#06 Festas e Rituais | Danças visíveis e batalhas invisíveis entre os Caboclinhos de Pernambuco

Imagem – Raíssa Fonseca | Arte – Rodrigo Sarmento
Por Maria Acselrad
Dançarina, Antropóloga, Professora da Licenciatura em Dança (UFPE) e Doutoranda em Sociologia e Antropologia (UFRJ), com Estágio Sanduíche em Paris Ouest/Nanterre
Impossível dissociar o violento processo de exploração instaurado com o projeto de colonização das Américas do fato de que grande parte das danças populares e tradicionais brasileiras se constituiu a partir de movimentos de resistência, afirmação, negociação. Consideradas práticas heréticas e pagãs, durante muito tempo, essas danças ocuparam o lugar daquilo que precisava ser combatido ou cristianizado (Monteiro, 2011). Embora pouco tematizada, a verdade é que a dimensão agonística é um aspecto central para muitas danças populares e tradicionais brasileiras. O entendimento do “mundo como combate”, a respeito da estética popular do Nordeste, inclusive já foi considerado categoria chave para compreensão do ethos desta região (Lagrou e Gonçalves, 2013), onde se concentram muitas dessas danças.
Evocada em sua organização coreográfica, em sua caracterização e em seus sentidos de ser, referências à guerra encontram-se presentes na movimentação de dançarinos que, através de suas dinâmicas de ataque e defesa, fazem alusão a batalhas, de caráter físico ou espiritual. Este é o caso dos maracatus, reisados, guerreiros, cheganças, marujadas, congados, entre tantas outras danças, que, organizadas em fileiras, cordões ou batalhões, têm seus integrantes conduzidos por capitães, guardas, mestres, caboclos de trincheira, portando lanças, bastões, espadas, cacetes, espingardas, arco e flechas, por meio dos quais vão traçando pelo espaço sua luta real e imaginária. Este também é o caso dos caboclinhos de Goiana.
No século XVI, as terras que compõem a cidade de Goiana, integravam a Capitania de Pernambuco, lugar de destaque político e econômico, por onde escoava boa parte da produção açucareira e o pau-brasil extraído da região e onde se deram importantes batalhas entre povos indígenas, lutando contra ou em aliança com os colonizadores (Dossiê, INRC: 2012). Cidade localizada a cerca de setenta quilômetros do Recife, na zona da mata norte de Pernambuco, Goiana é marcada historicamente também pela presença dos latifúndios, pela exploração da monocultura da cana-de-açúcar e pela acumulação de riquezas graças ao trabalho escravo, substituído hoje pela regulamentação precária e flexível de relações de trabalho, incentivadas pela instalação recente de grandes fábricas, que a despeito de um desenvolvimento prometido, acirraram a desigualdade, a violência e a miséria na região. De alguma forma, tudo isso contribuiu para que o imaginário da guerra permanecesse bem vivo ali.
Os caboclinhos são agremiações carnavalescas formadas por homens, mulheres e crianças, vestidos de índios e munidos de arco e flecha, que saem pelas ruas do Recife e da zona da mata norte de Pernambuco, dançando e tocando. Embora presente em outros estados como Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, é sobre sua ocorrência em Goiana, cidade considerada terra dos caboclinhos1, e sobre as relações de força entre as dimensões visível e invisível articuladas por esta tradição, que este artigo se concentra.

7º Encontro dos Caboclinhos e Índios de Pernambuco | Foto: Costa Neto | #4ParedeParaTodos #PraCegoVer – Imagem colorida de homem vestido com trajes típicas do caboclinho com referências às indumentárias indígenas, como cocares e colares com penas e lantejoulas. Ao fundo, um estandarte e outros sujeitos também se movimentam na festividade.
No caboclinho, seus dançarinos são índios guerreiros, organizados em disposição espacial em que duas fileiras paralelas desenvolvem movimentos simétricos. Os líderes desses cordões são os puxantes. Suas danças, chamadas manobras, evocam movimentos de guerra, envolvendo avanços, recuos, saltos, agachamentos, trançados e rodopios, por meio de passos cujas variações envolvem o cruzamento e o descruzamento de pernas e o gesto de atirar com o arco e flecha que têm nas mãos, para inúmeras direções. Tudo isso, em constante deslocamento, ao som do baque, unidade musical composta por um bombo, um tarol, um ou dois caracaxás, uma flauta vertical de quatro furos, conhecida como gaita, e um atabaque.
