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Crítica – A House in Asia | Espetáculo ‘gamefica’ ações bélicas em palco multimídia

By 4 Parede
17 de janeiro de 2016
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Imagens – Divulgação

 

Vinícius Vieira

Jornalista, Ator e Professor

“Isso é teatro?”, inquietava-se um rapaz franzino, com olhar duvidoso, ao questionar um amigo no hall de entrada do Teatro Apolo, após a sessão de A  House in Asia (confira o teaser AQUI), na quinta-feira (14). A peça também integrou a programação do 22° Janeiro de Grandes Espetáculos, período de verdadeira lua de mel das artes cênicas com a plateia pernambucana. “Eu gostei…”, afirmou o jovem. Era quase como um pedido de desculpas pelo “mas” que viria a seguir: “…mas a peça está mais próxima do audiovisual do que o teatro”, defendeu ele. A obra foi encenada pelo grupo espanhol Agrupación Señor Serrano e desestabilizou o público acostumado com produções mais tradicionalistas.

 

Ao utilizar técnicas audiovisuais, imagem ao vivo e gravada, referência ao universo dos games, a estética do videoclipe e a cultura pop, o espetáculo mostra um teatro vivo, aberto às novas tendências, dialogando com os filhos de uma era convergente, no qual as narrativas são multimídia e se espalham em hipertextos. Aliás, a encenação opta por várias referências aglutinadas para compor a narrativa. Os recursos foram utilizados para recontar a caçada contra Osama Bin Laden, empreendida pelos fuzileiros navais dos Estados Unidos, culminando na morte do terrorista, em 2011. Mas a peça vai muito além de reapresentar um fato. Quer compreender a cultura bélica disseminada, encorajada e repetida nos diversos períodos da humanidade. Para isso, constrói um discurso de idas e vindas na História, revelando os episódios de guerra até questionar o poderio americano e a legitimidade de seus feitos para “salvar a América” das ameaças.

 

A apresentação é feita por sobreposições que surpreendem o público a cada instante. Os atores – ou seriam VJs, DJs, cinegrafistas, performers, ou tudo isso junto – agem numa quase “não interpretação”. Eles utilizam câmeras, filmam bonecos em mini cenários, interagem com o que é projetado na tela e assumem personagens em situações estáticas. A manipulação de índios, soldadinhos e helicóptero de brinquedo também aproxima esses realizadores da cena ao teatro de animação, promovendo um flerte dessa estética com o cinema. Essa  forma de contar uma história, não linear, fragmentada, torna-se uma metáfora que nos faz questionar se também não somos como os bonecos, “marionetizados” pelo sistema, pelas redes de poder; construtores dos sistemas de opressão e, igualmente, oprimidos por eles.

 

Ao falar em sétima arte, a forma  no qual a indústria cinematográfica reconta as guerras nas telonas é colocada sobre suspeita, haja vista que, como toda elaboração cultural, os filmes também são produzidos por pessoas circunscritas em um período histórico e são contaminados pela intencionalidade de alguém. Essas obras partem do ponto de vista dos vencedores privilegiando suas conquistas, a forma no qual querem ser lembrados e anunciados ao longo dos tempos. Toda a encenação acontece na fricção entre presença e virtualidade. Ora somos sugados pela imagem exibida em uma grande tela, ora atraídos pela fisicalidade dos atores. Mas é impossível não reconhecer: o que é visto em maior amplitude e em constante mudança de escalas e planos, oferece um importante fascínio ao espectador.

 

Esse encontro de linguagens faz reverberar questionamentos: perante as virtualidades produzidas pelas Novas Tecnologias de Informação e  Comunicação (NTIC), como avaliar o impacto do corpo vivo em movimento? Quais os artifícios que o artista cênico deve desempenhar perante a plateia para que o fenômeno teatral aconteça? Como as produções audiovisuais têm influenciado a cena? Assim, o trabalho do grupo espanhol põe em cheque não só quem somos quanto humanidade e o que estamos fazendo (alimentando uma sociedade do medo?), mas problematiza o fazer teatral discutindo a própria linguagem. Não existem respostas estanques nesse terreno. O que nele há é a provisoriedade. Outro elemento inserido na encenação, e que provoca uma forma de recepção diferente ao público, são as legendas. Disponíveis na tela, traduzindo uma narrativa em inglês, elas acionam a globalização, proporcionam a ventilação de ideias afastando o limite da compreensão. E mais do que isso, oferecem ao texto uma outra possibilidade de ser enunciado na cena.

 

Se por um lado as tecnologias midiáticas penetraram o cotidiano dos indivíduos e seu uso é também uma alternativa aos artistas, por outro a sua utilização causa preocupação quanto ao seu pleno funcionamento em cena. Na apresentação da quinta, por causa de uma falha no projetor, a peça foi interrompida por cinco minutos, causando apreensão na plateia. Já na sessão da sexta (15), logo no início, quando um dos atores “gamificava” o atentado ao World Trade Center, a imagem pausou em alguns instantes, como se fosse o prenúncio de mais uma falha. Qual garantia podemos ter? Nenhuma. É exatamente em momentos como esse que a presença humana é celebrada  para contornar a situação utilizando-se do improviso.

 

O teatro exige o encontro entre as pessoas. Porém, por vezes, surge o descontentamento da parte do público por uma encenação enfatizar os recursos midiáticos audiovisuais. É uma espécie de saudade daquilo que é tangível, a presença carnal do corpo humano a nos provocar, a nos atrair fisicamente (e até sexualmente) a partir da comunicação cinestésica do ator. Do lugar onde nos encontramos, não há caminho para retorno, muito menos lugar para se esconder das interferências midiáticas. Elas povoam nossas vidas, nossos corpos e inoculam  o palco, contribuindo para  pluralizar as alternativas de construção cênica.

 

Muito além de classificar como teatro ou não, pode-se problematizar as interferências das mídias refletindo sobre como elas contribuem para a encenação contemporânea. Talvez esse seja um caminho frutífero para fazermos do teatro uma arte sempre enérgica, pulsante, em diálogo com os anseios da sociedade.

 

Confira a programação do 22º Janeiro de Grandes Espetáculos AQUI

TagsA House in AsiaCríticaJaneiro de Grandes EspetáculosTeatro
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