Dramaturgias Negras Brasileiras – Autoras(es) e Textos publicados Entre 2001-2020
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Arte – Verenna Arêdes
Por Lucas Bebiano
Estudante de Teatro (UFPE) e Artes Visuais (IFPE)
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Em agosto de 2019, eu me reunia com o docente Elton Bruno Siqueira (Teatro-UFPE), e com a discente Lorenna Rocha (História-UFPE) para lermos o projeto de pesquisa intitulado Dramaturgia Negra Panorama e Análise de Textos Publicados a Partir de 1940. Tendo como objeto principal de pesquisa as dramaturgias negras brasileiras, o projeto prevê o mapeamento dos textos cênicos publicados por pessoas negras no Brasil a partir de 1940.
Lidando com marcadores temporais, e propondo um panorama nacional, essa pesquisa é dinâmica, e está em constante movimento. Os dados obtidos até o momento não são universais, mas refletem as condições e os rumos da pesquisa de um grupo (independente que se tornou acadêmico) do Departamento de Artes da Universidade Federal de Pernambuco.
Dessa forma, enquanto atividade de pesquisa PIBIC (CNPq), pude mapear as/os dramaturgas/os negras/os do Brasil, e seus textos publicados no século corrente. E com o incentivo do Edital Formação e Pesquisa – LAB PE, a partir da Lei Aldir Blanc 2020, venho compartilhar publicamente o processo de catalogação no presente artigo. Apresento também ao final do texto uma tabela expositiva com os nomes das/dos 40 escritoras/res analisadas/os até o momento, bem como seus respectivos estados de residência, textos publicados, e editoras.
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Mas por que o comprometimento apenas com os textos publicados? Certamente isso facilita a localização e catalogação das obras, assim como direciona o olhar do grupo para o mercado editorial de dramaturgias no Brasil, o que também é um dos interesses da pesquisa.
De fato, você não precisa publicar um texto para exercer o ofício de dramaturga/o. O fato é que a publicação também diz respeito à monetização e propagação de um saber. Quando uma editora atribui um preço de mercado a uma dramaturgia, ela também se compromete com uma propagação em grande escala do material, fazendo com que aquele saber da/do dramaturga/go circule. E é justamente esse ponto que nos interessa: como circulam os saberes de teatro? que saberes são esses? e quais desses saberes entram na universidade?
Partindo de um ponto de vista local, até se cruzar com outras realidades, é fato que existe um déficit de referências bibliográficas sobre teatros negros nas instituições de ensino superior de teatro no Brasil. Ou pelo menos, a possível discrepância em relação ao conteúdo de teatros eurocentrados que os estudantes de graduação e bachareis consomem.
Por fim, considerando a dinâmica das relações de poder nas universidades ocidentais, um texto publicado já se torna uma possibilidade de referência bibliográfica; sendo assim, uma dramaturgia negra publicada é também uma estratégia bibliográfica. Assim, desejo que as informações organizadas neste texto se tornem estratégias de pesquisa para qualquer pessoa que tenha interesse nas dramaturgias negras brasileiras, seja da sociedade civil, de grupos de teatro, de coletivos de artes, de professores de teatro e afins.
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A princípio, o projeto idealizado pelo professor Elton Bruno e pela pesquisadora Lorenna Rocha foi escrito para o FUNCULTURA (principal edital público de fomento a cultura de Pernambuco), que foi vinculado ao Departamento de Artes da UFPE, e inserido na linha: Arte, Diversidade Étnico-Racial e Culturas Populares da CAPES. Ainda vigente, o projeto prevê a investigação das características que compõe o termo dramaturgia negra¹, para, a partir da ideia de “estéticas decoloniales” de Gómez Moreno e Walter Mignolo (2012), elaborar um panorama de textos cênicos escritos por dramaturgas/os negras/os no Brasil.
