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Home›.Tudo›Crítica – Jacy | Jacy e as memórias do lixo

Crítica – Jacy | Jacy e as memórias do lixo

Por 4 Parede
3 de maio de 2016
2012
0
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Imagens – Divulgação

Por Rodrigo Carvalho Marques Dourado

Doutor em Artes Cênicas (UFBA) e Professor da Licenciatura em Teatro (UFPE)

O Grupo Carmin, de Natal (RN), afirma que sua intenção inicial, e anterior à gênese do espetáculo Jacy, era a de erguer uma montagem teatral em torno do tema da velhice. A pesquisa já havia se iniciado quando o diretor Henrique Fontes encontrou, por acaso, numa das principais avenidas de Natal, uma frasqueira, jogada ao lixo. Nela, estavam os pertences de alguém, que o grupo viria a descobrir se tratar de Jacy, senhora de 90 anos, tornada, desde então, a principal personagem dessa investigação/criação cênica.

MEMÓRIAS DO LIXO – Eu diria que o espetáculo é, em verdade, uma investigação sobre o lixo. Não que a velhice esteja ausente do trabalho, tampouco uso a figura do lixo como qualificativo denegridor da montagem. Ao contrário, penso que o lixo é a metáfora mais potente articulada pela encenação. Pois, o que seu criador encontrou em meios aos dejetos não foram somente objetos, vestígios materiais de uma vida, mas as próprias memórias-lixo, memórias-resíduo, memórias-detrito, memórias-entulho de uma brasileira, nordestina, idosa, mulher, potiguar, cuja história de vida pouco ou nada interessa à historiografia oficial.

“Nenhum parente acompanhou Jacy até o túmulo”, afirmam os atores ao cerrar a narrativa. Um final sem testemunhas, uma vida que se apagaria no anonimato, dela restando apenas rastros materiais que, se não encontrassem o devido guardião, permaneceriam destinados à lata de lixo. O encontro do Carmin com essa história-memória (re)anima, portanto, a vida de Jacy, sacando-a, simbólica e materialmente, da pilha de dejetos para atribuir-lhe novos significados, não por piedade ou caridade, mas pelo entendimento de que essa trajetória tem muito a dizer sobre nós mesmos, tem muito a nos iluminar.

JACY E NATAL – “Jacy era igualzinha a Natal, uma donzela em busca do príncipe encantado”, aponta, em momento de síntese, a dramaturgia. E é a partir da trajetória desta mulher – já falecida – que acompanhamos um pouco da história de Natal, da história brasileira, da história mundial: narrativas de costumes, do mapa geopolítico local e global, reveladas a partir dessa micro-história. Um achado dramatúrgico, cênico e historiográfico.

Nascida em 1920 e falecida em 2010, Jacy cresceu na minúscula Natal dos coronéis; viveu um romance com um soldado norte-americano, nos tempos da Segunda Guerra e da instalação da base militar estadunidense no RN; acompanhou a partida do irmão para se juntar ao esforço de guerra brasileiro no mesmo período; migrou para o Rio de Janeiro, como tantos outros nordestinos, lá se tornou funcionária pública e testemunhou o período do regime militar; reencontrou seu soldado norte-americano e por ele se apaixonou e dele se desapaixonou novamente; voltou para o Rio Grande Norte e desconheceu Natal, agora não mais a vila de sua juventude; idosa, passou a seguir uma estrita rotina de compras no Supermercado Nordestão e de comunicação telefônica com o irmão, até falecer vítima de complicações oriundas de uma queda.

TEATRO DOCUMENTAL – Sem dúvida, colocado assim de forma sumária, esse trajeto não faz jus às inúmeras curvas, reviravoltas, linhas e traçados de uma vida vivida em 90 anos, mas o achado do teatro documental não me parece ser a recomposição de uma vida tal e qual ela se deu, tampouco o tensionamento entre ficção e realidade; mas, sim, a justaposição que ele produz entre macro-história e micro-história. O teatro documental utiliza-se do dado biográfico, factual, serve-se de pontos desta história de vida “real” para abrir janelas de compreensão para nossas próprias vidas, para criar identificações radicais, para enxergar a história desde outros ângulos mais periféricos, para fazer a plateia se perceber agente e partícipe da história, para cotejar passado e presente, para, enfim, humanizar a história.

Nessa direção, é que a trajetória de vida de Jacy permite ao espetáculo fazer uma crítica do processo de modernização/urbanização das cidades brasileiras; pensar nosso atual momento político como um continuum das práticas da velha política que perpassaram o Século XX no País; constatar a nossa condição permanente de colônia. Permite ainda, aos atores, revisitar suas relações conflituosas com a cidade Natal, bem como, refletir sobre a velhice como preciosa depositária de nossa memória.

UM MUNDO DE DELICADEZAS – Do ponto de vista da linguagem, o espetáculo é leve, irônico, singelo, doce, mas ágil, rápido, profundamente marcado por recursos e expedientes do chamado teatro performativo. A construção dramatúrgica apresenta alto grau de consciência e domínio conceitual e artístico. O trabalho com vídeo amplia os limites do palco, sendo uma presença/personagem que se impõe com muito êxito na montagem. Os atores, donos do processo e criadores de toda aquela engenharia, movem a engrenagem cênica com grande destreza e carinho, como quem abre a frasqueira e se depara com um mundo de delicadezas a manipular com muito curiosidade e todo cuidado.

É, enfim, um belo trabalho o do Carmin, sobretudo por seu dado humanizador, por contribuir para tirar da lixeira estas memórias, pelo esforço em produzir uma contranarrativa e utilizar as potências do teatro documental para revolver os detritos da história.

Confira AQUI entrevista com o diretor, dramaturgo e ator Henrique Fontes sobre Jacy.

Acesse AQUI a programação completa do TREMA! Festival 2016.

Confira AQUI outras críticas a espetáculos diversos feitas por nossos colaboradores.

TagsGrupo CarmimJacyRodrigo DouradoTREMA!TREMA! Plataforma de Teatro
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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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