabulário corporal transita entre danças de Orixás, gestualidades afro-brasileiras, frevo, hip hop, capoeira, caboclinho, maracatu e técnicas contemporâneas. Em determinado momento, a cena desloca-se da atmosfera ritual para pulsos urbanos: para uma atmosfera de rolê de rua, diversão, vida que pulsa e celebra, marcada por riso, movimento e presença viva no mundo. O corpo celebra, compartilha, convida, uma festa que não rompe o rito, mas o complementa. O movimento reivindica alegria como tecnologia de sobrevivência e potência estética.

Após a sessão, o artista menciona o estigma de se esperar que corpos negros dancem apenas danças populares tradicionais, afirmando seu interesse também por ficção científica, futuridade e outras referências. Essa fala confirma o que a cena sugere: a ancestralidade aqui não limita; ela expande. O corpo não se fixa no passado, ele o usa como propulsão para imaginar o que ainda não existe. Como o pássaro Sankofa, retorna para avançar.

“Orunmillá — dança oracular” não fixa o corpo na tradição nem o lança ao futuro sem lastro; faz da ancestralidade um motor de expansão. Entre pó e cosmos, entre búzios e batidas urbanas, o trabalho contesta o enquadramento e afirma a dança como campo de multiplicidade e invenção. Orun atravessa memórias para produzir novos territórios, lembrando que corpo ancestral é também corpo em expansão, e que caminhar para frente exige saber, sentir e reimaginar o que nos funda.

Crítica produzida em parceria com a disciplina Dramaturgia e Apreciação Crítica em Dança – Docente: Francini Barros Pontes | CAC | UFPE

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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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