O grupo começa com três integrantes e de forma independente. A primeira etapa da pesquisa durou cerca de um ano e consistia em encontros quinzenais para a deliberação e compreensão dos termos: estéticas coloniais e estéticas decoloniais. As leituras iniciais do corpus foram os escritos de Pedro Paulo Moreno Gómez (2012), Walter Mignolo (2012, 2003), Adolfo Albán Achinte (2012), Santiago Castro-Gómez (2007), Ramón Crosfoguel (2007), Aníbal Quijano (2000, 2019), Alexander Baumgarten (1993), Immanuel Kant (1993), Frantz Fanon (2008), Paul Gilroy (2012), Jota Mombaça (2019), Musa Michelle Mattiuzzi (2019) e Denise Ferreia da Silva (2019). Foi a partir dessa diversidade de autoras/res que as primeiras compreensões e tensionamentos emergiram.
A partir dessa instrumentalização acerca da estética, colonialidade e decolonialidade, caberia na segunda etapa da pesquisa, localizar as dramaturgias negras brasileiras publicadas a partir de 1940. Depois de algumas modificações, uma vertente do projeto original é submetida ao edital PIBIC 2020-2021. Fomos selecionados com o título Dramaturgia Negra Brasileira – Panorama e Análise de Textos Publicados no Século XXI.
A diferença do projeto original para a versão selecionada pela Iniciação Científica é o recorte temporal, a segunda versão é direcionada exclusivamente para as dramaturgias negras do século XXI. Essa escolha é feita porquê já se tinha o conhecimento prévio da escassez de pessoas negras no mercado editorial no século XX, em que apenas três dramaturgos (até onde pudemos ter ciência) tiveram textos publicados nesse período, são eles: Abdias Nascimento, Cuti e Ubirajara Fidalgo. Já no século XXI, existe uma vasta lista de dramaturgas/os negras/os que conseguiram ingressar no mercado editorial, fazendo com que fosse produtivo ter um núcleo voltado apenas para a identificação e mapeamento dessas/es profissionais.
Uma vez que a pesquisa se encontra no momento de compreender o que seriam as dramaturgias negras brasileiras (levando em consideração as que foram publicadas), precisava-se primeiramente descobrir quem são essas/es profissionais que escrevem tais textos. Inevitavelmente se estabeleceu dois passos inicias: 1) identificar dramaturgas/os negras/os no geral; 2) localizar quais profissionais já tiveram seus textos publicados por editoras.
Dentro da categoria das/dos profissionais não publicadas/os, foi preciso estabelecer critérios: foram consideradas/os profissionais que tenham escrito no mínimo uma dramaturgia para o teatro, e que tal dramaturgia tenha tido pelo menos uma montagem de espetáculo com circulação ativa, deixando registros físicos ou online como cartazes, ingressos, registros de temporadas etc. Deixamos de incluir as inúmeras pessoas negras no Brasil que escrevem textos teatrais de forma amadora, estudantil, universitária etc. Isso fez com que a pesquisa chegasse à análise de 62 dramaturgas/os negras/os espalhadas/os pelas cinco regiões do Brasil, no qual 40 foram publicadas/os por editoras.
Outro critério inicial foi estabelecido para a inclusão de textos a serem analisados: a autodeclaração de pessoa negra, de pelo menos uma/um profissional envolvida no trabalho de escrita da dramaturgia (falando sobre negridade ou não). Mesmo sem ter ainda uma definição do que seriam as dramaturgias negras brasileiras, penso que essa noção está ligada a ideia de autoria².
A premissa de estabelecer um mapeamento nacional de profissionais negras/os que exercem o ofício da escrita para o teatro é desafiadora, o primeiro movimento foi recorrer a internet, mais precisamente ao site Melanina Digital³, que concentra um banco de dados acerca das/os dramaturgas/os negras/os do Brasil. O número de profissionais no site contribuiu para se traçar uma rede nacional de dramaturgas/os. Em seguida, as redes sociais dessas/es profissionais foram localizadas. Em alguns casos precisou ser feito um primeiro contato informal, em que eu explicava o contexto da pesquisa e pedia (se possível) algumas informações como: quantidade de textos publicados, coletâneas e organizações de dramaturgias negras que tinha participado etc. Foi dessa forma, com a facilidade das redes sociais, que o mapeamento foi se expandindo, um nome sendo levado a outro. Na primeira semana do processo de catalogação já se tinha mais de 30 dramaturgas/os para análise.
