Teatro de Fronteira apresenta os solos “Complexo de Cumbuca” e “Na Beira” em Recife
Imagens – Ricardo Maciel
Teatro de Fronteira é um grupo de pesquisa e investigação teatral que vem, a cada produção, ganhando novos admiradores e seguidores. O coletivo recifense – incansável – não para de experimentar. Só de 2014 para cá, estrearamquatro trabalhos, entre leituras, peças e performances.
O biodrama – conceito desenvolvido pela encenadora argentina Viviana Tellas, que consiste na investigação sobre a teatralidade presente no real – é o ponto de partida dos trabalhos do grupo. “Desde o espetáculo Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases, de 2012, temos investigado as implicações da entrada do real na cena. Tem sido um caminho cheio de descobertas e com uma recepção muito positiva”, avalia Rodrigo Dourado, fundador e diretor do Teatro de Fronteira. Do repertório do grupo, dois espetáculos entram em cartaz: Complexo de Cumbuca e Na beira. São solos autobiográficos, em que os atores compartilham cenicamente, poeticamente, pedaços de suas vidas. Memória transformada em teatro, realidade traduzida para a cena, vida performada.
Rodrigo Cavalcanti apresenta Complexo de Cumbuca, inspirado nos textos do Tumblr Controle Y. As vivências de um jovem gay de uma grande cidade qualquer trazidas para a realidade recifense: encontros fortuitos, decepções amorosas, aplicativos de “pegação”, aventuras sexuais bizarras. Quase num tom de stand-up comedy, Cavalcanti narra e vive suas próprias histórias, partilhando sem pudores um universo infinito de intimidades (in)confessáveis. O solo nasceu no projeto de pesquisa realizado pelo grupo ao longo dos anos 2013/2014 –Vozes Contemporâneas – incentivado pelo Funcultura, e já circulou por festivais e mostras como o Janeiro de Grandes Espetáculos e a Mostra Capiba de Teatro, além de ter feito apresentações em São Paulo.
Confira as informações das DUAS temporadas, que acontecem em teatros distintos.
O quê? Complexo de Cumbuca
Quanto? R$ 20 (inteira)
Duração? 45 minutos
Primeira Temporada
Quando? 19 a 27.09 (Sábados e Domingos | 19h)
Onde? Teatro Arraial (Rua da Aurora, 457 – Boa Vista, Recife)
Segunda Temporada
Quando? 02 a 24.10 (Sextas e Sábados | 20h)
Onde? Teatro Joaquim Cardozo (Rua Benfica, 157 – Madalena, Recife)
FICHA TÉCNICA:
Realização: Teatro de Fronteira
Performer: Rodrigo Cavalcanti
Orientação: Rodrigo Dourado e Wellington Junior
Iluminação, Cenografia e Sonoplastia: O Grupo
Imagens: Ricardo Maciel
Plínio Maciel, ator, aderecista, artesão e bonequeiro, dá um mergulho na memória do menino que nasceu em Surubim, veio para o Recife fazer teatro e se enamorou da contação de “causos”. O espetáculo Na Beira é conduzido por este Forrest Gump pernambucano, que resgata histórias e lembranças familiares, pessoais, mas também inúmeros personagens/pessoas que marcaram sua vida, criando uma celebração despretensiosa, explorando a teatralidade inerente aos encontros improvisados. “Sempre me surpreendeu a capacidade de Plínio, com suas histórias, em mobilizar a atenção das pessoas nos ambientes festivos, nas mesas de bar, ele é a performance”, esclarece o diretor Rodrigo Dourado. “De repente, abre-se uma roda e lá está ele, no centro das atenções. Essa teatralidade informal, essa performatividade improvisada, essa contação de histórias ao sabor do acaso, é o que buscamos explorar no solo ‘Na Beira’”, pontua.
A plateia é recebida com petiscos e bebidas e, aos poucos, vai sendo chamada a entrar no mundo do artista, tendo uma participação ativa na construção do roteiro da cena, aberto como os encontros improvisados. “O que me interessa é menos a formalização de uma história, de um personagem, de um espaço e mais o borramento desses elementos. Sim, criamos uma situação performativa, mas a maneira como essa situação se move, avança, é o mais aberta possível”, explica o diretor. “Buscamos um tom de conversa natural, dessas de soleira de porta, de cozinha, como no interior de onde eu vim”, complementa Maciel.
Se em Complexo de Cumbuca era o universo da cultura pop, urbana e gay que emoldurava o solo, em “Na Beira” é o clima popular, circense e interiorano que servem de pano de fundo para a performance. Os dois solos têm algo em comum, além do biodrama. Complexo de Cumbuca e Na beira nasceram como trabalhos de Teatro Domiciliar, movimento que marcou o ano 2014, no qual vários artistas abriram as portas de suas casas e apartamentos para experimentar, formar plateias, discutir o fazer teatral. E, agora, os atores estão se apresentando em espaços alternativos e teatros. “Na beira” é o carro-chefe do Roda Teatro Na Minha Casa, projeto de circulação dos solos em domicílios a convite dos moradores. E também se apresentou no Janeiro de Grandes Espetáculos esse ano.
O quê? Na Beira
Quando? 03 a 17.10 (Sábados | 20h)
Onde? Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529 – Boa Vista, Recife, esquina da Aurora com Princesa Isabel)
Quanto? R$ 30 (inteira)
Duração? 1h15 minutos
FICHA TÉCNICA
Realização: Teatro de Fronteira
Atuação: Plínio Maciel
Direção: Rodrigo Dourado
Iluminação, Cenografia e Sonoplastia: O Grupo
Imagens: Ricardo Maciel