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Home›.Tudo›Crítica – A Mulher Monstro | Dramaturgias da Intolerância

Crítica – A Mulher Monstro | Dramaturgias da Intolerância

Por 4 Parede
9 de novembro de 2016
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Imagens – Jorge Almeida

Por Luana Félix

Graduanda de Licenciatura em Teatro (UFPE)

Calabouço, cárcere, enxovia, ergástulo, masmorra, cela, cubículo, clausura, jaula, gaiola, penitenciária, presídio, ferros, estufilha, casa de detenção, grades, xadrez. Confinamento. Momentos de horror. Instantes de verdades cortantes destiladas sobre a superfície oca que é o nosso cérebro. Ouvem-se sussurros de fora temer e gritos intensos de volta ditadura. É tempo de chorar.

Movido por um desejo de discutir a atual cena política do país, que encontra-se tomada pelo ódio e pela indignação seletiva, a S.E.M Cia de Teatro, do Rio Grande do Norte, busca em seu espetáculo A mulher monstro, um diálogo incisivo, quase um vômito, sobre temas tabus que circulam nossas vidas diariamente. Uma MULHER monstro, que poderia ser, e é, facilmente um homem. Talvez a escolha da mulher deva-se ao fato da característica pejorativa de “tagarela”, “matraca”, “a que fala pelos cotovelos”. QUESTÃO DE ORDEM: Há momentos da peça em que ainda pode-se confundir a figura (mulher monstro) com a travesti. O que soa ainda mais pejorativo.

Apenas essa personagem protagoniza a trama. Uma mistura de monga[1] com a sua vizinha capitalista. Uma aberração social de saia longa e camisa de mangas compridas. Sua boca é tão grande que serve de porta jóias para um enorme terço, além de servir para sustentar dois terços de suas opiniões convictas e hipócritas.

Essa figura meio gente, meio bicho, ganha corpo na pessoa de José Neto Barbosa, ator que também brilhou em Borderline, monólogo que discutia questões familiares a partir da vivência de uma pessoa que possuía a síndrome de boderline, doença que leva o humano a transitar entre o limite da normalidade e da psicose. O desempenho do ator é preciso, consciente e eficiente. Inicialmente ele propõe um jogo de cena que se assemelha com as apresentações da Monga, espetáculo facilmente encontrado em parques de diversões, onde uma bela mulher sofre uma metamorfose e é transformada em macaco.  Com o rosto coberto por uma máscara com pêlos, a ator se aquece por um longo tempo dentro de uma jaula de metal, enquanto o público se organiza dentro do espaço. Ouve-se um áudio característico das apresentações de Monga, algo que relata a mutação que acontecerá ali, algo que amedronta o público. O áudio se esvazia de sentido conforme o tempo vai passando, uma vez que é repetido cerca de 30 vezes. Assim também acontece com o aquecimento do ator.

A surpresa, o medo, o encantamento pelo que virá, sentimentos pulsantes da experiência de assistir a Monga nos parques de diversão, volta a ganhar sentido, quando algo além do aquecimento começa a acontecer na cena. Bruscamente, o ator troca de roupa, substituindo a máscara e as peças íntimas que vestia, por uma saia preta na medida do joelho e uma blusa branca de mangas compridas. O jogo da Monga é interrompido pela aparição de uma mulher branca que lentamente se apresenta cuspindo um terço da boca.

Parece-me que esse é um código do diretor para informar que a peça começou. Começou e não acaba mais. É essa a sensação que a personagem transfere para o público quando começa a atirar opiniões horripilantes da sociedade midiática do século XXI. A personagem passa cerca de uma hora falando sem parar, aparentemente sobre o primeiro assunto que lhe passa pela cabeça, quase como uma máquina, em um frenesi de expurgação.

A luz é extremamente essencial na primeira parte do espetáculo. É uma coreografia executada com maestria. Ambos estão tão íntimos que não há espaço para falhas. É forte, potente, enche os olhos. Cada vez que uma luz acendia, ascendiam diversas possibilidades de interpretações do ator, que seguramente as dominava. Fazia tempo que não via tão bonito jogo entre o ator e a luz, ambos mantinham o corpo delineado no espaço. À medida que o espetáculo segue, são inseridas iluminações de LED, que de nada preenchiam o espaço, nem esteticamente, nem sensivelmente. Deve-se ater cuidado sobre o uso da luz de LED, ela causa cansaço na relação de fruição do espetáculo, além de causar incômodos reais nos olhos.

Embora o espetáculo tenha como sustentação a dramaturgia textual, construída através de recortes do conto de Caio Fernando Abreu, Creme de Alface, e dos depoimentos extraídos das redes sociais, a estrutura do texto é frágil, previsível e convencional. A escolha pela fragmentação é delicada, mas delicada ainda é a costura. Mesmo que se queira a crueza dos textos ditos nas redes sociais, eles precisam passar por um processo de maturação cênica, de poética teatral, que nada tem a ver com o lirismo, mas tudo tem a ver com a construção de uma dramaturgia. Não queira competir com a vida real, ela sempre estará anos luz a nossa frente.

A peça te relembra coisas que você já sabe que existem. Ela mostra a vida particular de figuras que você vê no shopping, nos restaurantes e nas novelas. Ela desmancha trincheiras, o ambiente urbano e o interiorano se encontram, sobretudo da reverberação do discurso da protagonista. Ela iguala as idades, quando não limitamos aquelas palavras apenas a mulheres de meia idade. E ela te faz pensar, por pelo menos três dias, sobre o nascimento da ignorância. O medo da austeridade se faz presente mesmo após o fim do espetáculo.  A peça dialoga com o tempo sombrio em que vivemos no ano de 2016. E sobretudo, nos lembra que a transgressão grita por existir em ambos os palcos, o do teatro e o da vida.

[1] Perfomance inspirada em uma metamorfose onde uma mulher muito bela se transforma em macaco apresentada geralmente em parques de diversões.

Este texto resulta de parceria entre o Quarta Parede e a Licenciatura em Teatro (UFPE)

TagsA Mulher MonstroCríticaLuana FelixOutubro ou NadaTeatro
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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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