Diante da diversidade regional e étnico-racial das/dos profissionais, e do caráter institucional da pesquisa, o termo heteroidentificação precisou ser inserido no processo de catalogação. A heteroidentificação é um mecanismo de declaração racial no qual a autodeclaração é completada por terceiros. No contexto dessa pesquisa, a ideia de agrupar sistematicamente um grupo em escala nacional de dramaturgas/gos negras/os, vem da necessidade de fortalecimento teórico dos estudos de teatro negro, sobretudo nas instituições de ensino superior. Dessa forma, os métodos heteroidentificatórios entram na pesquisa para somar com as possibilidades de recursos identificatórios dessas/es profissionais, afim de que não ficasse de fora da catalogação nenhuma/o dramaturga/o que, por conta do contexto regional poderiam ter o fenótipo, os corpos, e as identidades negras normatizadas pelo racismo.
A regionalidade precisou ser constantemente levada em consideração nesse processo. Não seria possível estabelecer uma plena catalogação sem compreender que negridades e subjetividades andam juntas. É como diz a promotora de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia Livia Sant’Anna Vaz, na organização da obra Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas, metodologias e procedimentos:
“De fato, o contexto sociorracial local pode se revelar decisivo para fins de determinação da pertença racial dos indivíduos. Isso porque a formação étnico-racial da população brasileira se deu conforme a história de cada região e/ou Estado, impactando de modo relevante na distribuição da diversidade fenotípica das pessoas pelo País. Sob essa perspectiva, um indivíduo considerado negro no extremo sul do Brasil – região em que a população negra é reduzida e não apresenta a mesma variabilidade fenotípica que em outros Estados da Federação – pode não o ser no contexto sociorracial nordestino, por exemplo.” (2018, p. 32).
A fala da promotora nos direciona as peculiaridades regionais e locais que podem levar a diferenças nas relações sociorraciais em cada estado, cidade, as vezes até bairro. Essa perspectiva movimentou a pesquisa a pensar dramaturgas/os negras/os dentro da realidade sociorracial de cada região, e não exclusivamente do local de onde parte a pesquisa4.
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De 62 dramaturgas/os autodeclaradas/os negras/os no Brasil, 40 tiveram seus textos publicados por editoras.
Tabela 1
Região | Dramaturgas/os | Dramaturgas/os publicadas/os |
Sudeste | 34 | 27 |
Nordeste | 21 | 06 |
Sul | 04 | 04 |
Norte | 02 | 02 |
Centro-Oeste | 01 | 01 |
A região Sudeste foi a que mais apresentou registros de dramaturgas/os negras/os, com um total de 34. Quando levamos em consideração as/os já publicadas/os, esse número cai para 27. Em seguida temos a região Nordeste com 21 dramaturgas/os, e, não por acaso, quando levadas em consideração as dramaturgias publicadas, o número cai para apenas 06. As regiões Sul, Norte e Centro-Oeste mantiveram constantes os seus dados, respectivamente, 04, 02 e 01 dramaturgas/os catalogadas/os e publicada/os nessas regiões.
De fato, a grande maioria das editoras brasileiras que publicam dramaturgias para o teatro estão concentradas no eixo Rio-São Paulo, consequentemente as dramaturgias negras sudestinas vão ocupar maior espaço das editoras. E para fins de pesquisa como essa, no qual existe uma reflexão estética e política em cima das dramaturgias negras publicadas no Brasil, é necessário ter a noção de que a maioria dessas dramaturgias são do sudeste brasileiro. Em consequência disso, o que majoritariamente entra de forma oficial nas bibliografias de cursos e pesquisas universitárias são as dramaturgias negras sudestinas.
