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Home›.Tudo›Ser mulher e despir-se

Ser mulher e despir-se

Por 4 Parede
13 de setembro de 2017
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Silvia Góes

Dançarina e Pesquisadora do Corpo (Coletivo Lugar Comum)

O tecer dessa minha nudez em cena se deu num bordado de eventos dentro e fora daqui. Tive uma chance extravagante de lidar com o meu corpo nu, acordada e refletida numa dança com o tempo e envolvendo muita gente. A minha primeira experiência foi com OSSevaO, uma criação que desde o princípio se pretendia nua, mas demorou para descolonizar-se. Estávamos trabalhando solos para compor uma noite do Coletivo Lugar Comum, o que depois se tornou o espetáculo Corpos Compartilhados… OSSevaO brotava em criação como uma troca de pele, um renascimento, era o meu primeiro trabalho cênico e queria com ele um sussurro capaz de através da pele doada, entregar ao outro esse tecido poético que me envolve e me injeta vida nas veias para atravessar o caos do mundo.

Engraçado, arranquei muitas vezes a pele (usando para isso cola branca sobre o corpo todo, o que sempre exigia um tempo longo de preparação e imobilidade para ficar pronta para entrar) sem tirar a calcinha e o sutiã, essa pré-nudez ainda presa ao julgamento, incerta do seu exercício no mundo, ou pelo menos no mundo da cena. A inquietação, o que se passava comigo? Medo, timidez, vaidade, incapacidade de resposta a um machismo dominante que nos açoita de repente como coisa de dentro às vezes? Resumindo o desassossego, decidi um dia que da próxima vez não usaria sutiã. Era como se fosse um grito!

Foi quando aprovamos a circulação de Corpos Compartilhados em espaços populares na Região Metropolitana do Recife, em centros comunitários, escolas públicas… Nunca, em nenhuma condição, projetei qualquer intervenção policial nesse trabalho, exercitaria apenas o cuidado de deixar claro nos cartazes o limite de idade, exigência legal conversada e cumprida com a concordância dos outros artistas do Coletivo junto comigo no projeto.

A nudez passava a ocupar uma ordem de importância no debate que ultrapassava a intenção da obra e precisava ser evidenciada assim já nos cartazes espalhados? Era a noite, a primeira, de uma série que viria em cantos distintos de olhares vastos… Esquecemos de avisar que não era permitido fotografar e no momento em que a roupa de papel coberta de poemas meus e alheios ia se rasgando, mostrando a pele ainda escrita antes de ser arrancada também, no centro dos seios nus um ‘Sim’ que foi para sempre a palavra a ocupar esse espaço do corpo, o público quis e tirou um monte de fotografias. Agora todas aquelas pessoas tinham imagens dos meus seios nus, o que isso significava afinal? O retorno que recebi ao final dessa apresentação de duas senhoras de saias abaixo dos joelhos, de tecido grosso e camisas de botões, me ajudava a refletir… “Obrigada por mostrar a gente que o corpo é sagrado!”, foi isso que disseram… Aquilo me emocionou e moveu.

O corpo, eis que é disso que participo, dessa ideia crua que nascemos e morremos nus antes de qualquer roupa que se use aqui, herança indígena entranhada na cor e textura da minha pele, vontade de gritar a liberdade de estar sem razão para ocultar-se… Desespero poético de dar-se, fazendo do corpo esse instrumento que nos une e nos faz tão semelhantes entre nós. Bicho-gente que somos entre os deuses e deusas que trazemos por dentro.

OSSevaO é o espelhamento de OaveSSO, dentro da palavra, nesse jogo de minúsculas e maiúsculas, Eva e Osso… Eva, a primeira mulher, ela, que por sua nudez e liberdade em morder o prazer de estar, vem sendo apedrejada há tantas gerações cristãs… Ser mulher e despir-se porque simplesmente assim é, pelo direito de ser mulher e despir-se… Quanta coisa entranhada!

Em 19 de dezembro de 2015, mais de quatro anos depois da estreia, graças ao convite dos atores e produtores Asaias Rodrigues (Zaza) e Júnior Aguiar para integrar a programação do Festival Cova da Onça, em meio à natureza, céu aberto, árvores, vento, onde era só chegar e ver, OSSevaO foi finalmente encenado pela primeira vez em total nudez, do começo ao fim… Bonita e polêmica, a troca trouxe reflexões à comunidade de Camaragibe, sobre o nu, a arte, a vida, a liberdade e a mulher no mundo, numa roda de conversa que sucedeu o festival, incluindo um pai emocionado que colocou claramente o tamanho da contradição aberta em seu peito quando disse que ao mesmo tempo que se sentia tocado e compreendia como era importante estar ali ao lado da filha, também gostaria no profundo de si que sua filha não tivesse visto ‘aquilo’. Um pai em crise mansa se repensava junto.

