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Home›.Tudo›Crítica – Tenha Cuidado | Entre excessos e vazios

Crítica – Tenha Cuidado | Entre excessos e vazios

Por 4 Parede
7 de março de 2020
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Imagem – Sissel Steyae

Por Lorenna Rocha 

Licencianda em História (UFPE) e crítica cultural

 

Enquanto o público se acomodava na sala do Itaú Cultural para a performance Tenha Cuidado, de Mallika Taneja, já era possível visualizar o cenário da apresentação. Peças de roupas de cores vibrantes estavam milimetricamente dispostas de acordo com a gradação de sua paleta, organizadas em instalações que nos lembram araras de lojas de roupa. Os objetos cênicos estavam acomodados junto a uma luz âmbar que, com o anunciar do início da atividade, fora interrompida: a escuridão tomou conta do espaço e, logo em seguida, Mallika encontrava-se no palco, desnuda. Um duplo movimento de contraste é produzido nesses breves instantes: o primeiro pela iluminação; o segundo pelo excesso de tecidos confrontado pelo corpo totalmente exposto de Taneja.

De pé em frente a platéia, o silêncio verbal é explorado pela performer por longos minutos nos primeiros momentos da ação performativa. Seu olhar, como um farol, atravessa quem está presente e comunica uma série de estados emocionais, que passam gradativamente da raiva para o prazer. Encarando a todas e todos no intervalo de vazio sonoro, é nesse procedimento que também se transparece um corpo que se prepara para a cena. Ao prender seus cabelos compassadamente, ela também convida, em certa medida, o público a prestar atenção em cada um de seus gestos, subordinando-o ao tempo desse corpo feminino. 

Se por um lado essas primeiras ações alargam até mesmo a nossa percepção do tempo, por outro, o ritmo dessa primeira etapa parece se esvaziar, como se estivesse sido estendido para além do tempo da própria cena. Isso, no entanto, não prejudica a segunda etapa de Tenha Cuidado, onde se encontram os discursos narrativos sobre as questões de gênero que são centrais para a obra.

Taneja começa a interagir com as peças. O primeiro véu é exposto ao público. Com um sorriso irônico, ela começa a entrelaçar o tecido em uma de suas mãos, como se sufocasse essa parte de seu próprio corpo. Uma alegoria daquilo que estava por vir. Com a mesma dose de ironia, a performer comenta sobre situações de seu cotidiano, como o fato de não poder frequentar alguns lugares após determinados horários ou a obrigação de sempre estar acompanhada de uma figura masculina para poder transitar em determinados lugares, o que marca também traços da sociedade indiana, seu país de origem. Ao mesmo tempo, ela se veste compulsivamente, com inúmeros véus, shorts, calças, vestidos, meias, que deformam seu corpo e o escondem.

Até hoje, no imaginário machista e patriarcal, a relação entre a roupa que uma mulher veste e sua “predisposição” para ser violada parece ser uma métrica possível para se estabelecer aquela velha frase do “ela quem pediu”, como no recente caso brasileiro em que um motorista de Uber teria assediado uma menina por ela estar com um “short da Anitta”. Tais discursos promovem o processo de culpabilização e responsabilização da vítima e visam proteger os violadores e a estrutura do patriarcado. O que Mallika faz em cena é denunciar essa falácia, com humor extremamente ácido, pondo em xeque uma cultura misógina que, no final das contas, nunca estará em apoio à vítima.

Enquanto deforma seu próprio corpo com o excesso de peças de tecido e faz piadas com o fato dela “amar roupas”, que pode ser lido como um comentário do “universo feminino”, atrelado a um comportamento consumista que seria “a cara das mulheres”, ela usa da extravagância para fazer uma crítica à violência de gênero e construir, através de seus procedimentos estéticos, uma denúncia à estrutura patriarcal em que não importa o quanto a mulher preserve seu corpo, suas subjetividades, suas histórias, o quanto se auto-interdite a serviço de uma falsa sensação de segurança: eles não acreditarão em nós.

Talvez, o que falte à performance é um deslocamento sobre as noções desse discurso feminista como universal, no que tange às experiências de mulheres com outras marcas sociais, tendo em vista que esse é um corpo cisgênero em cena. Pois, repensar a formulação dessa experiência a partir de um recorte interseccional nos ajudaria a pensar nas diferenças sem separabilidade, como diz a intelectual Denise Ferreira da Silva, que foi citada pela Eleonora Fabião na mesa do Seminário Perspectiva Anticoloniais, “Das Ações”, promovendo o emaranhamento das questões de gênero (e classe, raça, sexualidade) como forma de combate (e/ou superação) à violência.

TagsLorenna RochaMallika TanejaMITspMITsp 2020Mostra Internacional de Teatro de São PauloQuestão de gêneroTenha CuidadoViolência de Gênero
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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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