Boa parte dos trabalhos dedicados a refletir sobre esta tradição procuraram defini-la a partir de suas origens – o que é, de onde vem? – , no sentido de esclarecer questões como: os caboclinhos evocam traços de uma memória indígena por seus descendentes diretos, miscigenados e dispersos na população local ou representam a expressão de caráter imitativo por parte de negros afro-brasileiros do que seria a cultura indígena? Sobre a origem dos caboclinhos, os primeiros trabalhos (Cascudo, 2001, Real, 1990), sugerem sua ligação com os autos catequéticos dos padres jesuítas, a partir dos relatos do Padre Fernão Cardim que, em 1584, registrou em Tratado da Gente e Terra do Brasil (2009) os primeiros contatos entre índios e portugueses. Mas a busca por matrizes culturais originárias, na maioria das vezes, revela-se insuficiente na explicação das tradições populares e, neste caso, segundo estudos recentes (Santos, 2009) ainda arriscaria adotar um ponto de vista histórico-linear, que minimiza a importância dos diálogos afro-indígenas observados nesta tradição.
Ao mesmo tempo que os integrantes dos caboclinhos se reconhecem identificados com o universo indígena, por meio de laços familiares, formas de ocupação da região, costumes e modos de fazer, expressam profunda intimidade com a tradição afro, no que diz respeito às práticas religiosas, envolvendo sacrifícios e a incorporação por meio da possessão, o que vem se somar ao conjunto de memórias ligadas ao tempo da escravidão. A fantasia de índio, presente em todo o território brasileiro no carnaval3, neste caso, mais do que uma identidade nativa, parece colocar em movimento, a “fatalidade de um encontro”, como evocado por Goldman (2015: 2), resultado “do maior processo de desterritorialização e reterritorialização da história da humanidade”.
De todo modo, o que interessa discutir aqui é a dimensão performativa dos caboclinhos – que transformações esta dança opera? Contra o quê e contra quem se opõem estes corpos em movimento? Que armas são utilizadas nesta batalha? O que se encontra em jogo nesta guerra dançada dos caboclinhos? Compreender suas danças como manobra, categoria nativa de movimento, é um primeiro e decisivo passo, que leva diretamente a uma reflexão sobre a relação dança e guerra. Mas é preciso entender esta guerra em termos nativos.
Entre os caboclinhos, guerra é um ritmo que abre e fecha os ensaios e apresentações, ao som do qual se dança a tesoura: cruzada de pernas, seguida de descruzamento, por meio de transferência de peso e acento nas laterais. No início e ao fim dos ensaios e apresentações, também são entoados os gritos de guerra, brados coletivos em forma de pergunta e resposta, que enaltecem o caboclo, entidade espiritual que protege o grupo, e convidam seus componentes a se posicionarem sobre o querer paz ou guerra. Ao que sempre respondem: guerra! Como esclareceu Laudicéia da Conceição Simplício, cacica do Caboclinho Carijós de Goiana:
Essas danças já é pra cortar algumas coisas. Por isso, tem tanta cruzada de perna. Porque tem gente de outras tribos que vem olhar a gente, nos admira, aí olha as pernas, porque a gente tá dançando muito ou tá dançando pouco, aí naquilo já vai alguma maldade. Nessa época assim, eles são contra um ao outro, guerreia um contra o outro. Sete Flexas e Carijós.
Este poder de “cortar algumas coisas” que a cruzada de pernas detém, também pode ser experimentado coletivamente, através das manobras, que para além do caráter evocativo e descritivo, apontado pelo clássico estudo de Guerra-Peixe (1988), assume papel performativo, ou seja, uma ação no mundo, como ensinou Eliel Fernando, puxante do Caboclinho Tupynambás de Goiana.