Podemos adquirir, comparativamente, algumas informações pertinentes quando levamos em consideração esse número a partir dos estados de cada região.
Tabela 2
Estado | Dramaturgas/os | Dramaturgas/os publicadas/os |
BA | 16 | 06 |
SP | 10 | 09 |
MG | 10 | 09 |
RJ | 10 | 05 |
PE | 05 | 0 |
ES | 04 | 04 |
RS | 02 | 02 |
PR | 02 | 02 |
DF | 01 | 01 |
AC | 01 | 01 |
PA | 01 | 01 |
O estado da Bahia ocupa o primeiro lugar na categoria de maior concentração de dramaturgas/os negras/os, porém, quando levados em consideração as/os profissionais com obras já publicadas/os, o estado cai para a terceira posição. São Paulo e Minas Gerais lideram como os estados que mais publicam suas/seus dramaturgas/os negras/os, com 09 publicações cada. Pernambuco é o único estado da pesquisa onde se tem ciência da presença de dramaturgas/os negras/os, mas que ainda não tiveram nenhum de seus textos publicados. Dessa forma, o estado da Bahia se torna o único de toda a região nordeste do país que já publicou dramaturgias negras.
Para chegar a um consenso em relação à quantidade de dramaturgas/os que cada estado possui, a pesquisa precisou tomar outro posicionamento. Foi levado em consideração o estado onde tal dramaturga/os vive e exerce sua função, não necessariamente seu estado de nascimento. Isso fez com que a pesquisa de cada dramaturga/o ganhasse um caráter mais biográfico. Precisou-se compreender não apenas os produtos gerados por cada profissional, mas as logísticas de trabalho: Onde escreve? Se financiado por alguma instituição, onde é a sede da mesma? Se escreve em parceira com profissionais de outro estado, como é a logística de deslocamento?5, e afins.
Como já mencionado, no século XX apenas 03 dramaturgos negros conseguiram publicar suas dramaturgias. Sendo Cuti o único a publicar por meio de uma editora, Nascimento e Fidalgo promoveram por conta própria suas publicações.
Tabela 3
Gênero | Dramaturgas/os | Dramaturgas/os Publicadas/os |
Homem cis | 43 | 25 |
Mulher cis | 18 | 14 |
Mulher trans | 01 | 01 |
Já no século XXI é perceptível uma mudança nas políticas de publicação que dizem respeito ás políticas de gênero. Apesar de existir uma maior facilidade em encontrar material de dramaturgos cis (seja em sites, pesquisas universitárias, bibliotecas online etc.) proporcionalmente, as dramaturgas são as mais publicadas. Como indica a tabela 3, de 43 profissionais homens cisgênero catalogados, 25 tiveram seus textos publicados, o que representa cerca de 58% do grupo. Com as dramaturgas, de 19 catalogadas, 15 tiveram seus textos publicados, o que representa cerca de 77%.
A partir desses dados é perceptível a majoritária presença masculina no campo das dramaturgias no Brasil, e a majoritária presença das dramaturgas no campo das dramaturgias publicadas. A dramaturga Luh Maza (RJ) por exemplo, é a profissional que mais foi publicada por editoras diferentes, e Grace Passô (MG) é a profissional que mais teve textos publicados.
Também foi perceptível durante a pesquisa nas redes sociais uma série de agrupamentos de dramaturgas mulheres, o que contribui para o ingresso de dramaturgas negras no mercado da publicação. Um exemplo é a organização de Nieve Matos (ES) Elas Tramam: Dramaturgias tecidas por mulheres no Espirito Santo da editora Cousa (2017). Nessa organização são reúnidas 14 dramaturgias escritas por dramaturgas, e é disponibilizado gratuitamente para download em formato e-book.
