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Home›.Tudo›Crítica – À un entroit du début | O próprio ventre

Crítica – À un entroit du début | O próprio ventre

Por 4 Parede
12 de novembro de 2025
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Imagem – Thomas Dorn

Por Jaqueline Rosa e Larissa Marques

No palco uma vela acesa, um livro, uma pedra e, ao fundo, a cortina de franjas com a projeção de um homem. As luzes se apagam e entra a dançarina, pés descalços, vestido preto e um tipo de manto enrolado no tronco. Pega o livro e lê um relato que descobrimos ser de seu próprio pai, sobre como teve que se submeter aos padrões coloniais. A leitura é feita ao vivo, a performer fala em francês e o público pode acompanhar a tradução simultaneamente através de uma legenda projetada acima do espaço cênico.

A dançarina, Germaine Acogny, senegalesa e considerada a mãe da dança contemporânea africana, vem ao Recife para apresentar, numa parceria entre o 28° Festival Internacional de Dança do Recife e a 34ª edição do Festival de Teatro do Agreste – FETEAG, o trabalho À un entroit du début (Na entrada desde o início – tradução nossa) criado juntamente com o diretor francês Mikaël Serre, no Teatro de Santa Isabel. O trabalho autobiográfico traz situações vividas pela intérprete e levanta diversas pautas durante sua duração: racismo, colonialismo, casamento, machismo, intolerância religiosa, todas questões presentes no espetáculo.

Apresentados de forma não linear, Germaine nos narra acontecimentos de sua vida de forma verbal e corporal, além de contar com o auxílio de objetos em cenas específicas e da estrutura do palco com projeções em duas cortinas, trazendo uma ilusão de ótica que faz parecer que as imagens estão em 3D, às vezes até engolindo a performer quando ela se põe entre as cortinas.

Após termos um primeiro contato com os comentários do pai de Germaine e sua relação com o colonialismo, descobrimos que a mesma era considerada, na comunidade em que viviam, como a reencarnação de sua avó. Aqui, ela nos traz um pouco sobre a relação conturbada com o pai, e a relação ancestral com a avó, ambas conectadas pela natureza feminina.

O espetáculo segue com a apresentação de um vídeo em que um homem normaliza o fato de um marido ter várias esposas. Durante o vídeo, Germaine questiona o que ele diz e segue nos contando sobre sua rejeição à situação de seu próprio marido ter uma segunda esposa após um casamento de 3 anos. A performance entra, então, no campo da independência feminina e a relação com a comunidade, como a decisão das mulheres é sempre julgada fortemente quando comparada à dos homens.

Retornamos aos manuscritos do pai de Germaine, em que narra sua relação com o cristianismo, e como ele deixou de usar os símbolos de proteção da própria religião para assumir os da religião a ele imposta. A bailarina questiona o porquê dos símbolos cristãos serem socialmente aceitos enquanto que símbolos de outras manifestações religiosas, como os do vodu, são fortemente repreendidos, se no fundo todos têm a mesma função de proteção e sorte.

Assim, o espetáculo segue transitando entre assuntos sem nunca esgotá-los, cada trama apresentada sempre já adentrando na seguinte. A não linearidade nas histórias é interessante e criativa, mas às vezes nos leva a perder certos detalhes, mantendo questões em aberto, o que talvez seja intencional, pois sustenta nossos questionamentos sobre a performance mesmo após o seu fim. O fato de o trabalho ser narrado pela própria dançarina enquanto ela performa também traz um ar de intimidade entre ela e o público, como se fôssemos amigos conversando. Apesar de as línguas serem diferentes, isso não significou uma barreira, graças à legenda, entretanto, em alguns momentos, ela parecia travar, nos fazendo perder alguns detalhes da fala da artista.

Entre indas e vindas nos assuntos trazidos, surge o tema “filhos”. A artista atesta como o tema é protagonista de diversos debates familiares, sobre se devem ou não tê-los, se é a escolha certa, como garantir que os filhos sejam boas ou más pessoas, etc. Até que afirma sua intenção de vender os próprios filhos, fala que causa certo estranhamento seguido de curiosidade; seria verdade? Ela segue abordando questões de imigração, religiosidade e família até retornar aos filhos, quando afirma que os matará e que o genitor nunca os verá. Pouco após esse momento ela pega a almofada, põe sobre o próprio ventre e a rasga, aludindo, quem sabe, a um aborto – fato não confirmado por ela em nenhum momento da performance.

Toda a obra conta com uma produção cênica rica em detalhes que valorizam e conferem sentidos à trama narrada. Cada objeto, projeção ou momento em que ela passa pelas cortinas dialoga com a história narrada a cada momento. É uma obra cheia de intimidade e histórias, que se costuram simultaneamente, assim como o próprio desenrolar da vida.

Crítica produzida em parceria com a disciplina Dramaturgia e Apreciação Crítica em Dança – Docente: Francini Barros Pontes | CAC | UFPE

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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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