Por esse termo de manobra, não é que eu fico observando outras pessoas dançar, mas de uma certa forma sim, eu olho lógico. Música tem o seu compasso, eu vejo que um passo aqui, outro ali, já faz diferença. Se você souber encaixar um ritmo dentro do compasso, dá pra você fazer coisas absurdas. Então, essas manobras desde que eu brinco que eu sei que, ou você vai por dentro, ou por fora, ou você cruza pelo outro, e aí vai. A criatividade é sua. O espaço é seu. Um ritual pra guerrear, meter o peito, enfrentar seja o que for.
Mas através das forças de oposição ali visivelmente mobilizadas, seja pelos corpos em movimento, pelas manobras dos cordões, pelo sentimento de disputa e provocação entre os grupos, se dá uma batalha no plano invisível. A maioria dos caboclinhos encontra-se ligado a um terreiro de jurema, onde costuma cultuar um caboclo4, entidade espiritual que dá nome ao grupo. A este caboclo o grupo deve obrigações, muitas vezes referidas nos mitos de origem dos grupos de caboclinho, criados em retribuição a uma graça alcançada.
Na madrugada do sábado para o domingo de carnaval, apenas uma vez por ano e somente em Goiana, os caboclinhos saem pelas ruas da cidade, desenvolvendo percursos variados que inclui a visita aos terreiros de jurema, onde os caboclinhos foram batizados. Este ritual, chamado caçada do bode, acontece como forma de preparação para os desafios do carnaval: brigas, doenças, acidentes, encontros indesejados e outros possíveis infortúnios. Em silêncio, seus integrantes caminham juntos, conduzindo dois ou três bodes, vestidos de caboclo (de cocar, atacas e saiote, feitos de penas) até uma encruzilhada ou mata distante do centro da cidade. Neste ponto, o caboclo cultuado incorpora em suas lideranças espirituais, trazendo recados e indicando os caminhos a seguir. Fogos de artifício estouram no ar, a baque começa a tocar e os cordões a dançar. As manobras têm início. Entre quatro horas da madrugada e oito horas da manhã, as ruas da cidade são percorridas por todos os grupos de caboclinho, que por onde passam acordam a população, que vem às janelas apreciar o cortejo ou sai às ruas para acompanhá-los.

Imagem de festa de Caboclinho União Sete Flexas de Goiana | Foto – Ernesto Rodrigues | #4ParedeParaTodos #PraCegoVer – Imagem colorida e borrada de pessoas com roupas diversas em festividade de caboclinhos.
Durante a caçada do bode, no caso de haver encontro nas ruas, a expectativa é de que a agremiação mais jovem abra caminho para a mais antiga passar, atendendo a um critério de antiguidade. Mas o fato de um grupo abrir caminho para outro, também se dá quando uma agremiação se aproxima do terreiro de jurema ao qual o grupo se encontra ligado, atendendo a um critério de espacialidade. Acontece que esta “abertura” nem sempre se expressa de forma amigável, com a recolhida dos cordões, para que o outro grupo possa seguir desfilando pelas ruas. Sobre este tipo de embate, inúmeros relatos de antigos dançadores descrevem passagens violentas, envolvendo confrontos físicos entre os caboclinhos. Há quem diga que, no passado, os instrumentos musicais eram feitos, de forma a atender uma qualidade acústica, mas também bélica. As flechas incluem-se aí. De caráter percussivo, era importante que pudessem machucar, se necessário.
Na maioria dos anos em que acompanhei a caçada do bode a iminência de um embate físico, propriamente dito, cedeu lugar aos desvios, aos recuos, aos tangenciamentos de modo a evitar o confronto direto. Mas, às vezes, os caminhos se cruzam. No carnaval de 2017, após um período pré-carnavalesco de intensas provocações o Caboclinho Carijós e o União Sete Flexas se atravessaram numa esquina do centro da cidade de Goiana, e em poucos segundos o que era dança virou luta, com socos, chutes, ameaças de facada e agressão verbal. Muito do que se passa nas ruas, entre os caboclinhos, costuma ser atribuído à relação que os grupos mantêm com as forças espirituais, os caboclos que protegem a manifestação. Os dirigentes das tribos acreditam que sair às ruas para dançar está relacionado a “cumprir uma tarefa” e pra isso é preciso estar em boas relações com os espíritos (Vicente, 2012). De acordo com Seu Nelson Cândido Ferreira, fundador do União Sete Flexas de Goiana:
O carnaval é uma batalha. Na parte invisível, os caboclo não se dão. E eu tenho que trabalhar pra não deixar passar, pra não deixar eles ganhar, pra me livrar. E eu me livro com a dança.