Tabela com 40 dramaturgas/os negras/os publicadas/os no Brasil e seus respectivos textos
Tabela 4
Dramaturga/o | Textos e Editoras |
Allan da Rosa (SP) | Da Cabula (Global, 2008)
PassAarão (Teatro de Rua. Javali, 2018) |
Aldri Anunciação (BA)
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Namíbia, Não! (Edufba – 2015),(Perspectiva – 2020)
Antimemórias de uma travessia interrompida (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018) Embarque Imediato (Trilogia do Confinamento. Perspectiva – 2020) O Campo de Batalha (Trilogia do Confinamento. Perspectiva – 2020)
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Alexandre de Sena (MG)
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Cenas Pretas – O que não vaza é pele. – Não conte comigo para proliferar mentiras. – Rolezinho – nome provisório. (Teatro Negro. Javali, 2018) |
Amarildo Felix (SE/SP)
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O Desmonte (Patuá, 2019) |
Anderson Feliciano da Silva (MG)
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Pequeno Tratado Amoroso (Tropeço. Javali, 2020)
Apologia III (Tropeço. Javali, 2020) Outras Rosas (Tropeço. Javali, 2020)
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Carlos Canarin (PR) | Retilíneo (La Lettre, 2019) |
Cidinha da Silva (MG)
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Engravidei, pari Cavalos e Aprendi a Voar sem Asas (O Teatro Negro de Cidinha da Silva. Aquilombô, 2019)
Sangoma – Saúde ás Mulheres Negras (O Teatro Negro de Cidinha da Silva. Aquilombô, 2019) Os Coloridos (O Teatro Negro de Cidinha da Silva. Aquilombô, 2019)
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Cristiane Sobral (RJ/DF)
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Esperando Zumbi (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
Uma Boneca no Lixo (Aquilombô, 2018) |
Cuti (SP)
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Tenho medo de monólogo (Escrito com Vera Lopes. Ciclo Contínuo Editorial, 2017)
Uma farsa de dois Gumes (Ciclo Contínuo Editorial, 2017)
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Débora Almeida (RJ/AC) | Sete Ventos (Autografía, 2009) |
Dione Carlos (SP)
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Sete (Dramaturgias do Front. Primata, 2017)
Bonita (Dramaturgias do Front. Primata, 2017) Kaim (Dramaturgias do Front. Primata, 2017) Ialodês (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018) Sacro (Tempo Impuro. Primata, 2019) Black Brecht – E se Brecht fosse negro? (Glac, 2020)
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Daniel Arcades (BA)
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Kanzuá, nossa casa (Egba, 2014) |
Elísio Lopes Jr. (BA)
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Alta Noite (Trilogia da Noite. Giostri, 2017)
Antes que anoiteça em mim (Trilogia da Noite. Giostri, 2017) Liberté (Trilogia da Noite. Giostri, 2017)
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Felipe Oládélè Soares (MG) | Chão de Pequenos (Escrito com Ramon Brant, com contribuições textuais de outros. Teatro Negro. Javali, 2018) |
Gabriel Cândido (SP)
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Fala das Profundezas (Javali, 2018) |
Grace Passô (MG)
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Amores Surdos (Cobogó, 2012)
Por Elise (Cobogó, 2012), (Dramaturgia de Belo Horizonte: Primeira Ontologia. Javali, 2017) Marcha Para Zenturo (Cobogó, 2012) Congresso Internacional do Medo (Cobogó, 2012) Mata teu Pai (Cobogó, 2017) Vaga Carne (Javali, 2018), (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018) Preto (escrito com Márcio Abreu e Nadja Naira. Cobogó, 2019)
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Jé Oliveira (SP)
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Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustância de Meninos e Homens (Javali, 2018), (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
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Jhonny Salaberg (SP)
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Buraquinhos ou O vento é inimigo do picumã (Cobogó, 2018), (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
Mato cheio – fuga degenerada (Cobogó, 2019)
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Jô Bilac (RJ)
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Alguém acaba de morrer lá fora (Cobogó, 2012)
Infância, Tiros e Plumas (Cobogó, 2015) Os Mamutes (Cobogó, 2015) Conselho de Classe (Cobogó, 2016) Insetos (Cobogó, 2018) Fluxorama (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018) Hoje não saio daqui (Cobogó, 2020)
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José Fernando Peixoto de Azevedo (SP)
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Cartas a Madame Satã ou Me desespero sem notícias suas (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
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Leda Maria Martins (MG)
