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Home›.Tudo›Crítica – Deslenhar | Como medir o tempo do gosto de manga na boca?

Crítica – Deslenhar | Como medir o tempo do gosto de manga na boca?

Por 4 Parede
23 de outubro de 2019
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Imagem – Tuca Soares

Por Liana Gesteira

Pesquisadora do Acervo RecorDança e Artista do Coletivo Lugar Comum

 

Escrever sobre o espetáculo Deslenhar me provoca a pensar sobre outras maneiras de perceber o tempo. Transitar temporalidades. O efêmero e o eterno a um só tempo. Deslocar por narrativas não cronológicas de vidas, co-criadas pelas imaginações e sensações do público.

O trabalho foi apresentado durante o Usina Teatral, evento realizado pelo Sesc Santa Rita em setembro de 2019, início de primavera. Pude acompanhar todo o evento, e os debates e espetáculos me trouxeram como sensação um sentimento constante de deslocamento, por trazer frequentemente questionamentos sobre o lugar do teatro, seja um lugar físico, ou político, ou estético. Parecia um terreno movediço para deslocar reflexões sobre o fazer teatral, suas possibilidades e fronteiras.

E esse sentido de deslocamento se faz presente no espetáculo Deslenhar, pela maneira em que o grupo Teatro Miçanga propõe em sua dramaturgia outra possibilidade de vivenciar o tempo. O trabalho conta fragmentos da história de Dona Eterninha e Seu Perpétuo, inspirada no conto A Fogueira, do escritor moçambicano Mia Couto.

Amanda Pegado em ‘Deslenhar’ | Imagem – Leandro Lima | #4ParedeParaTodos #PraTodoMundoVer – Imagem colorida de um palco escuro, em que se vê uma mulher com roupas brancas segurando um candeeiro aceso. Ao fundo, duas pessoas em meio à penumbra.

Como lembranças que vão emergindo da memória, as cenas vão acontecendo num fluxo não linear de narrativas. O prenúncio de uma morte tensiona o fio que conduz o espectador a enveredar por diferentes momentos da vida compartilhada pelos personagens Dona Eterninha e Seu Perpétuo. As mudanças recorrentes das temporalidades dessa história vão deslocando o público para outras maneiras de encarar a passagem do tempo.

A noção de tempo é diversa a partir de diferentes cosmovisões. Esse tempo Chronos, cronológico, que costumamos lidar, é uma referência ocidental, que entende o tempo como sequencial, uma sucessão de eventos em uma ordem linear. Já o Kairós é o tempo como algo não previsível, não controlável, um tempo que cada coisa tem e precisa para acontecer.

Tendo em mente a diversidade de culturas que convivem neste mundo, cada uma delas tem maneiras singulares de lidar com o tempo e seus significados. Existem tempos cíclicos, temporalidades em espiral, o sonho como um outro tempo, a natureza e suas intempéries. A medição do tempo reflete uma maneira de estar no mundo e pensá-lo.

Deslenhar traz o prefixo “des”, que se refere a uma ação contrária; nesse caso, quase que um desfazer. O “des” propositadamente nos desloca para um tempo antes, como um reverso. Deslenhar nos propõe refazer o tempo, numa outra lógica.

O espaço do espetáculo é delimitado pelo público sentado ao redor do lugar onde as cenas acontecem. Uma roda, onde todo mundo possa se ver, onde o tempo pode ser circular. Assisti a esta peça duas vezes: em datas e espaços diferentes. Curiosamente, ao final da segunda apresentação, me dei conta que me sentei no exato mesmo lugar em que assisti na primeira vez. O tempo da magia se fez. Mas obviamente não era o mesmo lugar, nem eu era a mesma. Tudo era diferente.

Fernando Rybka em ‘Deslenhar’ | Imagem – Tuca Soares | #4ParedeParaTodos #PraTodoMundoVer – Imagem colorida de uma sala em penumbra. Do lado direito, pessoas com idades, etnias e roupas distintas estão sentadas em cadeiras e no chão assistem a um espetáculo. No lado esquerdo, um ator, homem branco, está sentado no chão olhando para as pessoas.

Deslenhar acontece num tempo do artesanal, com cenários construídos na labuta da imaginação, espaços criados pelas palavras, amparado por poucos artefatos cênicos. Revela histórias a partir de textos, músicas, tato. Tais recursos não são necessariamente novidade, mas foram articulados nesta peça de maneira singular, potencializando uma dramaturgia dos vínculos, pelo tempo. Seja pela troca de olhares entre os espectadores, seja por uma música cantada conjuntamente, seja pelo calor do toque.

A intimidade entre os atores Amanda Pegado, André Alencar e Fernando Rybka também potencializa esse sentimento de vínculo. O afeto que os alinha em cena nos atravessa, nos toca, como um carinho. O afeto também tem seus tempos. Visibiliza uma construção conjunta, um vínculo que se cria na convivência e dá a ver sua intensidade. Quanto tempo precisamos para criar um vínculo? Existe medida para isso?

Deslenhar tem 45 min de duração. Para mim, o trabalho propôs uma degustação dos tempos. Deu vontade de fiar mais tempo. Fui embora cantarolando a música da peça internamente, com ela vibrando no peito. Parecia com o gosto de manga que fica na boca ainda um tempo após ter sido saboreada.

Imagino que o Teatro Miçanga talvez nos proponha um tempo mais de perto, esse dos vínculos. O tempo que se dá entre as coisas. Sai do espetáculo refletindo sobre qual tempo está regendo nossos cotidianos e nossas relações sociais. Um questionamento tão ingênuo quanto político. Uma pergunta para nosso pouco tempo de cada dia.


Referências

PRANDI, Reginaldo. O candomblé e o tempo: concepções de tempo, saber e autoridade da África para as religiões afro-brasileiras. Rev. Bras. Ci. Soc, São Paulo, vol.16, no.47, oct. 2001.

TagsAmanda PegadoDeslenharFernando NicolauFernando RybkaLiana GesteiraSESCSESC Santa RitaTeatro MiçangaUsina Teatral
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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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