Em tempo de carnaval, a cidade está aberta para tudo, de bom e de ruim. Por isso, é preciso se proteger, através de rituais de limpeza que envolvem obrigações, sacrifícios, abstinências. Esses procedimentos se dão no contexto dos diferentes rituais da jurema, religião presente em todos os estados do nordeste (Rosa, 2009), ligada ao universo indígena. Em torno da jurema, encontra-se uma força espiritual, acessível por meio da bebida servida durante os rituais, um vinho feito da casca do tronco da árvore da jurema, sobre o qual registros apontam o uso já no período pré-colonial em rituais indígenas preparativos para guerra (Tavares de Andrade, 2003).
Por conta dos históricos enfrentamentos entre os caboclinhos, na década de 2000, foi criado o concurso de agremiações carnavalescas, pela Prefeitura do Recife, onde grupos de todo o estado participam, inclusive os de Goiana. Com o objetivo de “disciplinar” o carnaval e premiar os melhores do ano, este movimento de institucionalização, vivido por muitas cidades brasileiras, definiu locais e horários de apresentação e circulação, além de critérios de avaliação. O número de componentes, o padrão dos trajes, os instrumentos utilizados e mesmo as danças passaram a atender aos parâmetros estéticos previamente estabelecidos, em troca de subvenção.
É de conhecimento geral, no entanto, que os recursos destinados pelos órgãos públicos aos caboclinhos, nunca foram suficientes para colocá-los nas ruas. Se, por um lado, os grupos dependem dos subsídios e cachês de apresentação, por outro, é por meio de um conjunto de relações de força entre eles, que alterna aliança e inimizade, o que, de fato, contribui para a viabilização do carnaval. Vale lembrar que no ano de 2016 o Caboclinho foi registrado como patrimônio imaterial do Brasil, e que no carnaval seguinte à titulação, a gestão municipal de Goiana declarou publicamente que, em função da crise econômica5 vivida em todo o país, não disponibilizaria verba alguma para realização do carnaval tradicional da cidade, onde os caboclinhos se apresentam.
Neste sentido, é que o grupo inimigo tem papel crucial na dinâmica dos caboclinhos, onde convivem a prestação de favores, colaboração, relação de parentesco e admiração com a mais explícita expressão de crítica, demérito, ridicularização, rivalidade e provocação. É possível encontrar, às vésperas do carnaval, na linha de montagem de fantasias ou nos ensaios de um determinado grupo, integrantes de grupos oponentes, que estabelecem relações de ajuda mútua temporária, em troca de penas, instrumentos musicais ou de integrantes para compor o cordão de caboclos e caboclas. Evocar o clássico debate sobre a função da guerra na sociedade (Lévi Strauss, 1982; Clastres, 2014; Fernandes, 2006; Fausto, 2001; Viveiros de Castro, 2002) é inevitável.
A guerra nem sempre teve suas bases estabelecidas sobre padrões de conquista de território, por meio do horror e destruição, justificada por ideais integracionistas, em que a unidade política ou social se dava a partir da eliminação de um potencial inimigo (Cohn & Sztutman, 2003). Como propôs Clastres, em Arqueologia da violência, a guerra ameríndia deveria ser compreendida como um modo de funcionamento ou motor da vida social. A indivisão interna, através da relação entre aliados, garantiria a oposição externa, por meio da relação entre inimigos. Por isso, “se não houvesse inimigos, seria preciso inventá-los” (2004:239-250). Uma imagem em positivo da guerra revela-se desta operação, em que a lógica do múltiplo, mobilizada pela “máquina de dispersão”, combate a lógica da unidade, representada aqui pelo “poder legal que engloba todas as diferenças a fim de suprimi-las” (2014:251). Fenômeno descrito por Viveiros de Castro (2014:302) como a mobilização de um “estado metaestável de hostilidade virtual entre comunidades locais relativamente autônomas”. O grande inimigo dessas guerras seria, portanto, o Estado. Por isso, se não podemos afirmar propriamente que é graças ao Estado que a tradição dos caboclinhos se perpetua, podemos sugerir que é apesar dele.