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Réceita nº 3 – Figurações (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
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Licínio Januário (AO/RJ)
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Será que vai chover? (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
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Luan Valero (PR)
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A Pereira da Tia Miséria (Giostri, 2020)
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Lucas Costa (MG)
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Memórias Póstumas De Um Neguinho (Teatro Negro. Javali, 2018)
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Luh Maza (RJ)
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A Memória dos Meninos (Coleção Primeiras Obras Vol. 9. Imprensa Oficial, 2010), (Teatro. Chiado, 2015)
Carne Viva (Coleção Primeiras Obras Vol. 9. Imprensa Oficial, 2010), (Teatro. Chiado, 2015), (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018) No Meio do Caminho (Coleção Primeiras Obras Vol. 9. Imprensa Oficial, 2010), (Teatro. Chiado, 2015) Temporal (Coleção Primeiras Obras Vol. 9. Imprensa Oficial, 2010), (Teatro. Chiado, 2015) Três T3mpos (Coleção Primeiras Obras Vol. 9. Imprensa Oficial, 2010), (Teatro. Chiado, 2015)
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Lorena Lima (PA/ES) | Café às Quatro (Elas Tramam: Dramaturgias tecidas por mulheres no Espirito Santo. Cousa, 2017)
Manual prático sobre a Velhice (Elas Tramam: Dramaturgias tecidas por mulheres no Espirito Santo. Cousa, 2018) |
Macis Silva (BA)
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Morangos Congelados (Amazon, 2019) |
Marcos Fábio de Faria (MG)
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Madame Satã (Teatro Negro. Em parceria com Rodrigo Jeronimo. Javali, 2018)
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Maria Shu (SP)
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Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
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Meiriele Lemos (ES)
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Não se Nasce mulher, morre-se! (Elas Tramam: Dramaturgias tecidas por mulheres no Espirito Santo. Cousa, 2017)
Jardim das poesias enterradas (Elas Tramam: Dramaturgias tecidas por mulheres no Espirito Santo – Livro 2. Cousa, 2018)
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Paulo Nery (BA)
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A Revolta dos Búzios ou A conspiração dos Alfaiates (Clube de Autores, 2017)
Ocupantes-Resistir Para Existir (Clube de Autores, 2018/2019) Ajeum d’Oyá (Clube de Autores, 2019) O Menino que Gostava de Desenhar (Clube de Autores, 2019) O Pequeño Pi (Clube de Autores) Dois Tempos (Clube de Autores)
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Priscilla Gomes (ES)
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Dá a mão pro bixo não entrar (Elas Tramam: Dramaturgias tecidas por mulheres no Espirito Santo. Cousa, 2017)
Colônia é aqui (Elas Tramam: Dramaturgias tecidas por mulheres no Espirito Santo. Cousa, 2018)
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Rodrigo França (RJ)
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O Pequeno Príncipe Preto (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
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Rodrigo Jerônimo (MG)
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Madame Satã (Teatro Negro. Em parceria com Marcos Fábio de Faria. Javali, 2018)
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Rudinei Borges dos Santos (PA)
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Medea Mina Jeje (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
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Sol Miranda (RJ)
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Mercedes (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
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Tássio Ferreira (BA)
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Cipriano (Quatro cravos para Exu. 2010)
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Vera Lopes (RS)
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Tenho medo de monólogo ((Escrito com Cuti. Ciclo Contínuo Editorial, 2017))
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Viviane Juguero (RS)
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Lacatumba (EdiPUCRS, 2018)
Cavalo de Santo (Dramaturgia Negra. Funarte, 2018)
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Xis Makeda (RJ/ES)
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Vestida de Fome (Elas Tramam: Dramaturgias tecidas por mulheres no Espirito Santo. Cousa, 2017)
Co existente (Elas Tramam: Dramaturgias tecidas por mulheres no Espirito Santo – Livro 2 . Cousa 2018. |
Referências
MELANINA DIGITAL, 2019. Disponível Aqui. Acesso em 12 de Out. De 2020.
