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Home›.Tudo›Crítica – Tu amarás | Feridas abertas

Crítica – Tu amarás | Feridas abertas

Por 4 Parede
9 de março de 2020
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Imagem – Marcuse Xaverius

Por Lorenna Rocha

Licencianda em História (UFPE) e Crítica Cultural

Confrontar-se com obras que nos desestabilizam, nos deslocam e nos fazem desprender horas para compreender quais as motivações dessas incertezas diante daquilo que se viu é reflexo de uma angústia que move o ofício da crítica. Saí do espetáculo Tu Amarás, do grupo chileno Bonobo, contorcida, sem entender muito bem o que era a afetação produzida pelo espetáculo e o que havia de incômodo em mim devido a suas escolhas discursivas, procedimentais ou estéticas. Entre conversas pós-sessão e inúmeras mensagens e áudios trocados via Whatsapp com amigos, esse texto é ainda um contínuo desdobramento de ideias que, menos do que traçar análises finais sobre a obra, busca se relacionar com algumas dessas perturbações que permearam minha experiência.

A comédia dramática construída pelo Bonobo acontece numa situação bem específica. Um grupo de médicos chilenos estão se preparando para uma conferência internacional que discutirá sobre o preconceito contra os Amenitas na medicina, população extraterrestre que chegara recentemente à Terra. A trama se passa majoritariamente nos dias anteriores ao evento e, como se constrói visualmente no próprio cenário da peça, o que se vê no palco é um campo de batalha. As mesas longas cobertas de panos brancos estão agrupadas de modo a construir um ringue. A luz que se encontra em cima desse espaço cênico é um retângulo que também produz a imagem desse lugar de competição, o qual dialoga diretamente com o clima que se desenrola através dos impasses entre os personagens. 

A premissa do encontro entre esses profissionais é de ordem, para eles, quase benevolente. Com o objetivo de discutir uma medicina mais democrática, pressionados invisivelmente por etiquetas do que vem a ser politicamente correto, eles buscam dar dignidade aos Amenitas. Os discursos cheios de floreios dos personagens escondem e, concomitantemente, escancaram condutas de corpos hegemônicos, de práticas colonialistas. É nesse ambiente de trabalho que os personagens acabam por abrir suas próprias feridas, esbarrando nos preconceitos praticados e promovidos por eles mesmos, que veem os Amenitas como animais, irracionais e subalternos. Os diálogos estruturados pela dramaturgia apontam para o processo de diferenciação de grupos sociais que promovem a hierarquização e exclusão daqueles que são lidos e tratados como não sujeitos.

Esse ódio à alteridade, ou seja, a tudo aquilo que é diferente, tão latente na sociedade brasileira (e globalmente) nos últimos anos, como bem foi discutido na mesa Políticas públicas para a cultura: confrontações ideológicas, é exposto por meio de uma dramaturgia cheia de ondulações, que flutua entre diferentes ritmos de estados emocionais, de um riso ingênuo até um tom demasiadamente dramático, para desvelar as violências sustentadas em discursos que muitas vezes se escondem, como se diz o ditado, em pele de cordeiro. 

O espetáculo ocorrer nesse ambiente específico da produção da ciência, ligada à área da saúde, retoma também a um quadro histórico em que há um processo de patologização e de entrelaçamento entre aquilo que é de ordem biológica e de ordem social. As teorias raciais, por exemplo, é produto de sociedades que exercem a biopolítica como estratégia de dominação e de manutenção de estruturas hegemônicas, que partem da distinção para legitimar práticas imperialistas e colonialistas. 

No entanto, e aqui talvez esteja um das minhas primeiras indigestões com o espetáculo, é que isso se constrói de forma tão focalizada na experiência individual daqueles personagens, que o argumento relacionado a questões de ordem estrutural parece se enfraquecer. A repetição contida nos diálogos presentes no enredo se, por um lado, demonstra uma busca do próprio grupo pela temática, por outro lado cai numa espécie de ingenuidade da forma em que se aborda o assunto. E isso se une a essa possível dúvida da forma que se comunica sobre o que está no plano individual e aquilo que é do plano estrutural, coletivo e histórico. 

Uma metáfora muito usada nesse texto é o ato de cortar-se, de revirar-se, de descobrir-se, de abrir-se por dentro, como um ato de amor que se traduz numa investigação de nossas próprias fragilidades e de facetas que, por vezes, queremos ignorar e esquecer. Segundo o enredo, isso é uma forma de conseguir olhar e humanizar o outro. Mas, nesse movimento, recaí uma dúvida sobre o quão é possível estabelecer uma discussão sobre o Outro, exclusivamente na ausência dele. E aqui talvez esteja um segundo mal-estar produzido pela obra em mim, uma vez que o discurso hegemônico é exposto por corpos não minoritários, no contexto latino-americano, que apontam para a Outridade, mesmo compreendendo que enquanto latino-americanos estejam como o Outro numa ordem global, de uma forma que nos causa certa incerteza, produzida por uma possível ambiguidade que escorre como uma certa mea culpa impressa nas discussões da dramaturgia no que se refere aos grupos minoritários que estão em destaque nos diálogos, como as populações indígenas, negras e transsexuais.

Minhas incertezas não foram sanadas, minhas feridas continuam abertas.

TagsAlteridadeAmérica LatinaChileDemocraciaGrupo BonoboLorenna RochaMITspMITsp 2020Outridade
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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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