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Home›.Tudo›Crítica – Luzir é Negro! | Encruzilhadas de memórias

Crítica – Luzir é Negro! | Encruzilhadas de memórias

By 4 Parede
14 de outubro de 2020
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Imagem – Divulgação

Por José Mateus

Graduando em História (UFPE)

 

Estreado em 2016, o solo Luzir é Negro, dirigido por Rodrigo Dourado, do Teatro de Fronteira (PE), é protagonizado pelo ator e performer Marconi Bispo, que coloca em cena suas memórias, dores e alegrias de vida. Marcado por um locus social violento e adverso, o performer traz a público o debate sobre os desafios que se impõem ao corpo do homem negro, homossexual, artista e periférico, traçando uma crítica direcionada à branquitude e a outros processos de dominação.

Apesar de tê-la assistido apenas em 2020, presencialmente e por meio de seu arquivo audiovisual, a obra ainda se manifesta como urgente e atual, devido às questões sociais e políticas que abarca, apontando os problemas estruturais que se manifestam na sociedade brasileira. Partindo do público ao privado, a performance apresenta um olhar crítico sobre o conservadorismo e o autoritarismo, dando ênfase ao impacto dessa conjuntura política na vida de corpos racializados e dissidentes.

Ao entrar no local do espetáculo, os espectadores são recebidos pelo ator, de maneira aconchegante e acolhedora. Mesmo assistindo ao arquivo audiovisual da peça, consigo me lembrar do aspecto íntimo desse momento inicial. No espaço, é possível ver um baú aberto, de onde emanam falas proferidas durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Além de ser um recurso cênico adotado para situar o contexto político no qual se assentam as memórias de Marconi Bispo, também pode ser lido como uma espécie de metáfora sobre as lembranças que se apresentam como eco no espaço da performance.

Luzir é negro utiliza-se de projeção de imagens e vídeo, construindo uma importante narrativa visual. A exibição de fotografias antigas, com membros da família e acontecimentos vividos por Marconi, além de contornar as nuances do teatro documentário, constrói uma fusão entre os signos do real e da representação.

As memórias do protagonista são abordadas desde a infância: a meninez foi marcada por boas lembranças, como os banhos de mar com o pai, como também repressão, quando, por exemplo, Marconi performava seu gênero de forma distante do padrão masculino do sistema cisgênero. Entre episódios leves e delicados, as brincadeiras e ídolos infantis, como a Xuxa, são trazidos ao palco, causando grande envolvimento e reconhecimento do público, uma vez que figuras como essa foram presentes em várias gerações e constituem também parte de nossas lembranças.

Outro tema levantado pela performance é a questão da representatividade negra no campo teatral. Historicizando questões como a ausência de pessoas negras na mídia e nos meios de comunicação de massa, atrelando à questão do trabalho e dos lugares de subalternização atribuídos às pessoas negras, Marconi elabora uma crítica aos papéis estereotipados que foram/são dados a esse grupo social: escravizados, ladrões, bêbados. A obra também faz menções diretas ao processo de escravização, traçando um paralelo que aponta esse processo como algo inacabado, que ainda se manifesta na contemporaneidade.

Para fazer tais conexões, a performance compõe sua dramaturgia com trechos de Arena conta Zumbi, de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, onde são descritos instrumentos e métodos de tortura utilizados durante a vigência do sistema escravista. Conectando o passado ao presente, Marconi faz referência ao caso do jovem negro que teve a frase “eu sou ladrão e vacilão” tatuada em sua testa à força em 2017, após uma tentativa de furto, como marca expressa do punitivismo e uso de uma forma de tortura, reatualizando as discussões sobre racismo e violência. A introdução do episódio marca ainda que o espetáculo foi se atualizando com o tempo e acrescentando questões da história recente do país.

No que concerne a algumas questões relativas aos processos de construção identitária do performer, temas como solidão negra e religiosidade no candomblé são desenvolvidos em Luzir é negro, construindo um manto de denúncia e resistência que traz a público uma obra de cunho político, que faz do teatro um instrumento para reflexão de temas que são urgentes para a realidade brasileira.

Esse texto foi produzido durante a Oficina de Crítica Teatral, ministrada por Lorenna Rocha e Rodrigo Dourado, no edital emergencial #CulturaEmRedeSescPE, do Sesc Pernambuco, em 2020.

TagsBiodramaCríticaDocumentárioLuzir é NegroTeatroTeatro de Fronteira
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