O que uma genealogia dos caboclinhos permite observar é que o crescente interesse da população local pela tradição, expresso no surgimento de cada vez mais grupos, mais do que relacionado aos precários mecanismos de subvenção do carnaval, de fato resulta de um processo de dispersão ou derivação por divergências estético-relacionais, que converge para o interesse e manutenção de autonomia estética, política e espiritual. Nos relatos sobre o surgimento dos grupos de caboclinho são comuns as referências a episódios de conflito entre seus membros. Compreendê-los por relações de ruptura, mais do que por relações de continuidade, parece realmente fazer sentido. Trata-se, então, de dissociar as relações agonísticas de uma visão patológica ou anômala e reconhecer que aliados e inimigos são posições móveis e relativas.
Se a dimensão invisível da guerra se mostra, portanto, indissociável da dimensão visível da dança – onde se faz a festa também se faz a guerra – o que esta discussão pretende chamar atenção é para as diferentes forças que movem a dança, assim como para as diferentes formas que assumem a guerra. Caberia ainda acrescentar que a questão da rivalidade na dança ultrapassa as fronteiras de uma experiência histórica e antropológica estritamente brasileira. Trabalhos como o de Molinié-Fioravanti (1988), sobre as batalhas rituais andinas, no Peru e Bolívia, de Ramirez (2003) e Bonfigliolli (2004), sobre as danças de conquista, no México, de Calapi (2017) sobre a tomada da praça de l´Inti Raymi, no Equador são alguns exemplos que indicam o quanto, numa perspectiva latino-americana, nossa história coreográfica exige uma reflexão sobre processos de colonização. Que a reboque do projeto de Estado continuou invisibilizando heterogeneidades, assim como as forças de oposição que as constituem, diluindo-as seja por meio da mistura, ou assegurando-lhes um lugar de desvalor por meio da segregação.
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Notas de Rodapé
1 Este título, auto-conferido pela Prefeitura de Goiana, na década de 2000, levava em conta a concentração de grupos, a antiguidade e a expressão singular de sua dança, além da difusão de uma política de patrimônio imaterial que estimulava a identificação e o registro de expressões locais.
2 O trabalho mais recente sobre caboclinhos é uma dissertação de mestrado com abordagem etnomusicológica, onde a performance musical ganha destaque através de uma etnografia do Caboclinho Canindé do Recife (Santos, 2008).
3 Tradições semelhantes como os Caiapós, em São Paulo, as Tapuiadas, em Goiânia, os Tapuias, em Minas Gerais e os Caboclos, na Bahia foram registradas por Renato Almeida (1961) que em suas especulações sobre origem, caracterizou esses folguedos por serem manifestações afro-brasileiras, com inspiração e propósitos de imitação indígena.
4 Os caboclos, cultuados na jurema, fazem parte de uma categoria de entidades espirituais que passou diretamente desse mundo para um mundo mítico, através do encantamento, isto é, sem conhecer a experiência da morte (Prandi, 2001). Algumas características costumam ser atribuídas aos caboclos, por exemplo, o fato de serem índios que viveram antes da colonização; só fazerem o bem; serem espíritos curadores e detentores da ciência das ervas; além de chefes e guerreiros (Lísias Negrão apud Assunção, 2001).
5 A crise econômica a que se referia a gestão municipal diz respeito, de fato, à crise política vivida em abrangência nacional, decorrente do golpe de estado instituído pelo congresso nacional em agosto de 2016, articulado a uma operação judicial anti-corrupção, que destituiu a presidenta Dilma Rousseff de suas atribuições e deu início a um conjunto de reformas trabalhistas e previdenciárias, congelamento de gastos públicos em saúde e educação, revisão de direitos humanos e extinção de políticas de acesso à terra para comunidades tradicionais, cuja gravidade das consequências ainda não podemos dimensionar.