MATOS, Nieve. Elas Tramam: dramaturgias tecidas por mulheres do Espiríto Santo. 1ª edição. Vitória – ES. Cousa, 2017.
NASCIMENTO, Abdias. (org.). Dramas para negros e prólogo para brancos. Rio de Janeiro: Edição do Teatro Experimental do Negro, 1961.
MARTINS DIAS, Gleidson Renato. TAVARES JUNIOR, Paulo Roberto Faber. Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas, metodologias e procedimentos. 1º edição. Canoas – RS. IFRS campus Canoas, 2018.
Notas de Rodapé
¹ Dentro dessa pesquisa não existe uma definição estática e didática do significado de “dramaturgia negra”. A compreensão dessa terminologia é uma etapa a ser lapidada dentro do projeto. Para melhor pensar e compreender o conceito, nos valemos de um corpus teórico e um panorama de dramaturgias publicadas por dramaturgas/os negras/os brasileiras/os.
² Mas o que dizer sobre o grande panorama de textos cênicos no Brasil, que colocam a negridade como centro da narrativa, mas foram escritos por dramaturgas/os brancas/os? É exatamente o caso da maioria das dramaturgias incluídas na ontologia Dramas Para Negros e Prólogo Para Brancos de Abdias Nascimento (1961), quase todas, tirando o texto do próprio Nascimento, escritas por dramaturgos brancos. Tentando entender especificamente esse caso da década de 60, flertou-se muito durante os encontros da pesquisa com o termo “dramaturgia antirracista”. Já hoje em dia, pensamos que compartilhar a escrita de uma dramaturgia pautada na negridade ao lado de uma/um dramaturga/o negra/o, é possivelmente o mais perto de poder considerar que essa categoria “dramaturgia antirracista” é crível.
³ Se trata de uma plataforma colaborativa que se propõe a concentrar conteúdos acerca das dramaturgias negras contemporâneas. O principal dispositivo utilizado no processo de catalogação foi um espaço do site chamado “Dramaturgos”, uma aba reservada para conhecer as trajetórias e os trabalhos de profissionais das dramaturgias negras no Brasil.
4 Nesse aspecto, a contribuição de meus colegas de pesquisa Lorenna Rocha e Elton Bruno foi fundamental, uma vez que ambos participaram da capacitação para a primeira banca de heteroidentificação da UFPE em 2019. Se trata de uma seleção organizada pela universidade para a composição de comissões de heteroidentificação, elas servem para a validação da autodeclaração prestada por candidatos inscritos no sistema de cotas para pretos e pardos no Sistema de Seleção Unificada (Sisu)/MEC, em processos seletivos e concursos públicos na UFPE. Não que isso os coloque num patamar de autorização para a análise, mas as bagagens teóricas que eles acumularam na formação para a banca foi um material importante de ser compartilhado. Por diversas vezes, precisei recorrer a eles para que a autodeclaração de alguns profissionais fosse complementada. Só teve um caso em que eu precisei entrar em contato direto com um dramaturgo, explicar o contexto da pesquisa, pedir licença e perguntar como ele se autodeclarava. Gentilmente, ele compartilhou o processo étnico-racial de sua família, e disse que apesar da influência diversa em seu fenótipo e em seu contexto social, ele se autodeclarava branco.
5 Para não gerar confusão, nesses casos no qual a profissional se encontra em deslocamento regional, ou passou por um processo de mudança, inserimos na tabela de identificação das/os dramaturgas/os o estado de origem e o estado atual de trabalho. Ex: (SE/SP)
Essa pesquisa é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), a produção e publicação do presente texto foi financiada pelo Edital de Formação e Pesquisa da LAB-PE, com recurso da Lei Aldir Blanc 2020 em Pernambuco, e contou com a parceria do Quarta Parede. O texto foi revisado por Bruno Siqueira e Lorenna Rocha.