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Home›.Tudo›Hackers do Cistema | Crítica – O Evangelho Segundo Vera Cruz

Hackers do Cistema | Crítica – O Evangelho Segundo Vera Cruz

Por 4 Parede
10 de julho de 2023
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Imagem – Divulgação

Por Ligia Ribeiro Ferreira

Durante o momento mais rigoroso da pandemia da COVID-19, acompanhei, enquanto espectadora, o processo de criação de O Evangelho Segundo Vera Cruz, do Teatro de Fronteira (PE). O espetáculo foi montado e exibido no formato online entre 2020 e 2021. Algum tempo depois, o reencontrei na oficina Outros Olhares, Outras Escritas. Ambientada na cidade ficcional Vera Cruz, a montagem revisita um episódio de censura ocorrido no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), em 2018, quando Renata Carvalho teve sua peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu retirada da programação do FIG. Na peça, projeta-se como seria se Jesus voltasse como travesti, o que gerou diversas manifestações transfóbicas promovidas por civis e setores evangélicos do estado de Pernambuco.

No espetáculo, mescla-se realidade e ficção, ao narrar a chegada da atriz trans “Ela”  e as reações de apoio e oposição que sua presença causaram na cidade. Assim como no episódio de 2018, há uma série de disputas para que a peça em que Ela é protagonista aconteça. Neste contexto, o espetáculo denuncia múltiplas situações de censura e transfobia, promovendo, ainda, um fecundo debate acerca da importância de pessoas trans no teatro, com o elenco composto metade de pessoas trans e metade de pessoas cis. Além da personagem Ela, conhecemos um pouco da história de Chico e Joe, um casal que promove a ida da artista até Vera Cruz. De modo menos complexo, aparecem outras figuras da cidade, como o prefeito, o governador, a radialista, os cidadãos, entre outros.

Personagens conservadores, enquanto representações institucionais, como o prefeito, os pastores, entre outros, são apresentados como figuras risíveis e debocháveis. Historicamente, como mostram Bragança (2019) e Trevisan (2018), nós LGBTQIA+, muitas vezes fomos e somos cota da diversidade e da comicidade nos lugares, retratados enquanto figuras rasas e despolitizadas. Mas, dessa vez, são os donos do poder que sao interpretados como histéricos, exagerados, inconsistente. Retratados de modo caricatural, com uma postura passional e exaltada, a forma como reagem às situações em Vera Cruz é risível e exagerada. Sem nome e sem aprofundamento em suas histórias, acontece um tipo de inversão, paródias de arquétipos do cotidiano, denominados pelo diretor Rodrigo Dourado como “personagens-tipo”. São eles, nessa inversão, os silenciados, seja quando insistem em falar “o travesti”, sendo a troca do pronome uma manifestação de transfobia, ou quando insistem em violentar o corpo de Ela com outras palavras. Eles são os interrompidos. Essa estratégia parece criar um ruído nas vozes preconceituosas. Uma espécie de hackeamento daquilo que é enunciado.

A peça também denuncia outros episódios de transfobia, de falas institucionais às práticas mais invisíveis de reproduzi-la. Isso é marcante, por exemplo, na cena entre Chico e Joe, quando o segundo fala sobre o desejo de fazer uma mastectomia, e o companheiro pergunta se não se trata de uma “mutilação”. E Joe responde: “Mutilação é eu não ser tratado como eu me vejo, como eu sou, pelas pessoas, né?!”. Como aponta Letícia Nascimento (2019), as mudanças corporais efetuadas por pessoas cisgêneras não sofrem tais indagações, reservadas para pessoas transgêneras, evocando os discursos sobre ser radical e antinatural. Os CIStemas são tão violentos que, mesmo através de um interesse genuíno em cuidar, pessoas cisgêneras seguem violentando pessoas trans, travestis, não-bináries, num nível estrutural, coletivo e pessoal.

A figura do hacker parece interessante para pensar as relações de gênero traçada pelo próprio espetáculo: nós, dissidentes, somos, à nossa maneira, hackers desse SIS e CIStema, construindo possibilidades que não nos foram dadas nem oferecidas, mas criadas com muito suor e sangue. Conhecemos as violências que são promovidas por meio do discurso na sociedade em que vivemos, pelos “cidadãos de bem”. Mas, no espaço-tempo da peça, podemos experimentar um lugar em que as dissidentes, as travestis, são quem ocupam centralidade, reivindicando espaço também no teatro. A presença e a fala dos artistas trans e travestis em O Evangelho Segundo Vera Cruz, ecoam o manifesto escrito por Renata Carvalho. E questionam: “Quantas artistas trans e travestis eu conheço, apoio e valorizo? Quantas artistas trans eu já vi no Teatro? Quantos personagens trans foram vividos por nós, pessoas cisgêneras?”. É preciso seguir confrontando o status quo, para que outros teatros sejam possíveis.

Este texto resulta da Oficina de Crítica Teatral: Outros olhares, outras escritas, ministrada por Rodrigo Dourado, Lorenna Rocha e Bruno Siqueira.

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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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