Daquele dia em diante, eles teriam que lidar com a ideia desse corpo que em poesia tenta lutar por seu direito mais simples de existir despido e cru sendo mulher no caos do mundo. A filha, ainda lembro o sorriso em seu rosto como o agradecimento silencioso pelo encontro. A bênção imensa de tocar-nos e de sermos corpo aqui e agora é a minha maior fé na existência, e é disso que vivo, sem isso morro… Lutarei assim, desnuda e descalça, porque assim sinto a voz que chamo, em nenhuma condição, projetarei qualquer intervenção policial nesse trabalho… OSSevaO é uma performance que fala sobre a poesia de oferecer o corpo como dádiva na troca da vida… O que isso tem a ver com a violência policial e política que vivemos? Hoje, agora, apenas afirmo, lutarei assim, desnuda e descalça, até que a morte nos separe na transmutação constante do que sendo vida se faz necessário estar-se…

TagsColetivo Lugar ComumDossiê Cena e CensuraOSSevaOSílvia Góes
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Nos últimos anos, o mundo passou por transformaç Nos últimos anos, o mundo passou por transformações sociais, políticas e tecnológicas que questionam nossas relações com o espaço e a cultura. As tensões globais, intensificadas por guerras e conflitos, afetam a economia, a segurança alimentar e o deslocamento de pessoas. 

Nesse contexto, as fronteiras entre o físico e o virtual se diluem, e as Artes da Cena refletem sobre identidade, territorialidade e convívio, questionando como esses conceitos influenciam seus processos criativos. 

Com a ascensão da extrema direita, a influência religiosa e as mudanças climáticas, surgem novas questões sobre sustentabilidade e convivência.

Diante deste cenário, o dossiê #20 Território em Trânsito traz ensaios, podcasts e videocast que refletem sobre como artistas, coletivos e os públicos de Artes da Cena vêm buscando caminhos de diálogo e interação com esses conflitos.

A partir da próxima semana, na sua timeline.
#4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sob #4Parceria: Quer aprofundar seus conhecimentos sobre as histórias e as estéticas dos teatros negros no Brasil? 

Estão abertas as inscrições, até o dia 13/09, para a oficina on-line Saberes Espiralares - sobre o teatro negro e a cena contemporânea preta. 

Dividida em três módulos (Escavações, Giras de Conversa e Fabulações), o formato intercala aulas expositivas, debates e rodas de conversa que serão ministrados pela pesquisadora, historiadora e crítica cultural Lorenna Rocha. 

A atividade também será realizada com a presença das artistas convidadas Raquel Franco, Íris Campos, Iara Izidoro, Naná Sodré e Guilherme Diniz. 

Não é necessário ter experiência prévia. A iniciativa é gratuita e tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, e parceria com o @4.parede 

Garanta sua vaga! 

Link na bio. 

Serviço:
Oficina SABERES ESPIRALARES - sobre teatros negros e a cena contemporânea preta
Datas: Módulo 1 – 16/09/24 – 20/09/24; Módulo 2 (participação das convidadas) – 23/09/24 – 27/09/24; Módulo 3 – 30/09/24 - 04/10/24. Sempre de segunda a sexta-feira
Datas da participação das convidadas: Raquel Franco - 23/09/24; Íris Campos - 24/09/24; Iara Izidoro - 25/09/24; Naná Sodré - 26/09/24; Guilherme Diniz - 27/09/24
Horário: 19h às 22h
Carga horária: 45 horas – 15 encontros
Local: Plataforma Zoom (on-line)
Vagas: 30 (50% para pessoas negras, indígenas, quilombolas, 10% para pessoas LGBTTQIA+ e 10% para pessoas surdas e ensurdecidas)
Todas as aulas contarão com intérpretes de Libras
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco - Funcultura
Inscrições: até 13/09. Link na bio

#teatro #teatronegro #cultura #oficinas #gratuito #online #pernambuco #4parede #Funcultura #FunculturaPE #CulturaPE
#4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano #4Panorama: O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realizado pelo Sesc São Paulo, ocorre de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

A sétima edição homenageia o Peru, com onze obras, incluindo espetáculos e apresentações musicais. O evento conta com doze peças de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, além de treze produções brasileiras de vários estados, totalizando 33 espetáculos. 

A curadoria propõe três eixos: sonho, floresta e esperança, abordando temas como questões indígenas, decoloniais, relações com a natureza, violência, gênero, identidade, migrações e diversidade. 

Destaque para "El Teatro Es un Sueño", do grupo Yuyachkani, e "Esperanza", de Marisol Palacios e Aldo Miyashiro, que abrem o festival. Instalações como "Florestania", de Eliana Monteiro, com redes de buriti feitas por mulheres indígenas, convidam o público a vivenciar a floresta. 

Obras peruanas refletem sobre violência de gênero, educação e ativismo. O festival também inclui performances site-specific e de rua, como "A Velocidade da Luz", de Marco Canale, "PALMASOLA – uma cidade-prisão", e "Granada", da artista chilena Paula Aros Gho.

As coproduções como "G.O.L.P." e "Subterrâneo, um Musical Obscuro" exploram temas sociais e históricos, enquanto espetáculos internacionais, como "Yo Soy el Monstruo que os Habla" e "Mendoza", adaptam clássicos ao contexto latino-americano. 

Para o público infantojuvenil, obras como "O Estado do Mundo (Quando Acordas)" e "De Mãos Dadas com Minha Irmã" abordam temas contemporâneos com criatividade.

Além das estreias, o festival apresenta peças que tratam de questões indígenas, memória social, política e cultura popular, como "MONGA", "VAPOR, ocupação infiltrável", "Arqueologias do Futuro", "Esperando Godot", entre outras.

Serviço: MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, de 5 a 15 de setembro de 2024, em Santos. 

Para saber mais, acesse @sescsantos
#4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, #4Panorama: Nos dias 05, 14, 21 e 28 de setembro, acontece Ocupação Espaço O Poste, com programação que inclui a Gira de Diálogo com Iran Xukuru (05/09) e os espetáculos “Antígona - A Retomada” (14/09), “A Receita” (21/09) e “Brechas da Muximba” (28/09).

Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, 467, Boa Vista - Recife/PE), com apoio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, promove atrações culturais que refletem vivências afropindorâmicas em sua sede, no Recife/PE. 

A Gira de Diálogo com Iran Xukuru acontece em 05/09, às 19h, com entrada gratuita. Iran Xukuru, idealizador da Escola de Vida Xukuru Ynarú da Mata, compartilhará conhecimentos sobre práticas afroindígenas, regeneração ambiental e sistemas agrícolas tradicionais.

Em 14/09, às 19h, o grupo Luz Criativa apresenta “Antígona - A Retomada”, adaptação da tragédia grega de Sófocles em formato de monólogo. Dirigido por Quiercles Santana, o espetáculo explora a resistência de uma mulher contra um sistema patriarcal opressor. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Em 21/09, às 19h, Naná Sodré apresenta “A Receita”, solo que discute violência doméstica contra mulheres negras, com direção de Samuel Santos. A peça é fundamentada na pesquisa “O Corpo Ancestral dentro da Cena Contemporânea” e utiliza treinamento de corpo e voz inspirado em entidades de Jurema, Umbanda e Candomblé. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

No dia 28/09, às 19h, ocorre a 3ª edição do projeto “Ítàn do Jovem Preto” com o espetáculo “Brechas da Muximba” do Coletivo À Margem. A peça, dirigida por Cas Almeida e Iná Paz, é um experimento cênico que mistura Teatro e Hip Hop para abordar vivências da juventude negra. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso antecipado no Sympla.

Para saber mais, acesse @oposteoficial
#4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido #4Papo: O espetáculo MACÁRIO do brazil, dirigido por Carlos Canhameiro, estreia no TUSP Maria Antonia e segue em temporada até 1º de setembro de 2024. O trabalho revisita o clássico Macário, de Álvares de Azevedo (1831-1852), publicado postumamente em 1855. Trata-se de uma obra inacabada e a única do escritor brasileiro pensada para o teatro.

Para abordar o processo de criação da obra, o diretor Carlos Canhameiro conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Macário é uma peça inacabada, publicada à revelia do autor (que morreu antes de ver qualquer de seus textos publicados). Desse modo, a forma incompleta, o texto fragmentado, com saltos geográficos, saltos temporais, são alguns dos aspectos formais que me interessaram para fazer essa montagem’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
#4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário #4Papo: O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. 

Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.

Para abordar os principais temas e o processo de escrita do livro, o autor rodrigo de odé conversou com o Quarta Parede. Confira um trecho da entrevista:

‘Em Elegbára Beat, a figura de Exu também fala sobre um certo antagonismo à crença exagerada na figura da razão. Parafraseando uma ideia de Mãe Beata de Yemonjá, nossos mitos têm o mesmo poder que os deles, talvez até mais, porque são milenares. Uma vez que descobrimos que não existe uma hierarquia entre mito e razão, já que a razão também é fruto de uma mitologia, compreendemos que não faz sentido submeter o discurso de Exu ao discurso racional, tal como ele foi concebido pelo Ocidente. Nos compete, porém, aprender o que Exu nos ensina sobre a nossa razão negra’

Para ler a entrevista completa, acesse o link na bio.
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